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- ATUALIZADO – Futuro diretor de Guardiões da Galáxia faz cagada e esconde a mão

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… sério, acho que esse é o título de post mais Meia-Hora que eu já fiz na vida.

Sabe o James Gunn? É, o cara que está pra dirigir o filme dos Guardiões da Galáxia pelo Marvel Studios? Pois então, ele tem um site. Legal, né?

E aí nesse site ele gosta de soltar umas bobagens irrelevantes sobre a vida dele e outras besteiras. Daí que, aparentemente, uma vez por ano ele faz uma enquete para elencar os 40,5 50 super-heróis que você, leitor, gostaria de levar pra cama. É, dar uns fócks e tal.
Acontece que o cara era um zé ninguém, e a sua listinha besta (cuja última – e polêmica – foi publicada em fevereiro do ano passado) não fedia nem cheirava. Aí começou a ficar famosinho, virou chégas do Joss Whedon e coisa e tal, e geral começou a prestar atenção no cidadão. O que acabou jogando a merda no ventilador.

Isso porque, na sua citada listinha do ano passado, composta por personagens como Mulher Maravilha, Bátema (ê Corto… Peloamordedeus, viu?) alguns personagens foram descritos de maneira… digamos, pouco lisonjeira.

Algumas de suas declarações mais discriminatórias geraram controvérsias pesadas, por trazerem coisas como “Subindo um total de 24 posições, Tempestade é mais uma vez a nossa melhor classificada mulher de cor, e considerando que a maioria das outras mulheres de cor nesta lista são verdes, azuis ou rosas, é uma façanha.” ou “Batgirl (Stephanie Brown) É mãe solteira e tudo, daí você sabe que ela é fácil. Vá em frente” ou, aquela considerada pior de todas: “Posição 32: Batwoman. Esta personagem lésbica foi votada quase que exclusivamente por homens. Eu não sei exatamente o que isso significa. Mas estou esperando por um crossover Marvel-DC para que Tony Stark possa ‘fazê-la’. Ela também pode ter tido sexo com o Asa Noturna e ainda ser tecnicamente considerada uma lésbica.”

Racismo, homofobia, misoginia… Esse post do Gunn provavelmente cairia no limbo dos posts rosquinhas de merda (vergonhosos sim, mas perdidos e esquecidos), se não tivesse sido descoberto e replicado aos borbotões por Tumblrs e outros sites/blogs sobre quadrinhos, até que o autor/diretor decidisse simplesmente tirar a página do ar, o que não fez a menor diferença para o cache do Google (vejo James Gunn ruminando: “Meu plano teria dado certo se não fossem esses garotos intrometidos com seu cachorro e esse maldito cache do Google!”).

Cara, tô com a Susana Polo do The Mary Sue: não tem problema fazer uma lista com personagens ficcionais que você gostaria de levar pra cama – ainda mais quando essa lista topa ser “inclusiva” a ponto de considerar, por exemplo, a existência no mesmo ranking de personagens de ambos os gêneros, competindo em pé de igualdade (o Batman do Corto ficou em segundo, enquanto que o Gambit, em quinto). O problema é a infelicidade suprema dos comentários que apresentam os participantes. A vulgarização da mulher que topa o sexo (a Batgirl) ou a insinuação de que tudo que uma lésbica precisa é ser “bem comida” são terríveis. É praticamente uma apologia ao estupro corretivo e àquelas justificativas de “é claro que ela foi estuprada. É uma vagabunda!” etc, etc, etc, resultado do normatismo machista mais retrógrado e tacanho.

Feio para um cara jovem ter idéias tão atrasadas assim, ainda mais para alguém em ascensão e com um provável bom futuro pela frente. Tomara que tome uma enrabada por conta disso e tenha de, pelo menos, se retratar publicamente.

E não. Eu não estou sendo contraditório escrevendo um post desses e sugerindo que ele seja currado corretivamente. Tô sendo é irônico mesmo, antes que perguntem…

–ATUALIZAÇÃO–

O Newsarama publicou uma nota do próprio James Gunn, vinda do Facebroca do cara, em que ele acabou se retratando dos comentários infelizes que fez:

“Um par de anos atrás eu escrevia um blog que era para ser satírico e engraçado. Relendo-o esses dias, eu não acho que seja engraçado. A tentativa de humor no blog não representa meus sentimentos reais. No entanto, posso ver onde declarações foram mal formuladas e ofensivas para muitos. Eu sinto muito e lamento por todos.

As pessoas que estão familiarizados comigo, como evidenciado pela minha página no Facebook e outras mídias, sabem que eu sou um defensor sincero dos direitos da comunidade gay e lésbica, mulheres e quaisquer pessoas que se sintam marginalizadas, e me dói que alguém de fora, que é como eu, apesar de seu sexo ou sexualidade, possa sentir-se ofendido ou atacado por algo que eu disse. Estamos todos no mesmo barco, e eu quero fazer o meu melhor para tornar este mundo um lugar melhor para todos nós. Estou aprendendo o tempo todo. Prometo ser mais cuidadoso com minhas palavras no futuro, e vou fazer o meu melhor para ser mais engraçado também. Muito amor para todos.” – James Gunn

Negada, e agora, José? Bem, uma parte importante do dado acaba sendo sanada com essa retratação pública – que era a aparente tentativa de empurrar tudo pra debaixo do tapete fingindo que nada aconteceu. Concordo com o Gunn que esse terreno das minorias sociais, é um tanto espinhoso e a gente acaba passível de derrapadas, principalmente quando se mete em direitos que não compreende bem – geralmente aqueles que não nos atendem diretamente, como a luta feminista ou LGBT.
Lindas as desculpas, né? Mas tem um problema sério aí: eu realmente não consigo ver suas declarações como meras derrapadas, nem como se fossem “só humor” e pronto. São graves demais pra isso. Inclusive esse final da mensagem do cabra, esse “Muito amor pra todos” (Much love to all), acende o meu ironic mode. Sei não dessas desculpas. Mas ficam registradas aí, pra ser minimamente justo.



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