Mesmo não sendo um grande fã dos jogos, aprendi a não levar os filmes da série Resident Evil a sério. Ele é um dos representantes da lei universal das adaptações de merda que cagam na história e nos personagens dos jogos— e é por isso que desisti a franquia já no segundo longa. Porém, como negar um ingresso para a pré-estreia de Resident Evil 5: Retribuição no IMAX na faixa? Pois se eu tivesse feito isso, teria me livrado de uma das piores produções deste ano.
Serei direto: o filme é uma bosta podre. Talvez não pior do algum de seus antecessores, mas estúpido o suficiente para ofender a inteligência até mesmo do mais capivara dos espectadores. O diretor Paul Anderson segue a escola Michael Bay de direção, ou seja, dezenas de cenas de ação sendo costuradas por algo que deveria ser uma história. Porém, esse quase enredo é tão fraco e vazio que você fica o tempo inteiro tentando entender o porquê disso tudo. Em resumo, todas as cenas são desculpas para troca de tiros, explosões ou uma pancada extremamente coreografada, exagerada e desnecessária — mas que a galerinha massavéia adora.
Se você já perdeu tempo assistindo a algum dos filmes anteriores, já sabe qual o “roteiro” de Retribuição: a Mila Jovovich é capturada pela mais uma vez pela Umbrella, aprisionada (novamente) sabe-se lá por que em uma base submarina e precisa fugir (de novo) de zumbis e soldados enquanto passa por simulações das principais capitais do planeta.
Aí está um dos pontos que mais me irritou. Além do roteiro extremamente fraco e que não se desenvolve em momento algum, Paul Anderson teve a “brilhante” sacada de referenciar o mundo dos jogos ao tratar cada um desses locais como uma fase de videogame — com direito à “vilã” que solta frases de efeito para dizer que o jogo já começou. Porém, essa brincadeira com o mundo dos jogos é desnecessária, infantil e extremamente forçada, sendo equivalente ao “Game Over” de Raul Julia em Street Fighter: The Movie.
E de que adiantar prestar essa “homenagem” à estrutura de um jogo quando você não respeita a caralha da essência da série? A impressão dada em Retribuição, assim como em qualquer um dos Resident Evil anteriores, é que a noção de adaptação de Paul Anderson se limita a jogar os personagens dos games com o mesmo nome e aparência, mas cagando para sua história e demais características.
É por isso que a impressão que temos ao longo de todo o filme é que estamos diante de um monte de cosplays que não fazem ideia de como reagir. Quem jogou certamente vai reconhecer Leon, Ada ou Jill, mas apenas na parte visual, já que eles estão bem diferentes daquilo que você viu nos videogames. Sabe aquela dualidade por trás de cada palavra de Ada Wong? Aqui ela é substituída por uma atuação péssima de uma chinesinha que acha que precisa explicar sete vezes cada merda que aparece em cena.
Mas os personagens não falham apenas na caracterização, mas em seu próprio desenvolvimento na história. Todos eles são extremamente descartáveis e ninguém — seja dentro ou fora da tela — se importa quando eles morrem. Como dito, eles existem apenas para justificar as cenas de ação. Isso porque não entro no mérito de um personagem morrer e voltar a aparecer na cena seguinte como se aquilo não tivesse acontecido.
Zumbis soviéticos também dão risada
E por falar nelas, não posso deixar de dar os parabéns para Paul Anderson pelo “excelente” trabalho na hora de ser o novo Michael Bay. Todos os confrontos são exagerados e com situações extremamente forçadas — seja com monstros gigantes que surgem do além ou com zumbis soviéticos que andam de moto. Nenhuma dessas cenas convence e, por mais pirotécnicas e colossais que elas sejam, não empolgam.
Até mesmo a luta final entre Alice e Jill é ruim. Ela é excessivamente longa e com situações ridículas, como os golpes com raio-x que mostram o dano na pessoa, como em Mortal Kombat. Um recurso extremamente massavéio que serviu apenas para criar um humor involuntário e arrancar risadas do público.
Por fim, Resident Evil 5: Retribuição falha não apenas como adaptação, mas também como cinema. Ele é vazio do início ao fim e não agrada nem mesmo quem desconsidera sua ligação com os jogos ou nunca ouviu falar deles. Os únicos que devem gostar são as putinhas do Michael Bay que deliram a cada explosão. Neste caso, eles têm mais é que se foder mesmo.
Nota: 1 (só pelo 3D do IMAX mesmo)
Por Netsuke
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