Será possível que Nolan conseguiu superar seu segundo filme do Bátema? Será? Será?
NÃO, bwahahahaha
O Cavaleiro das Trevas Ressurge é um ótimo filme, sim, e em alguns pontos considero até melhor que os anteriores, mas ao mesmo tempo pecou um pouco por ser mais convencional do que eu esperava.
Se Begins trouxe essa versão do Batman como novidade e Cavaleiro das Trevas mostrava quais limites o herói cruza para salvar sua cidade, dessa vez Nolan traz apenas consequências ou continuações de ameaças anteriores, sem nada de realmente inovador, para concluir sua saga. Há uma nova e marcante personagem (Selina Kyle), um novo vilão, novidades tecnológicas, mas numa trama menos surpreendente do que os anteriores.
O filme começa 8 anos após o anterior, com uma Gotham que não precisa mais do Batman: a “heróica” morte de Harvey Dent abriu caminho para abolir leis e burocracias que possibilitaram que a policia, liderada por James Gordon, livrasse a cidade do crime organizado.
O plano de Batman e Gordon surtiu efeito, Dent virou o mártir e símbolo que salvou a cidade, mas a morte de Rachel e o fim das atividades do homem morcego transformaram Bruce Wayne num “eremita” dentro de sua mansão. Uma baita mudança de atitude, não? O cara era um playboy extravagante e de repente, do nada, ficou tão recluso ao ponto de sequer dar uma ligadinha uma vez por mês pro seu camarada Lucius Fox pra tomar ciência do andamento da empresa que comanda? Ok, relevemos isso..
Até que a aparição da astuta ladra Selina Kyle e a volta da Liga das Sombras, agora liderada pelo terrorista Bane, acordam o apático Bruce para a vida novamente, trazendo Batman de volta a ativa.
Apesar de reclusão extrema de Bruce nesses 8 anos tenha me soado exagerada, até a cena no estádio de Gotham (o famoso bingo do Bane, bwahaha) o filme fluiu muito bem, com uma pegada mais super heróica, acho até que bem mais próxima do Batman dos quadrinhos que o Nolan jamais chegou na trilogia, e muito o que se destacar positivamente.
A “mulher gato” de Anne Hattaway está sempre a um passo de roubar a cena de vez pois suas aparições são ótimas, Michael Caine dá um show de interpretação na cena mais tocante do filme, a ação é empolgante e, mesmo face a uma grande ameaça que está surgindo e com Wayne “saindo da depressão”, temos várias tiradas que me arrancaram risadas, a grande maioria fazendo referência aos filmes anteriores, mas com um humor sarcástico, sem cair na galhofa.
A partir do “bingo do Bane” o ritmo muda bastante, e os maiores protagonistas perdem espaço temporáriamente para destacar principalmente John Blake, o policial vivido por Joseph Gordon-Lewitt, que se sai muito bem no papel, e o vilão Bane, que embora tenha cumprido bem a função de um adversário físico para o Batman, pra mim foi um ponto fraco do filme.
Tom Hardy teve uma tarefa ingrata, é verdade: interpretar o grande vilão do filme após a ausência do Coringa de Heath Ledger e, ainda por cima, com uma desgraça duma “máscara de Hannibal” que cobria a maior parte da cara e com voz, respiração e, por vezes até, atitude, de Darth Vader.
Mas o grande problema é que seu plano para Gotham, por mais bem engendrado que fosse, carecia de uma motivação convincente e por vezes soava sem sentido. Porque diabos um rejeitado pela Liga das Sombras retomaria a idéia da destruição de Gotham? Justamente da forma que eu esperava, por sempre acompanhar e noticiar aqui coisas sobre o filme, tudo acabou explicado, mas de uma forma que não se preocupou em manter uma importância maior pro vilão.
Com isso, os heróis (Batman, Gordon e Blake, principalmente) e a anti heroína Selina Kyle acabaram tendo bem mais destaque, pois embora pra mim o vilão deixasse a desejar, reverter a situação em que Gotham foi colocada era um desafio que se tornava cada vez mais impossível. Ainda falando do Bátema, esse filme me pareceu exigir bem mais de Christian Bale, pois o herói passa por 4 etapas diferentes na trama, e o ator se saiu bem.
Um mérito de Nolan nesse filme foi não ter cometido nenhuma cena do tipo das que me irritavam nos anteriores, como o Batmóvel atravessando tranquilamente telhados centenários de telhas de barro ou a “moto bate e volta”… se bem que… o último momento da tetéia Marion Cotilard no filme é patético, bwahahahaha, digno de uma framboesa de ouro.
Ao final, Nolan realmente nos entregou uma belo e tocante fechamento da trilogia, uma “última história do Batman” coerente com sua versão do personagem, e que me agradou bastante. Não superou o anterior, mas chegou bem perto. A ação está melhor, as atuações, com exceção do vilão principal, estão tão boas, senão melhores, que dos filmes anteriores e finalmente temos um grande herói dos quadrinhos nos cinemas com uma jornada completa e bem realizada.
Nota: 9,5