Pois é, nerdaiada maldita, acho que muitos de vocês, jovens criados a leite com pera e ovomaltino já receberam a tarefa de assistir e resenhar esse filme na escola...
Ou não, vai saber como anda o nível da educação hoje em dia... Mas na época que eu era um aborrescente, nos anos 80, isso era uma prática comum... Lá fomos nós pro auditório da escola assistir um filme com uns padres, sobre um mosteiro na idade média, sem guerras, sem batalhas, sem exércitos... imaginava eu que seria um porre e uma ótima oportunidade pra dormir por quase duas horas...
Ledo engano, o filme de 1986, baseado no romance homônimo de Umberto Eco (um dos maiores críticos e escritor da nossa época) era tenso, e revelou uma trama cheia de assassinatos, conspirações e figuras bizarras que acabou prendendo minha atenção o tempo todo, e me ensinou que um filme sobre a Idade Média, pra ser legal não precisa ter guerras, espadas e lanças trespassando corpos (apesar disso ser muito legal também).
Com o passar do tempo, e com o acúmulo de cultura e conhecimento, fui percebendo que O Nome da Rosa era muito mais do que um filme sobre assassinatos num mosteiro, ele trazia um retrato fiel a época, mostrando a Igreja no uso de seu maior instrumento de dominação, o cerceamento do conhecimento!
Vimos a iniciativa cruel de homens poderosos em manter a todo custo os dogmas religiosos, mesmo que pra isso tivessem que agir contra tudo o que pregavam... uma discussão tão antiga e ainda hoje tão atual...
O filme teve um elenco primoroso, com grandes atuações de Sean Connery, F. Murray Abrams e até o novato Christian Slater... Connery ganhou o BAFTA de melhor ator por sua interpretação de Guilherme de Baskerville... Mas apesar disso o próprio umberto Eco não gostou muito do elenco do filme...
Ele temia que o passado de Connery, como ator de ação, acabasse por transformar o personagem literário (uma homenagem a Sherlock Holmes e Guilherme de Occam) numa espécie de 007 medieval.
O Nome da Rosa teve um desempenho pífio nas bilheterias americanas, e fez um relativo sucesso na Europa, mas apesar disso ganhou elgios da crítica cinematográfica dos dois continentes, se firmando como um dos grandes filmes de todos os tempos.
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