
Quando você acha que a coisa tá melhorando, evoluindo, vem um burocrata qualquer e ferra com tudo.
Para quem não sabe, existe um programa do governo federal chamado PNBE - o Programa Nacional Biblioteca da Escola, criado e mantido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). O programa existe para selecionar, adquirir e distribuir materiais para as bibliotecas das escolas públicas Brasil afora.
Anualmente o MEC libera uma lista de produções que comporão o "pacote" do projeto no ano seguinte.
O lance é que, desde 2006, os quadrinhos estavam lá, firme e fortes. Como a miopia sempre foi grande, imperaram as adaptações literárias (algumas de gosto duvidoso) nessas seleções. Isso gerou a entrada de muitas editoras que nunca trabalharam com quadrinho no mercado, produzindo ou traduzindo aos borbotões adaptações de clássicos da literatura mundial (e dá-lhe porcaria pra pegar o filão. Galera/Record, eu escolho você!).
Na lista do PNBE do ano passado (2010/2011) foram 30 os títulos de quadrinhos (sendo que Pequenos Milagres, Retalhos, Quilombo Orum Aiê - do bróda André Diniz, Necronauta - do outro bróda Danilo Beyruth, Demolidor: o homem sem medo e MSP50 estavam na lista). Agora a lista 2011/2012 foi divulgada e, entre os títulos, apenasmente SETE (sim, sete) são de quadrinhos! Eita pau pereira!

As adaptações de Drácula (Bram Stoker) e Frankestein (Mary Shelley) acompanham Turma da Mônica: Romeu e Julieta, A Turma do Pererê: 365 dias na Mata do Fundão, Aya de Yopougon, Bando de Dois (aê, Beyruth! É bicampeão!) e O Ratinho se Veste.

Cara, e aí? Negada, desde a inserção dos quadrinhos no PNBE que tem-se visto dois movimentos paralelos e antagônicos: primeiro, o ataque (irracional e burro) muitas vezes às histórias em quadrinhos, como se fossem sub-literatura, apenas uma ponte de acesso à leitura de verdade e, o pior, a incapacidade de alguns pais e professores em entender que, não é só porque tem um monte de ilustrações que toda HQ é para crianças e; segundo, um movimento de aumento estrondoso da produção e publicação de quadrinhos, visando justamente garfar uma vaga no programa e vender algumas milharezinhas de unidades.
Apesar de opostos, os dois movimentos tinham suas vantagens óbvias: aumentar a necessidade de uma leitura crítica não só dos conteúdos mas do próprio formato das HQ's e, aumentar a própria produção em si. Ainda que esse aumento da produção venha cheio de porcarias, é preciso gerar "lixo" para que os materiais de real qualidade tenham espaço para emergir. Se ninguém publica quadrinhos, a chance de um "Dom Quixote" da Nona Arte ver a luz do dia é ínfima. Nos dois casos, o resultado é um amadurecimento do mercado e dos leitores de HQ no país.
A mudança no PNBE para o ano que vem é um balde de água fria em todo mundo. E mostra que, ao contrário do que estudiosos e leitores mais atentos pensavam, a mudança de olhar sobre o formato era só superficial e nós, brasileiros e brasileiras, ainda temos muito de pensar. Uma pena.

Santa bola fora, Bátema!
A fonte dessa postagem não podia ser outra que não o Blog dos Quadrinhos, do Paulo Ramos.
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