Faleceu de causas naturais sábado, dia 10 de setembro, o ator Cliff Robertson (cujo verdadeiro nome era Clifford Parker Robertson III), mais conhecido no meio nerd como o Tio Ben da trilogia Homem-Aranha de Sam Raimi.
Além do tio de Peter Parker (que agora será vivido por Martin Sheen) Cliff Robertson, que já estava com 88 anos, era um respeitado ator de Cinema. Ele viveu uma grande ascenção na carreira nos anos 50 e 60. Fez sua estréia na telona no clássico Férias de Amor de Joshua Logan em 1955 e no ano seguinte interpretou seu primeiro protagonista no suspense Folhas Mortas de Robert Aldrich, ao lado de Joan Croawford.
Em 1963 foi escolhido pelo próprio John F. Kennedy para interpretar o presidente na juventude quando ele era tenente da Marinha no filme JFK - O Herói do 109. Em 1968 chegou ao auge vivendo o personagem título do drama de ficção científica Os Dois Mundos de Charly, baseado no best-seller de Daniel Keyes, Flores para Algernon.
Numa pungente interpretação, premiada com o Oscar de Melhor Ator, Robertson deu vida a um homem de 32 anos com retardo mental que, por amor a sua professora, se submete a uma cirurgia experimental (testada antes no ratinho Algernon), que o torna um gênio. Infelizmente, ele descobre mais tarde que assim como aconteceu com Algernon, a sua condição regredirá ao que era antes...
Em 1970, Cliff estrelou com Henry Fonda e Michael Caine o clássico de guerra Assim Nascem os Heróis, de Robert Aldrich, sobre a disputa entre militares britânicos e japoneses por um arquipélago do Pacífico Sul na Segunda Guerra.
Ainda nessa década, o futuro Tio Ben vivenciou uma situação que ilustra bem a famosa frase proferida por seu personagem nas histórias do Homem-Aranha ("Com grandes poderes vem grandes responsabilidades").
Ele teria tido sua carreira boicotada no Cinema por ter denunciado o chefão da Columbia Pictures, David Begelman, por falsificar um cheque de 10.000 dólares em seu nome. Begelman, que teria se apossado ilegalmente de 60.000 mil dólares foi preso graças a denúncia, mas o ator só voltou a trabalhar nos anos 80 e sua vida profissional nunca mais foi a mesma.
Curiosamente em 1996 viveu mais uma vez um presidente dos EUA em Fuga de Los Angeles, a descartável continuação do clássico oitentista Fuga de Nova York, ambos estrelados por Kurt Russel.
Em 2002 saiu do ostracismo ao encarnar seu último papel marcante nos cinemas na Trilogia Homem-Aranha. Dando vida ao mitológico personagem que foi pai e grande mentor de um dos maiores super-heróis de todos os tempos, o ator virou o tio favorito de toda uma geração.
Cliff foi casado duas vezes e deixou dois filhos. Ele adorava aviões.
Dizem que entrar na vida íntima de um artista que você goste pode ser uma decepção.
As pessoas reais nunca serão o ideal que ela pregam nas telas, mas gosto de pensar que Cliff Robertson é uma bela excessão a regra.
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