
Ou quase isso. Dá pra falar que é Dylan Dog mesmo?
Então negada, este fim de semana, demonstrando que não tenho nenhum amor ao meu tempo ou coisa que o valha, fui assistir Dylan Dog e as criaturas da noite (Dylan Dog: Dead of Night), com Brandon "Cêra" Routh. Como a ideia desde o início era fazer um review, fui criterioso e procurei primeiro na locadora do Ultra pelo Dellamorte Dellamore (Cemetery Man), filme de 1994 que muita gente diz ser a melhor "adaptação" de Dylan Dog para os cinemas. Assim, juntei a patroa e fomos assistir a ambos os doises longametragens. Vamos a eles então!
Dellamorte Dellamore
(Cemetery Man - 1994, coprodução franco-ítalo-alemã, com Ruppert Everett, François Hadji-Lazaro e Anna Falchi. Com Michele Soavi na direção e Tiziano Sclavi no argumento)

Ruppert Everett é Francesco Dellamorte, o administrador do cemitério de uma pequena cidade italiana (pequena mesmo). Suas companhias são, além dos mortos, o deficiente Gnaghi (François Hadji-Lazaro) e uma velhota que diariamente passeia pelo cemitério. Porém, algo estranho acontece nesse cemitério: sete dias depois de mortos, os defuntos voltam a vida como zumbis ávidos por carne humana viva! Mandá-los de volta para o outro lado do mistério é mais uma das atribuições de Dellamorte, tão rotineira (e enfadonha) quanto todas as outras. Até que uma viúva fresca chega (Anna Falchi, boa pra dedéu), com quem Francesco se envolve e de quem a chegada desgringola tudo.

Vamos aos pontos básicos. Dellamorte Dellamore, apesar do "D" duplo, não é um filme de Dylan Dog. Francesco Dellamorte se veste como o personagem, dirige um fusca branco como Dylan, e divide com ele a mesmíssima cara, mas ele não é Dylan Dog. As semelhanças com o Detetive do Pesadelo se restringem única e exclusivamente ao visual e à baqueta de Tiziano Sclavi, pai de um e de outro. E só.

Tendo isso em mente com bastante clareza, já solto de cara o papo reto: Dellamorte Dellamore é ruim pra cacete. Está no meu Top 3 de "piores filmes que eu assiti até o final", e divide o pódio com os outros dois ("Pink Flamingos" e "El Topo") pela mesma razão que eles: é um filme completamente sem sentido. Os intelectualóides que pleiteem que os três são ricos de simbolismo e verdades ocultas, que engulam que na verdade não passam de cenas aleatórias unidas não por um roteiro, mas por uma ideia de uma linha.

O humor-horror-gore de Dellamorte... é chato, as cenas se seguem sem motivo, sem explicação, sem desenvolvimento. A mulher amada aparece, morre, volta como zumbi, reaparece em outras mulheres, morre e nada faz diferença. Há cenas patéticas, dignas do terrir (terror + rir) mais pastelão (geralmente as protagonizadas por Gnaghi, que chegam a lembrar o Feioso d'A Família Addams).

O filme é irritante, não respeitando sequer as bases que ele mesmo estabelece - como o falecido marido de Anna Falchi ressuscita duas semanas depois de ter morrido? Dellamorte Dellamore é o típico filme que você assiste até o fim só pra entender a história, e não entende - porque não tem o que entender, caceta! Triste a cena final, que tenta dar um ar de grandiosidade para o que não tem grandiosidade nem profundidade nenhuma. Um porre.

Pontos positivos? Anna Falchi, Anna Falchi pelada... Ah, isso eu não podia deixar de dizer, tem umas tomadas MUITO boas, e Ruppert Everett é exatamente Dylan Dog no shape. Ou Dylan Dog é exatamente Ruppert Everett... Enfim você entendeu.
Nota: 0 (agradeçam a Anna Falchi por não ser uma nota negativa).
Dylan Dog e as Criaturas da Noite
(Dylan Dog: dead of night, 2011, EUA, com Brandon Routh, Sam Huntington, Anita Briem, Peter Stormare, Taye Diggs. Com Kevin Monroe na direção; Thomas Dean Donnelly e Joshua Oppenheimer nos roteiros)

Dylan Dog (Brandon Routh) e seu amigo Marcus (Sam Huntington) têm um pequeno negócio de investigações particulares em Nova Orleans, EUA. Infidelidade conjugal é o prato do dia, até que uma misteriosa figura monstruosa mata um importabandista de antiguidades, o que leva sua filha Elizabeth (Anita Briem) a trazer a tona o obscuro passado de Dylan e colocá-lo às voltas com uma investigação muito mais sinistra do que esperava, com vampiros, lobisomens, zumbis...

Pelo menos no nome, a produção de Kevin Monroe é um filme de Dylan Dog: Brandon Routh (numa interpretação séculos à frente do seu Superman, mas ainda longe de ser memorável) se chama assim, se veste como ele, usa um revólver antigo como o personagem italiano e dirige um Fusca cabriolé como ele.
E assim como Dellamorte... as semelhanças entre filme e quadrinho não passam do visual. Dylan Dog e as Criaturas da Noite (CdN, pra encurtar) tem várias referências - o próprio Dellamorte Dellamore é uma delas, assim como MiB(!), Constantine, Vampiro: a máscara, Blade, Hellboy, A lenda do Cavaleiro sem cabeça... Mas, tristemente, os volumes de quadrinho do Detetive do Pesadelo não estão entre elas.

Kevin Monroe pode reclamar não ter tido grana para usar o Groucho ou filmar em Londres, mas mesmo que ele tivesse recursos, acabaria não entregando um filme digno. Admito que Marcus cumpre razoavelmente o papel de alívio cômico irritante, e como Nova Orleans nem se pronuncia nas mais de uma hora e meia de filme, ser ou não Londres também não fede nem cheira. O problema de Monroe é que ele não conhece, aparentemente nunca leu o material que se meteu a adaptar. Seu Dylan Dog é o Dylan Dog que ele ouviu falar sobre.

Oras! Os quadrinhos da Bonneli são bastante reverentes ao cânone do terror: zumbis são burros, acéfalos comedores de pessoas, por exemplo. Dylan não é um entendido desse mundo das trevas - muito mais, ele é um cara disposto a acreditar no impossível e peitá-lo. Só. No mais, ele sabe tanto das criaturas das trevas quanto nós.Inexplicavelmente, Kevin Monroe transforma o Detetive do Pesadelo num árbitro, um juiz de paz do mundo espiritual, enche o mundo de seres das trevas vivendo disfarçados entre os humanos, cria zumbis inteligentes, vampiros elegantes,lobisomens tribais... Unff.

Tudo isso pra entregar um filme boboquinha que, a exemplo de Constantine, poderia se chamar "Joaquim Xavier, o caçador de monstros" que dava na mesma. Cara, eu sei que as vezes o Dylan das HQ's salva o dia sem querer, meio acidentalmente, mas no filme ele sequer razão de existir!

Pontos positivos? Difícil, hein? Bem, por mais boboca e interrompida por piadinhas que seja, CdN tem um roteiro, com início, meio e fim, coisa que Dellamorte, por exemplo, não tem. Já é um ganho. Tá que a gente tem de levar em consideração a qualidade da história, né? Mas eu ainda prefiro uma história ruim a história nenhuma.
Por incrível que pareça, de toda a trama, Marcus é o que menos incomoda. De tudo. Pra você ver o nível da parada...
Nota: 4
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