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A gente lemos: Seis mãos bobas

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Ah, como eu adoro as HQs para livrarias...



Um problema grande em se resenhar alguma obra é a disponibilidade - não tem sentido nenhum eu escrever uma resenha elogiando o encadernado de Prelúdios e Noturnos do Sandman pela Conrad, você ficar babando de vontade de ler e não achar porque o material já se esgotou há tempos. Quando se fala em quadrinhos de banca, sobretudo, isso torna mesmo impossível a resenha se ela não for imediata. No caso das HQs para livraria, acaba existindo uma disponibilidade maior da obra para o leitor. O que me permite, tranquilamente, resenhar agora um álbum lançado em 2006 contendo material dos anos 80!



Editado por Toninho Mendes e lançado pela parceria Jacarandá/Devir, Seis mãos bobas reúne trabalhos colaborativos feitos pelos grandes nomes da extinta editora Circo: Laerte (hoje Dona Sônia), Angeli e o falecido Glauco. Em termos de quadrinhos, nada é inédito, tudo foi lançado anteriormente nas revistas Chiclete com Banana e Geraldão, nos anos 80.



São 17 trabalhos, de HQs a charges, feitas nos mais diferentes arranjos daquele ménage a trois underground: é Laerte com Glauco, Glauco com Angeli, Angeli com Laerte... Numa das HQs, até o próprio Toninho Mendes (que na época era o editor da Circo) entra nessa suruba, e colabora com Laerte na HQ "O Míssil".



Falar do trabalho desses três é chover no molhado - qualquer sujeito que se pretenda conhecedor de histórias em quadrinhos pode até não gostar, mas em algum momento terá passado pelo trabalho deles. Em Seis mãos bobas, tudo está lá: a acidez suja do Angeli, que se sobressai na charge "Paulista também trepa" (em parceria com Laerte), por exemplo; a louca bizarrice do Glauco ("Deu no New York Times", também com o Laerte) ou a fineza do trabalho do próprio Laerte (num traço quase irreconhecível em "Do sujeito que queria entrar pra História", dividida com Angeli). E tudo está lá mesmo: para quem acompanhava o trabalho dos três mais de perto nos anos 80, não há muita novidade - como leitor da Chiclete com Banana, já conhecia quase todas publicadas na revista - mas é divertido se ver rindo novamente das mesmas piadas, mesmo que delas para hoje já se tenham passado quase trinta anos.



Ainda que o mais conhecido trabalho do trio não esteja presente (Los Tres Amigos, reservado para uma edição própria), o álbum traz um material extra que é simplesmente sensacional: em 2005, quase vinte anos depois da maioria daquelas histórias, Toninho Mendes procurou os três canalhas para saber deles as histórias por detrás das histórias, ou seja, como cada uma daquelas HQs surgiu. Eu passei mal de rir ao saber por que o Angeli não entrou na homenagem ao Henfil - pelo menos a versão do Glauco para a ausência do amigo.

No fim, Seis mãos bobas é uma excelente antologia de três grandes quadrinhistas - não encerra toda a obra deles, mas atiça a vontade, naquele que não conhece o material, de ler mais. Palmas ao Toninho Mendes e, obviamente, palmas a esses três sacanas!

Seis mãos bobas, editora Jacarandá/Devir, 72 páginas (preto e branco), R$ 22,00 (em média).

Nota: 10

Acima, "Lingerie" uma das HQs mais fodas do álbum


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