
Nossos leitores mais jovens não vão se lembrar, mas muito tempo atrás a editora Panini Comics iniciou uma revolução...
Foi no longínquo tempo conhecido como fevereirode2010, quando a "editora" anunciou os primeiros passos de sua Revolução. Muito se especulou à época, pessoas com fontes "seguras" e "quentes" falavam de impressão sob demanda e e-commerce - estavam erradas.

Porque no final das contas, a grande revolução não passava de redução de páginas e um retorno ao preço antigo, como se concretizou em maio de 2010.

Num resumo (vamos usar a revista da Liga da Justiça como exemplo porque quero falar dela mais à frente), aconteceu o seguinte: a revista custava R$ 7,95, tinha 96 páginas e quatro revistas gringas no mix. Após a "revolução", o preço passou a R$ 6,50, ficou com 84 páginas e três revistas gringas no mix. Não entendeu o peso da revolução? Transcrevo o que a própria editora publicou, à época (Liga da Justiça #90, maio de 2010 - os grifos são deles):
(...) Pois, a partir deste mês, um novo e grandioso momento de transformação acontece: os principais títulos mensais foram reformulados, passando a ter 76 páginas e uma considerável redução no preço de capa: de R$ 7,95 para R$ 6,50!
(...) Pelo lado da DC, Superman, Batman, Liga da Justiça e Lanterna Verde também ficam com 76 páginas, custando apenas R$ 6,50. (...)

Em números, a parada foi mais ou menos esta: até a edição #88, a revista da Liga custava R$7,95 e tinha 96 páginas. Um custo de R$0,08 por página. A edição seguinte, com 116 páginas e preço de capa de R$8,90, tinha um custo de R$0,07 por página. Já a edição #90 (já da "revolução") manteve essa relação de custo, ao trazer 84 páginas por R$6,50. Mas esse não era o combinado da "revolução", como vimos acima: o combinado seriam 76 páginas por R$6,50. Isso dá um custo de R$0,08 por página. Esse combinado foi retomado na edição #91 da Liga. Ou seja, pagando menos por menos páginas, a "revolução" em verdade não mudou porra nenhuma.

Assim caminhou até a edição #99, porque a centésima edição (março de 2011) veio naquele arranjo já visto na edição #89 - 116 páginas por R$8,90 (R$0,07 por página). Diferente das anteriores, a edição #100 também trouxe quatro revistas gringas no mix (JLA #43; Justice League: Rise and Fall Special #1; Green Arrow #31 e #32).
Então, eis que veio a edição 101 (abril de 2011), com os reluzentes dizeres "148 páginas! Nova fase!" na capa, a edição custou R$14,90. Com cinco edições gringas no mix (JLA #44; Justice League: Rise of Arsenal #1; The Flash #1; Justice League: Generation Lost #1 e #2) a edição teve um custo por página de R$0,10!

Sacou? Exatamente um ano depois, a Panini não só chutou sua tão retombante "revolução" para o saco preto, como ainda AUMENTOU o preço de capa da revista! Percebeu a putaria? Numa "entrevista" exclusiva ao site do Ovo, dada à época da "revolução", o "editor" Hélcio de Carvalho disse o seguinte (entre outras falas dignas do Zorra Total):
A maioria dos leitores já deixou bem claro que compraria mais se as revistas fossem mais baratas. Entretanto, reduzir a quantidade de páginas não significa apenas dividir o valor do custo da revista com mais páginas e multiplicar pela quantidade de páginas da revista de menor número. O custo gráfico de uma publicação varia de acordo com a quantidade de páginas, mas é evidente que a diminuição de preço é muito mais atrativa para aquele leitor que está acostumado a desembolsar uma certa quantia em dinheiro e que acaba não ficando satisfeito por encontrar histórias de personagens que não curte tanto assim. Então, ao reduzirmos a estrutura das revistas para 3 histórias por edição, estamos deixando o mix mais de acordo com o que o leitor aprecia.(grifos meus)
Beleza, dona creuza, beleuza. Sendo francos, o mix da primeira edição pós-"revolução" (#90) não estava de todo ruim: Liga da Justiça, Sociedade da Justiça e Flash, sendo que só o último eu não lia (a primeira, mesmo naquela fase de doer, eu leio). Mas nem mesmo isso durou, já que no correr do ano (edição #97) a Sociedade da Justiça foi defenestrada em prol de duas edições da (péssima) Liga da Justiça do James Robinson por edição (pilantramente, em abril deste ano a Sociedade da Justiça ganhou revista própria, com 164 páginas e R$17,90 - custo de R$0,10 p/p). Se os preceitos da "revolução" tivessem sido mantidos, a edição 101 da Liga da Justiça poderia trazer, a R$6,50, três edições gringas tranquilamente: LJA (está ruim demais, mas é a revista título), LJA: Geração Perdida e SJA. Era exatamente isso que a maioria das pessoas que deram o mínimo crédito à "revolução" da editora poderiam esperar - uma edição mix mais enxuta, preço mais ou menos e que fosse aproveitável e editorialmente condizente.
Mas nãããããããão! É muito melhor aumentar o número de páginas, aumentar o preço por página e o preço total e socar guela abaixo dos leitores coisas como "A ascensão de Arsenal", história publicada na gringa ano passado e que foi um fracasso de crítica E de público!

Que a "revolução" da Panini era um embuste, todo mundo sabia já na época - afinal de contas, que tipo de revolução é essa que não muda paradigma nenhum? Só se for uma revolução de 360°... Exatamente o que foi! Mas mesmo essa falácia de revolução, onde foi parar? Será possível que se "mudou" tudo para chegarmos... EXATAMENTE ao mesmo lugar? Mentira: com o preço de página mais caro do que antes, ficamos em situação pior agora - pombas, eu sei que meu codinome é Poderoso Porco, mas nem eu gosto de me ver inserido nessa versão amadora da Revolução dos Bichos!

Pois agora analise a seguinte situação: há pouco mais de um ano atrás (em março de 2010), para acompanhar a Liga e a Sociedade da Justiça, eu desembolsava R$7,95 por mês. Hoje, para ler os mesmos grupos, eu preciso morrer em R$32,80! Achei a revolução! Realmente a Panini "revolucionou o meu modo de consumir quadrinhos" - fodendo o meu bolso! (as senhoras, senhoritas e pessoas mais sensíveis da platéia me desculpem o palavreado)
Sabe qual é a real que uma "editora" como a Panini nos sugere fazer? Parar de comprar HQ (desde o mês passado eu tenho me obrigado a não gastar mais de R$50,00/mês em gibi), economizar a grana e comprar um tablet. Sério. Eu não sabia falar e acabei aprendendo. Não sabia ler e acabei aprendendo. Hoje eu não sei ler scan. Adivinha?
Aí sim vai ser uma revolução!

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