Cá estou eu, recém egresso da pré-estréia de Thor, e confesso a vocês que mesmo com os bons comentários ouvidos e todos os trailers legais que eu tinha visto, ainda tinha algum receio quanto a execução desse filme, sei lá... Misturar fantasia nesse universo, até então, com um toque de verosimilhança tecnológica da Marvel me parecia algo bem difícil de se fazer...
Mas saibam que Kenneth Branagh conseguiu isso com maestria... O filme é muito bom, e não vejo exagero no que muitos dizem, que Thor o melhor da Marvel até agora.
Não tiro os méritos do Homem de Ferro I, ele também é um grande filme mas a ótima atuação de Robert Downey Jr. potencializou muito a produção, coisa que não acontece com o Thor, o filme não ficou acima da média pela atuação inspirada de um cara foda, mas sim por um perfeito equilíbrio entre diversos fatores que fazem dele um filme muito bom.
A palavra é EQUILÍBRIO, Brannagh faz um filme em que tudo acontece por um motivo, não se acha nenhuma cena sem propósito no filme, ele se encaixa muito bem, sem perder o ritmo ou deixar aqueles buracos enormes que precisam ser preenchidos com uma forçada de barra na "magia do cinema" ou pela burrice do espectador.
A história é aquela que todo mundo já deduziu vendo os trailers... Thor está prestes a ser coroado o novo rei de Asgard, mas a cidade é invadida por alguns gigantes do gelo, que querem recuperar a caixa do Inverno Eterno... artefato esse que havia sido tomado dos gigantes numa antiga guerra, vencida pelos asgardianos sob o comando de um rejuvenescido por CG Odin Hopkins...
Esse pequeno entrave acaba atrapalhando a coroação, e os gigantes são facilmente subjugados pelo Destruidor (comandado por Odin)... Thor fica puto, Loki dá uma mãozinha, incitando seu irmão a invadir o reino dos Gigantes do gelo em busca de uma retratação.
Obóviamente o pau quebra, e a frágil paz entre os povos fica ameaçada, Odin resgata Thor e os guerreiros que o seguiram (Fandral, Hogun, Volstagg, Sif e o próprio Loki)e em Asgard discute com seu filho, que demonstra ser indolente e desrespeitoso com o AINDA rei de Asgard... Odin resolve banir Thor pela cagada, o manda pra terra, sem poderes, para que ele aprenda a ser mais humilde, menos arrogante e menos impulsivo...
Lá ele tromba com Jane Foster, sua amiga Darcy e o professor Slevig, que estudam estranhos fenômenos estelares no deserto... A partir daí, começa a jornada de Thor pra se retratar, e voltar a ser digno de empunhar Mjolnir, o martelo que foi mandado pra Terra durnate seu exílio e que acaba sendo "capturado" pela SHIELD.
Odin entra no seu sono hibernante, e Loki aproveita isso pra assumir o trono de Asgard, descobre que é filho do rei dos Gigantes do gelo, e vai até lá pedir pra que eles matem Odin e assim ele possa ser rei de fato... Além disso ele resolve acabar de vez com Thor, mandando o Destruidor pra Terra matar seu irmão.
Voltando à análise... o elenco do filme está todo muito bem, Chris Hemsworth, que é o iniciante, fez um ótimo trabalho... Interpreta o Thor, inicialmente, como um babaca, fanfarrão e que literalmente se acha o cara mais fodão do planeta. Em nenhum momento ficou diminuído pela presença majestosa de Antony Hopkins...
Hopkins aliás é o próprio Odin, difícil imaginar outro ator na pele do pai de todos os deuses, mas elogiá-lo é chover no molhado... Tom Hiddleston é outro cara que dá a Loki uma interpretação muito boa. Durante o filme você chega até a ter pena dele a acreditar que ele realmente teria um motivo pra fazer tudo o que faz, quando ele descobre a verdade sobre sua origem... Mas logo depois você vê porque ele é o Deus da trapaça e mentira se mostrando um maquiavélico planejador e conspirante de situações só pra se dar bem na fita!!!
Entre o panteão dos deuses ajudantes, os que mais tem destaque são Sif, interpretada pela belíssima Jaimie Alexander, que aliás dá um dinamismo impressionante pra personagem, e Heimdall, personagem de Idris Elba, e olha que o afro-nórdico não fez feio, e tem uma grande importância pra trama.
Outro ponto que merece destaque é a participação dos Gigantes do gelo no filme, eles não estão ali simplesmente pra tapar buraco ou pra renderem cenas de porradaria gratuita, eles são um ponto chave na trama e Colm Feore, que interpreta "rei de gelo" dá um ar extremamente modafócka pro personagem.
Visualmente o filme também é grandioso, Asgard é majestosa, e prestem atenção na primeira cena em que ela aparece, com uma "câmera" impressionante viajando de um reino para o outro, chegando em Asgard por baixo dágua. Os cenários digitais são vistosos e fazem jus à alcunha de "morada dos deuses".
As roupas, armaduras e trajes dos asgardianos foram foco de muitos ataques de pelanca pelos nerds, todos dizendo que tudo era ridículo e "limpo" demais, pois lhes digo que ficaram perfeitos pra proposta do filme, de mostrar os Asgardianos como uma raça muito além da nossa, que habitam um mundo diferente, onde a fantasia e magia são uma realidade científica.
As cenas de ação, apesar de não serem especialidade de um diretor teatral e shakespeareano como Brannagh, são bem montadas, sem aquela lenga-lenga de câmera lenta, mas também sem as tremediras que viraram moda há algum tempo... Destaque pra luta contra os Gigantes do Gelo e também a batalha com o Destruidor, que é até um pouco curta, mas justifica-se, afinal ele estava enfrentando o Thor, o Deus do trovão, e ele estava boladíssimo.
O filme tem algumas gags, piadas fáceis (como o segundo atropelamento do Thor), a presença de uma personagem como alívio cômico (Darcy, amiga de Jane Foster) e até o sisudo Heimdall tem um momento comédia no filme... Mas nada exagerado, são apenas pequenos momentos de descontração no meio da trama, aquele risinho de poucos segundos no meio da jornada que o filme conta.
É claro que temos alguns momentos piegas, principalmente envolvendo Thor e Jane Foster, mas discordo das críticas que pontuam um clima forçado entre os dois... o envolvimento parece ser rápido demais, mas acho que as pessoas se esquecem que o Thor estava exilado, sem poderes, num mundo que não era o seu e tomando pau de enfermeiros de um hospital, devia estar se sentindo um lixo... E sem falar que a garota por quem se apaixona não é qualquer uma... é a TETÉIA DA NATALIE PORTMAN, PORRAAAAAAA!!!!
Thor é extremamente didático, e apesar de estar cheio de referências que a nerdaiada vai gozar nas cuecas, como o Dr. Selvig citando seu amigo especialista em raios gama da faculdade, o nome de Donald Blake aparecendo de surpresa no meio do filme, e a aparição relâmpago do "Agente Barton", o filme pode ser entendido por qualquer espectador, mesmo que nunca tenha lido uma HQ do Thor, ou que sequer saiba que ele veio das HQs, mas não é executado imbecilmente, a história é simples, mas sincera, não tentam te enganar, criar clímax forçado ou esse tipo de coisa, é a mais pura jornada clássica do herói, que é vista desde os primórdios do teatro grego, e ainda muito eficiente.
A única ressalva que faço é com relação ao 3D, eu não sou de mimizar sobre isso, acho o efeito algo natural e que deva se tornar comum em pouco tempo... mas por hora, enquanto o preço do ingresso ainda pesa no bolso de vocês, nerds pobres e blefados, podem assistir o filme nas salas normais, pois os efeitos não acrescentam muito ao filme... tirando as panorâmicas impressionantes de Asgard, no mais só vemos cadeiras, carros estacionados e as legendas saltando da tela.
Nota: 9
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