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Top MDM: 14,5 Melhores Tokusatsus Exibidos no Brasil – Parte 7

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E vamos para a sétima parte do Top Tokusatsu com uma série cuja saga marcou toda uma geração que a assistiu… e que foi completamente ignorada por outras pessoas.

ATENÇÃO: devido a série ter muitas tramas e personagens bem desenvolvidos o post ficou ENORME DE GRANDE. Só clique se quiser realmente ler. Não diga que eu não avisei!

2 – Comando Estelar Flashman



Gênero: Super Sentai
Ano de Produção: 1986 a 1987

Um dia cinco crianças foram raptadas da Terra e levadas para os confins do universo… e após 20 anos… Comando Estelar Flashman!

Assim o narrador iniciava o primeiro capítulo (e todos os demais posteriormente) desta série Super Sentai. No episódio 1 vemos um OVNI chegando ao Planeta Terra. É o Cruzador Imperial Mess que vem conquistar nosso planeta, aproveitando seu rico ecossistema como matéria-prima para suas experiências genéticas. Seu líder é o misterioso e sinistro Monarca La Deus, um gigante mascarado com chifres e garras enormes. O segundo em comando é o estranho Doutor Keflen, que tocando seu Sintetizador Biomolecular mistura as células de vários seres vivos do universo, criando novos formas de vida. Tais experimentos do cientista tinham por objetivo fortalecer cada vez mais La Deus, tornando-o o ser mais poderoso do universo. Juntos os dois lembram bastante o conceito visual do Fantasma da Ópera, embora Keflen também pareça ter sido inspirado no personagem-título do livro A Ilha do Dr. Moreau.

Algumas criaturas criadas por ele através da chamadas biomoléculas são Nefer, uma espécie de mulher-pantera, Wandar, um bizarro homem-zebra alado, as duas mulheres-felinas Urk e Kirt , além de Gals, um brutamontes mudo que lembra vagamente o visual do Buba dos Changeman. Além deles, o exército de Mess conta com naves de combate e com numerosos soldados que parecem uma espécie de homens-formiga vermelhos, sem contar é claro o “monstro da semana“, que Keflen fazia usando seu “liquidificador” de DNA com o Sintetizador Biomolecular.

Ao saber do ataque à Terra no distante Planeta Flash, Din recruta Dan, Go, Sara e Lu, que estavam nos satélites ao redor. Após se livrarem da Robô de segurança Mag, eles roubam uma nave e, se despedindo do povo do Planeta Flash partem de volta ao lugar onde nasceram. O primeiro ataque de Mess aos terráqueos evidencia uma das características marcantes da série: a violência. Eles realmente matam humanos sem dó com direito a Nefer apunhalando um homem inocente com sua espada. Porém, a chegada dos Flashman surpreende os vilões. Por terem sido criados em outro planeta os cinco demonstram força e resistência maior que os humanos, além de outros dons especiais (Go escala paredes e Lu voa) e umas arminhas toscas como corações de celofane e bolas de gude que explodem. Mas quando a coisa aperta eles invocam a Refração Flash e vestem as roupas de combate transformando-se no Comando Estelar Flashman (Supernova Flashman no original ): Red Flash (Din), Green Flash (Dan), Blue Flash (Go), Yellow Flash (Sara) e Pink Flash (Lu).

Além da arma Star Laser que, fora o laser, virava espada e escudo, cada um dispunha de uma arma especial. Red Flash tinha a espada vermelha Sword Laser com o ataque especial Trovão de Fogo. Green Flash tinha luvas verdes de metal Gloves Laser (Glass Laser na dublagem) com o ataque especial Tempestade Cósmica. Pink Flash tinha botas de metal rosas Shoes Laser com os ataques especiais Chute Dinamite, Chute Relâmpago e o Super Passo. Yellow Flash tinha o par de bastões amarelos Bastão Laser que tinha os ataques especiais Freeze Laser e Bastão Energético. E Blue Flash tinha o poder de criar uma espécie de campo de força em forma de esfera azul ao redor de seu próprio corpo, denominada Laser Ball, e executar o ataque especial Bola Furacão.

De quebra cada um deles portava uma bazuca própria. É, dá pra notar que o povo do Planeta Flash treinou e armou-os até os dentes pra um combate. Eles destroem o primeiro monstro criado por Keflen, Za Baraboz, unindo as cinco bazucas no potente Cosmic Vulcan e prometendo vingança contra o Cruzador Imperial. Enquanto o quinteto assiste pela primeira vez o pôr-do-Sol pensando que em algum lugar da Terra se encontram seus pais, os inimigos estão com a pulga atrás da orelha se perguntando quem diabos eram esses caras.

Assim, no episódio 2 investigando antigos registros Keflen descobre que vinte anos antes (a série se passa em 1986) um Caçador Espacial a mando de Mess sequestrou cinco bebês da Terra. Para vencê-los Keflen utiliza as biomoléculas de um ser marinho e cria o gigantesco Medusan, cujo raio ressuscitava e aumentava de tamanho o monstro destruído pelo Cosmic Vulcan (no melhor estilo Gyodai, primeiro e mais popular “monstro aumentador de monstros”), enquanto Medusan torna-se um bichinho pequeno e inofensivo. Derrotados pelo ataque do monstro Din anima seus companheiros (algo recorrente na série) e eles se recordam de seu treinamento. Enquanto Red Flash foi criado e treinado no Planeta Flash os outros ficaram nos satélites equivalentes Green Star, Blue Star, Yellow Star e Pink Star. De volta à base, os Flashman reprogramam Mag, que mostra a eles a nave Star Condor, de onde saem três pequenas naves, Tanque Comando, Delta Craft e Omega Craft, que ao se fundirem formam o Poderoso Flash King, o Robô Gigante dos heróis, que liquida o monstro gigante com sua espada também gigante Cosmic Laser.

Diferente da grande maioria dos Super Sentai, os heróis de Flashman não eram membros de algum grupo militar secreto como era usual desde as primeiras séries do gênero, Goranger de 1975 e JACQ de 1977, ambas baseadas em mangás de… sim, ele mesmo Shotaro Ishinomori! Começo a pensar que não existiriam os tokusatsus como os conhecemos senão fosse o trabalho desse artista. Só ver que Goggle Five, Changeman e Maskman seguem o mesmo modelo. No entanto, Flashman foi uma atração diferente graças a iniciativa do produtor dos Sentais, Takeyuki Suzuki.
Ele apresentou para a Toei o conceito de uma história baseada no seguinte fato real: Muitas crianças japonesas que ficaram órfãs ou se perderam os pais durante a Segunda Guerra Mundial foram mandadas para viver com famílias adotivas que residiam na China. Vinte anos após o fim da guerra, essas mesmas crianças, agora adultos, voltaram ao Japão em busca de seus pais, seus familiares, suas raízes. Flashman foi arquitetado por Suzuki para ser repleto de metáforas inspiradas em situações que aconteceram ou que poderiam ter acontecido com esses órfãos ao voltarem pra casa. Só por abordar esse tema delicado, a trama já passa longe de ser um produção infantil e cativou o público japonês assim como o brasileiro.

Dá pra dividir a série em algumas fases distintas, conforme novos personagens e desafios surgem e até mesmo os trajes dos protagonistas vão ficando diferentes. Os primeiros capítulos mostram bem essa adaptação à Terra, onde tudo é uma grande novidade, assim como era para os jovens criados na China que iam para o Japão pela primeira vez. No episódio 3, um Caçador Espacial cai morto após um acidente com sua nave na Terra. Nefer se aproveita que Din está transtornado por ele poder saber a identidade dos pais dos cinco jovens e o atrai para uma armadilha. Enquanto Keflen cria um monstro com as biomoléculas do Caçador, ela se disfarça como ele e rapta um bebê atraindo os Flashman. Trabalhando em equipe eles conseguem resgatar a criança.

No episódio 4 o Monstro Za Girai utiliza seu estranho poder e atinge Green Flash nos olhos fazendo-o enxergar as coisas de cabeça pra baixo. Mag então treina Dan para que ele aprenda a lutar plantando bananeira! O valor desse capítulo está em mostrar a importância de Mag como uma espécie de herdeira dos sentimentos do povo do Planeta Flash com relação aos Flashman. Numa série anterior, Bioman, havia um robô que também auxiliava os protagonistas, Peebo. No clássico episódio 5 Sara e Lu conhecem o atrapalhado Guarda Hirochi, enquanto lidam com o Monstro Za Polvus que dá vida aos eletrodomésticos. É hilária a relação do policial metido a galã com as ingênuas heroínas que nem sabem o que significa um sobrenome (mas dirigir um carro bem que elas sabem). Din, Dan e Go chegam atrasados porque estavam presos num trem e foram párar por engano em outra cidade (!), revoltando as colegas quando aparecem (Go ainda tira um sarro: “Hum, elas tão nervosinhas!”) No final, após derrotarem Polvus a dupla vai apresentar o primeiro amigo que fizeram na Terra (Go de novo: “Hum, já estão calminhas!”), só que Hiroshi sai correndo como o diabo fugindo da cruz porque viu Lu voando e pensa que elas são fantasmas. Curiosidade: Nesse capítulo toca a música “Body action dance janai yo”, cantada por Youko Nakamura, atriz que interpretava Sara. A propósito, a trilha sonora instrumental era primorosa.

No episódio 6 Keflen constrói um monstro que se fortalece com a som de uma flauta tocada por Nefer, mas seu poder sofre um revés graças ao ruído das motos dos Flashman, os Turbo Laser. No clássico episódio 7 os Flashman vão ao parque de diversões pela primeira vez na vida e Go fica fascinado ao descobrir um balão. Com vários balões coloridos, ele consegue derrotar o monstro Za Galibur, feito a partir das biomoléculas do Camaleão. O Final do episódio é de uma ironia muito sutil. Enquanto os Flashman brincam com os balões despreocupadamente como “crianças“, o menino que os vende age como “adulto” criticando-os:

“Desse tamanhão parece que não tiveram infância. Bom, deixa isso pra lá. O que importa é dinheiro no bolso.”

A história principal do seriado começa pra valer no episódio 8 quando Keflen cria o Monstro Za Zigen, capaz criar de portais dimensionais, os quais usam para raptarem crianças (que obsessão mais esquisita a desses caras, eu hein!). Nefer, a rainha dos disfarces, consegue atrair e prender Go e Sara numa dessas dimensões. É quando o cientista Dr. Tokimura utiliza sua Máquina do Tempo para viajar ao passado – ele chega a ver a Olímpiada de 1964 que ocorreu em Tóquio - e ao falhar acaba sem querer destruindo a barreira dimensional de Za Zigen e libertando Go, Sara e as crianças. Nefer, Urk e Kirt tentam roubar a base de energia que Tokimura usa em sua máquina do tempo, mas os Flashman intervém e descobrem que é a mesma que estava na nave do caçador espacial do episódio 3. O cientista conta que vinte anos atrás seu filho foi raptado do carrinho de bebê por um ser espacial. No entanto sua esposa Setsuko devido ao choque não se lembra do que ocorreu. Din, Dan e Go imaginam que eles possam ser seus pais. Uma cena muito bonita mostra os três correndo pra proteger o casal e suas duas filhas mais novas Midori e Kaori chamando-os instintivamente de mãe, pai e irmãs. Curiosamente quando Flash King vai matar Za Zigen ele desparece pra outra dimensão decompondo-se em biomoléculas.

No episódio 9, La Deus ordena a Keflen que o traga de volta, enquanto Nefer rapta Setsuko e suas filhas pra forçar o Dr. Tokimura a entregar a Base de Energia. Com ajuda dos heróis que salvam sua família o cientista finalmente viaja ao passado com a máquina do tempo para saber quem é seu filho – se ele soubesse que iam inventar o exame de DNA provavelmente viajaria para o futuro – e seu retorno abrupto para o presente mais uma vez é providencial destruindo a área dimensional onde Zigen aprisionou os Flashman. Após ser morto pelo Cosmic Vulcan e ressuscitado por Medusan, Zigen envia Flash King para o mesmo local, mas agora é o Cosmic Laser enviado pelo Star Condor quem detona a dimensão enquanto o monstro é finalmente destruído. Infelizmente o Dr. Tokimura revela que não conseguiu descobrir a verdade, porém simbolicamente aceita os cinco como seus filhos, deixando um até logo aos Flashman. Por volta dessa época foi feito um filme pra cinema de vinte minutos – na verdade era comum fazerem episódios normais pra serem exibidos nas telonas – que nunca passou no Brasil. Nele Mess sequestra diversos animais da Terra para usá-los em suas experiências e construir um monstro. Veja o filme legendado aqui.

No episódio 10 Dan se apaixona pela funcionária de uma floricultura, Sayuri, que é louca por dentes-de-leão. Nefer, sempre ela, se disfarça de Sayuri e quase mata Dan numa emboscada do Monstro Za Galubri, que tem a forma de uma planta monstruosa e carnívora, mas ele percebe a tempo ao vê-la pisoteando um dente-de-leão. Um momento inesquecível é o Dan depois de ser dado como morto reaparecendo e esfregando a flor na cara da Sayuri/Nefer! E a idiota ainda pisa na flor de novo! A verdadeira Sayuri deixa um dente-de-leão de verdade como lembrança… mas ainda não era dessa vez que Dan iria encontrar o verdadeiro amor… No episódio 11, o primeiro grande capítulo da série e o único desse nível protagonizado por Lu, quando o ovo do Monstro Power Blue choca e a primeira pessoa que avista é a heroína, ele passa a adotá-la como mãe, o que deixa La Deus enfurecido com Keflen. Ela também acaba se apegando a ele, principalmente quando Power Blue a protege dos ataques de Nefer, Wandar e Gals. Morto covardemente pelos vilões, Power Blue é levado até Keflen para ser “consertado”. Assim, ele retorna já gigante. Lu chega a se destransformar e deixar o Flash King implorando pra seu “filho” voltar ao normal, mas não há jeito e ele tem que ser destruído. Ao enterrarem Power Blue, os Flashman sepultam sua inocência.

No episódio 12 Din é afligido por uma velha ferida no peito causada pelo Caçador Espacial que o raptou, o que ocorre devido a um certo alinhamento de planetas. O mesmo que dá grandes poderes a Wandar quando em sintonia com o Monstro Gilgiz, por serem criados pelo Dr. Keflen tendo como base as biomoléculas de determinados seres interplanetários. Impagável a cena em que o cientista revela a um convencidíssimo Wandar a aparência repugnante dos tais seres:

“Ah, não! Toda essa minha elegância veio desses seres horríveis!”

O vilão desconta sua frustração num indefeso Red Flash, que apanha um bocado. Porém, quando o alinhamento dos planetas passa Din se recupera ao mesmo tempo em que Wandar perde seus poderes. Os dois duelam e o herói vai a forra arrancando a asa do vilão com um poderoso Trovão de Fogo. Era tragicômico vê-lo correndo atrás da asa amputada. Gilgiz é destruído e Wandar promete vingança. Por isso, no clássico episódio 13 Urk e Kirt armam uma cilada e arrancam na unha um pouco de sangue de Din quando ele tentava proteger Sara. Com sua biomolécula Keflen cria Gingal, que apesar de ter uma aparência que lembra um lobisomem, nada mais é do que UM CLONE DE DIN! Fiquei estupefato com isso quando era criança porque foi a primeira vez na vida que ouvi falar em clonagem. O episódio todo tem um clima sombrio e o plano não podia ser mais sinistro: como Gingal simula exatamente os movimentos de combate do herói, os vilões o isolam dos demais não para que um vença o outro e sim fazer com que os dois se matem! Wandar apenas observa curtindo sua vingança:

“Lutem, lutem seus miseráveis. Espero que os dois se destruam. E que vão para o inferno!”

A luta desesperada de Red Flash contra Gingal vara a noite até o amanhecer, com Din totalmente ferido e esgotado. Quando o fim de Red Flash parece ser inevitável… UM COELHO surge no meio da luta e Gingal não consegue copiar o movimento que o herói faz para não pisotear o animal, ou porque ele não consegue copiar gestos que não sejam de ataque, ou porque sua mente se confunde quando terceiros interferem. (Essa aparição do coelho do nada é um ótimo exemplo do uso do recurso Deus ex machina numa história) Assim, com ajuda de Yellow Flash, Red Flash finalmente consegue atingir Gingal pra valer. Quando o monstro está na fase gigante, Green Flash e Blue Flash tomam o lugar do líder no controle do Flash King para que Gingal não preveja os movimentos do robô.

Nesses dois últimos episódios que citei é digna de aplausos a atuação do dublê Kazuo Niibori. Durante longos anos ele vestiu a roupa dos líderes vermelhos dos Sentais, mas em nenhuma das quatro séries passadas no Brasil se vê ele sendo tão exigido quanto em Flashman. No episódio 14 Go se envolve com a rebelde Yuki, a líder de uma gangue e os dois terminam sendo alvos de uma perseguição alucinada de Nefer. História excelente, onde o que tinha tudo pra ser uma comédia romântica vira uma trama de ação desenfreada – o que é a Nefer querendo atropelar o Go na montanha-russa? – e termina com uma cena muito cômica, onde Go descobre a verdadeira identidade de Yuki.

A partir daqui começa o ciclo mais famoso de capítulos do seriado. Um novo OVNI chega à Terra. Nele está o temido Kaura, o Caçador das Trevas, armado de seu chicote – que consegue atingir os cinco heróis de uma vez e vez por outra torna-se uma lança – e acompanhado de outros caçadores subordinados a ele: Baura, Kerao, Hag e Houm, os quais dão muito trabalho aos Flashman. Logo fica claro que ele foi o responsável pelo sequestro do quinteto pois já se apresenta com uma risadinha sarcástica:

“Flashman, como cresceram…”

Subordinado a La Deus, o Caçador trouxe do espaço o Monstro Za Sconder, que consegue se duplicar. Ao entrar em combate com Flash King, Mag tenta tirar a desvantagem com ajuda do Star Condor, mas não é o bastante. O robô gigante então se sacrifica atingindo os dois Za Sconder com o Cosmic Laser, mas a um preço muito alto. Para choque de todas as platéias… FLASH KING CAI NO CHÃO DESTRUÍDO! Uma das cenas mais famosas da história dos Tokusatsus. Até então era inimaginável ver o robô gigante ser derrotado num Super Sentai. Vale lembrar que Flashman costumava ser relegado a segundo plano no Brasil devido ao sucesso de Changeman. Eu mesmo tinha um primo que dizia Flashman era “aquela série que copiava Changeman” – até porque ninguém sabia que já haviam cerca de 8 séries Sentais no Japão antes dessas. A queda de Flash King foi um divisor de águas. Não havia dúvidas: Flashman não só era diferente de Changeman, mas tinha um enredo muito mais ousado também.

Quem não acompanhou até hoje pensa que o seriado se resumia a esse evento quando na verdade pros fãs ele foi mais um, entre inúmeros momentos marcantes da trama. No episódio 16, mesmo bastante machucados os Flashman já encaram a ameaça de uma nova duplicata de Sconder. Pior: ele encolhe Sara e a prende numa cápsula ao lado da menina Tomoko – depois que Kaura persegue as duas num helicóptero! – fazendo com que a heroína reviva o trauma de quando ficou presa numa cápsula ao ser sequestrada quando bebê. Mas o melhor momento é quando Kaura, Wandar e cia. cercam os Flashman numa ponte e, após todo o trabalho de Go pra não cair, Din manda todo mundo pular na água pra não serem encolhidos também. Ao fim Sara se liberta e usando o Freeze Laser faz com que Sconder fique preso encolhido na própria cápsula que ela atira ao mar, sendo engolida por um peixe.

No episódio 17 Kaura deixa os Flashman num impasse: o Monstro Jiraykar planta bombas num verdadeiro campo minado no caminho de um ônibus escolar que está pendurado à beira de um precipício - o tipo de situação que os faz lamentar a falta do Flash King – e então Red Flash mostra porque ele é o cara. Din atravessa o campo minado mesmo debaixo do chicote de um incrédulo Kaura e, quando chega ao ônibus está com a mão ensaguentada e precisa da ajuda das crianças pra trocar as marchas. Como se não bastasse isso surge das entranhas da Terra um misterioso caminhão gigantesco que corre desgovernado, com um ocupante misterioso que está numa espécie de hibernação dentro dele.

No episódio 18 é revelado a identidade do personagem: Barak, uma criação do Dr. Keflen construído 100 anos atrás para enfrentar o lendário guerreiro do Planeta Flash, Deus Titan. Traído pelo Cruzador Imperial Mess, ele foi salvo por seu inimigo, que antes de morrer confiou a Barak a missão de entregar a jovens guerreiros que ele previu que surgiriam a sua máquina. O “caminhão” denominado Titan Flash desengata da carroceria e sua cabine se transforma no simpático Robô Gigante Titan Júnior, que ficou famoso por seus movimentos comicamente acelerados e pelo seu ataque final apelão: a carroceria restante do Titan Flash virava uma espécie de armadura e fundida ao Titan Júnior se tornavam o robô ultra gigantesco Poderoso Gran Titan, carinhosamente conhecido pelos fãs como a arma de destruição em massa dos Flashman.

O melhor era ver o monstro gigante aparvalhado diante do robô mais gigante ainda e seu raio super poderoso Cosmo Flash. Infelizmente, Barak, que estava gravemente ferido por Kaura, é levado até o Cruzador Imperial e no episódio 19 é torturado pelo Monarca La Deus e controlado como marionete pelo Monstro Dreyik para matar os Flashman, enquanto tenta de alguma forma confiar a eles o segredo sobre uma fraqueza que acomete a todos os nascidos e criados no Planeta Flash. Din, que havia se tornado amigo de Barak, finalmente o liberta e antes dele poder revelar o segredo são novamente atacados por Dreyik e… BARAK MORRE CANSADO DE TANTO APANHAR. Irado, Din cerra o punho de raiva com o corpo de Barak ao fundo e avisa:

“Eu me Vingarei!

Esse é o capítulo mais violento da série, onde a gente até pode dizer que a ousadia quase vira mau gosto. O coitado do Barak apanha barbaramente de metade do elenco, La Deus, Keflen, Kaura, Dan, Go e Dreyik. No episódio 20 – onde pela primeira vez o quinteto usa roupas da Terra - após mais uma tentativa frustrada de consertar o Flash King devido a onda sonora do Monstro Blue Zass, Dan encontra Sumire, uma garota misteriosa, que ao tocar a mão do herói manifesta uma poderosa e inexplicável energia, capaz de destruir a onda sonora do Monstro.

Em transe Sumire diz a Dan:

“Sinto que já estivemos juntos em algum lugar.”

O Green Flash desconfia que Sumire possa ser sua irmã e tenta reencontrá-la. Quando consegue eles são mais uma vez alvo de Nefer e Blue Zass e mais uma vez ao tocarem-se as mãos produzem uma onda avassaladora de energia que termina com o ataque inimigo e dá a oportunidade de Mag consertar o Flash King. Após lutar e destruir Monstro na forma normal, no entanto, os Flashman enfrentam um mau bocado com ele na forma gigante e Titan Jr. chega a ser derrotado por Blue Zass. Eis que neste instante surge Mag com o Flash King consertado e o bom e velho robô dá uma surra acabando de vez com Blue Zass. É icônico o momento em que Flash King carrega Titan Jr. nos braços. Enquanto isso, Dan descobre que Sumire desapareceu novamente na multidão, deixando apenas pra trás um guizo e muitas perguntas sem resposta. Curiosidade desse capítulo: Quando Dan vê Sumire na beira do rio, ela está lendo uma oração do livro budista A Verdade da Vida.

No clássico episódio 21 Sara é atacada pelo Monstro de duas cabeças Zabaldar, deixando para seus amigos apenas um rastro de sangue onde ela desaparecera. Inexplicavelmente a heroína é salva e cuidada por um estranho, Miran – interpretado por Kazuoki Takahashi, o Hayate/Change Griphon de Changeman e o Satoru Kita de Metalder - que afirma ser seu irmão. Enquanto Mag cria uma arma especial para refletir a onda sonora de Zabaldar, Nefer atrai Sara dizendo que o “traidor Miram” foi capturado. Ele é torturado e zombado por Kaura, Wandar e Nefer (além de Gals fazendo figuração) no alto de um rochedo à beira do mar e Kaura confirma que sequestou a ele e a sua irmã caçula a vinte anos atrás, mas que ela morreu e ele foi entregue como cobaia ao Dr. Keflen que transplantou um alienígena no seu corpo o qual o transformava num monstro asqueroso.

“Você é corajosa garota. Mas infelizmente esse cara não é o seu irmão. E nem mesmo… um ser humano.”

Só digo que os Flashman escaparam de boa por terem ido párar no Planeta Flash e não na mão do nazista espacial do Keflen. A transformação de Miran em Zabaldar no alto do Rochedo é uma das sequências mais chocantes de Flashman. Mesmo que os efeitos especiais tenham ficado datados a atmosfera é muito sinistra. A criatura acaba morta pela arma de Mag usada pelo Blue Flash, mas Sara se recusa a entrar no Flash King e enfrentá-lo, até que ela se lembra do desenho deixado na casa dele e orienta Red Flash a acertar o Cosmic Laser na cabeça da esquerda… fazendo com que Miram, mesmo completamente estrupiado voltasse ao normal. Sempre me perguntei o que aconteceria se cortassem a cabeça errada. Após salvá-lo, Sara envia Miran para ser tratado no Planeta Flash. A partir daqui, após muitos pontos altos, a série começa a oscilar entre tramas boas e ruins por um tempo. No episódio 22 os Flashman devem proteger uma lendária ave conhecida como Pássaro Imortal de cair nas garras de Mess que quer usar suas biomoléculas. Em mais uma armação de Nefer, Din é soterrado numa caverna e fica à beira da morte - certeza que os roteiristas olharam pra esse personagem e falaram “Meu filho, você nasceu pra sofrer!” – mas é salvo pelos poderes curativos do Pássaro Imortal.

No episódio 23, Sara e Lu sem querer descobrem que o chifre do Monstro Nejinski concede desejos as pessoas e mostram o seu lado 100% peruas fúteis. Mas como sempre rola um drama, elas encontram uma menina que queria usar o chifre pra ressuscitar a mãe morta. O episódio 24 tem uma narrativa bastante criativa com um menino contando das suas férias escolares num balneário e sua amizade com Go quando o peixe que tinha engolido o Monstro Za Sconder no episódio 16 é pescado e o bicho reaparece como assombração, inclusive possuindo o corpo do Gals. Pela primeira vez Keflen demonstra inveja de um plano de Kaura. O episódio 25 mostra os Flashman enfrentando o Monstro Dapiras que Dan, todo metidão, pensou ter destruído sozinho com seu Green Vulcan. Porém, Din descobre que na verdade ele se fortalecia sempre mais conforme era ferido. Apesar da propriedade interessante do monstro a história vale mais pelas cenas em que Dapiras mata um grupo de excursionistas queimados numa cabana e do Din mesmo sem estar transformado metendo a porrada em Wandar, Urk e Kirt.

O episódio 26, considerado por alguns fãs o pior do seriado, mostra Lu enfrentando o Monstro Gourmez. Como o nome do dito cujo sugere, ele usa seus poderes na comida, transformando os seres humanos em cabeças de abóbora literalmente. A história tem direito até a uma guerra de comida de Lu com Nefer, Urk e Kirt na cozinha de um restaurante, os Caçadores Espaciais e os soldados vestidos de Mestre Cuca e Kaura espirrando na hora de invocar o Medusan… uma tentativa desastrada de fazer humor numa vibe muito distante da essência de Flashman. Evidentemente houve algum problema com a atriz que fazia a Lu. Além de protagonizar poucos capítulos – a partir daqui ela só aparece em destaque junto com a Sara – ela também teve que regravar sua aparição na abertura da série, já que a primeira versão não tinha agradado os produtores. No fim, até mesmo Kaura e Keflen, dois dos mais sádicos vilões da televisão, pareceram ter mais destaque no seriado do que ela.

No episódio 27 a série dá uma melhorada com Dan conhecendo o jovem batalhador Ryu – interpretado por Ryosuke Kaizu, que ano seguinte interpretaria o Takeo/Red Mask em Maskman - que ganha a vida como cozinheiro e entregando jornais, enquanto treina sonhando em ser campeão mundial de boxe e no seu tempo livre toca uma corneta que pertencera ao seu pai. A cena em que Ryu toca essa corneta na praia com Dan lembrando do pai é uma das mais bonitas do seriado. A amizade dos dois é ameaçada quando Keflen nota o quanto Ryu é forte e deseja utilizar suas biomoléculas. Ele é sequestrado por Mess e friamente transformado pelo perverso cientista no Monstro Jaglan. A agoniante história termina com um verdadeiro duelo musical: de um lado Keflen tocando o Sintetizador Molecular para despertar o monstro em Ryu e do outro Dan tocando a corneta do pai dele para despertar seu lado humano. Como resultado, La Deus ordena que ele seja dividido em dois, o monstro e o humano. Assim os Flashman liquidam Jaglan e Dan salva Ryu.

A partir do episódio 28 começa numa nova saga. Keflen faz uma experiência mutante para fortalecer seus lacaios e deixa Gals mais poderoso - na verdade a única mudança visível é que parece que ele está “pegando fogo” – enquanto os poderes de Red Flash falham e o o Sword Laser perde a energia. Kaura delata a caverna onde Keflen estava escondido e ele quase se encontra com os heróis pela primeira vez. No fim após DOIS disparos do Cosmic Vulcan o Novo Gals é destruído. Dificilmente um vilão da importância dele seria eliminado antes dos episódios finais, mas o visual de Gals dava muito trabalho pra produção além da mudez do personagem torná-lo desprovido de qualquer carisma. Quando criança eu mesmo achava que ele era só mais um monstro. No episódio 30 é o poder de Blue Flash quem falha e Wandar quem se submete a experiência mutante e ganha a capacidade de se metamorfosear no Monstro Fantasma Wandalo, com seu poder apelão de paralisar o tempo por 3 segundos, acuando assim os Flashman. Mesmo assim Go segue heroicamente até o hospital onde o Dr. Tokimura estava internado após sofrer um acidente com a Máquina do Tempo. Graças a isso o cientista se recupera. Vendo o Go naquele estado ao lado do leito de Tokimura deve ter feito todos os fãs torcerem naquele momento pra ser ele o filho perdido daquela família.

No episódio 30 Kaura manda os Caçadores Espaciais raptarem vários bebês novamente para atrair os heróis e então Nefer – que após a experiência mutante se transforma em Diabólica Nefeli - usa seus novos poderes para criar alucinações fomentando os piores traumas dos Flashman com o choro dos bebês, especialmente Sara. Mag então vai ao hospital e utiliza as palavras gravadas da Família Tokimura para reacender a força do quinteto. Mesmo com os poderes de Red Flash, Blue Flash e Pink Flash falhando eles vencem. E no episódio 31 os poderes de Green Flash e Yellow Flash também falham, deixando todos indefesos, mas o Dr. Tokimura “abre” Mag e descobre a verdade em seus dados: um alinhamento do Planeta Flash com os Satélites Green Star, Blue Star, Yellow Star e Pink Star anulava os poderes dos heróis impedindo-os até de se transformar. Resta aos cinco suportarem mais uma hora penando nas mãos Wandalo, Urk, Kirt e do Monstro Gloster até o efeito passar. Mais uma vez os Flashman mostram sua garra e na hora certa dão o troco nos vilões. Ao fim, enquanto agradecem ao Dr. Tokimura em mais uma despedida Din, Go e Dan tem o mesmo pensamento no íntimo da alma:

“Que bom seria se ele fosse o meu pai.”

Essa foi uma grande trollada dos produtores no público, já que Red Flash e os outros achavam que o tal alinhamento planetário que anulava seus poderes era a fraqueza secreta que Barak tentou avisar aos heróis antes de morrer e ninguém mais pensou nisso por um certo tempo. No episódio 32 Mag usa a caldeira do Titan Flash para alimentar as pedras de refração que os Flashman usavam pra se transformar, aumentando assim seus poderes e dando a eles novos golpes especiais, como a Poderosa Lança, em que fundem suas adagas numa só arma. O episódio 33 ficou completamente datado já que a história gira em torno de um menino machista que não queria contar o segredo dos planos de Mess por ter presenciado seu pai – campeão de karatê – apanhando de duas mulheres, que eram na verdade Urk e Kirt disfarçadas. Pior é a cena onde o Din vai lutar com elas “de cara limpa” e você vê claramente que é o dublê Kazuo Niibori quem entra em combate. No episódio 34 os Flashman enfrentam o Monstro Mazaraz que fere Go gravemente e o atira do alto de uma ponte. Ele é resgatado por uma mulher numa cabana e, delirando pelo veneno do monstro, começa a alucinar que seja sua mãe.

Ao se recuperar ele descobre que ela de fato perdera um filho com a idade dele e meio que inconscientemente os dois começam a se comportar como mãe e filho até Nefer aparecer e estragar tudo. Com ajuda dessa senhora – cujo nome nunca é dito na história – Go consegue nas plantas locais a cura para o veneno expelido por Mazaraz nas pessoas e se despede dela de maneira melancólica no final do capítulo chamando-a de mãe. No episódio 35 Sara e Lu brigam entre si, mas tem que se unir tocando juntas uma melodia no piano para assim deter o poder do Monstro Galabar, que duplica o poder de paralisar o tempo de Wandalo. No episódio 36 Wandar aparece disfarçado como humano pela primeira vez dando pras crianças bichinhos do Monstro Metagas que fingiam transformar metal em ouro, mas na verdade soltavam um gás que derretia qualquer metal. Din socorre um bando de meninos pentelhos – sim, eles também estão em Flashman, mas aparecem em raros episódios – que queriam o ouro pra comprar um violino pra uma menina bonita. O destaque do capítulo, porém, ocorre quando Kaura, que liderava a operação, ataca o quinteto ao lado de Wandar, Nefer, Urk, Kirt, do Monstro e dos Caçadores Espaciais e, quando eles tem a vantagem sobre os heróis graças ao poder de Metagas, Keflen transporta todo mundo de volta pro Cruzador Imperial, furioso porque Kaura estava quebrando a hierarquia. O Caçador das Trevas, cujas palavras ferem mais que seu chicote, apenas diz:

“É melhor não provocar, senhor… Sei muito bem quem é o senhor Dr. Keflen. Sua verdadeira identidade. Sua origem.”

Além de toda a bem elaborada trama principal envolvendo heróis e vilões, a série sempre chamava a atenção pela qualidade dos capítulos do tipo “o monstro da semana”, sendo muito mais criativa (e até mesmo mais sombria) que Black Kamen Rider, por exemplo. Ao ponto dos produtores terem mostrado dois dos seus melhores roteiros contendo aqueles que, ao lado dos últimos episódios, são os momentos mais chocantes da série – sim, tanto estas duas histórias quanto o final são mais chocantes que a queda do Flash King – em dois capítulos consecutivos: Amor das Trevas e Hora Fatal.

No episódio 37 – que me fez ter certeza que meus pais não ligavam a mínima pro que eu assistia na TV quando criança – Dan tenta reencontra Sumire ao ouvir o guizo dela tocando sozinho. Os Flashman descobrem então que Nefer estava usando o Monstro Davey Jones – uma homenagem ao Holandês Voador – para transformar almas penadas de crianças que vagavam pela terra em pequenos demônios vampiros, que sugavam a energia vital deixando para trás apenas corpos sem vida. No meio do rolo, Sumire reaparece e quando Dan toca sua mão a mesma misteriosa energia joga os vilões longe e transporta os heróis em segurança para um campo longe dali. Sumire conta a Dan que não era sua irmã, mas foge dele outra vez. Ao segui-la os heróis vão párar num cemitério, onde encontram… o túmulo de Sumire. Seguindo a pista Dan e seus amigos vão à casa dela e encontram sua mãe, que revela a verdade: Sumire ficara doente e morrera oito anos antes. Se estivesse viva teria a mesma idade dos Flashman hoje. Dan fica descontrolado e volta correndo até o túmulo da moça.

O espírito de Sumire surge novamente e explica que fora enterrada com uma pedra que era seu amuleto desde criança e a entrega a Dan. Mag explica que era um pedaço do Satélite Green Star, que caiu na Terra como meteorito e era esse o canal que possibilitava que a ligação entre os dois se transformasse numa explosão de energia. Juntos eles libertam as almas escravizadas por Davey Jones, que é destruído. Quando eu acompanhei essa trama ainda criança eu morri de medo, não me comovi nem um pouco com a situação. Os roteiristas foram criativos fugindo do que seria o óbvio e clichê – uma adolescente que se descobre paranormal - para o praticamente impensável naquela época – uma jovem que de repente é descoberta como sendo um fantasma. Lembrando que a série é dos anos 80, muito antes do filme O Sexto Sentido popularizar essa idéia. Ao rever o episódio muitos anos depois é que me caiu a ficha do quanto ele é triste, além de impactante. É como se Kaura tivesse alterado o destino de Dan e Sumire ao levá-lo da Terra quando criança. Pois quando ele voltou ela já estava morta, mas seu espírito se recusava a partir enquanto não realizasse o sonho de conhecer o herói. Na emocionante cena final, tendo cumprido sua missão na Terra, Sumire se despede de Dan enquanto ele berra e chora, assistindo impotente a sua amada se transformar numa estrela cruzando o Céu da noite.

“Adeus Dan, meu primeiro amor…

O polêmico episódio 38 também chocou o público. Alguns fãs o classificam como o melhor do seriado, outros o odeiam e acham que ele podia ser tranquilamente excluído, por ser forte demais. Ele mostra Sara, Lu, Go e Dan preparando uma festa de aniversário surpresa pra Din - já que nem ele nem ninguém conhecia sua verdadeira data de nascimento – e o presenteando com uma caixinha de música. Neste instante, no entanto, surge Kaura com um presente muito especial: o Monstro Gelakill. Quatro Máscaras deixam o corpo do Monstro e vão direto para os rostos de Dan, Go, Sara e Lu.

Transfigurados numa espécie de zumbis vampiros eles partem com tudo pra cima de Din, que foge em desespero pra não ferir os amigos, enquanto eles o caçam impiedosamente tornando sua situação cada vez mais angustiante. O momento mais tenso é quando, esgotado e machucado, Din se esconde numa caverna e toca a caixinha de música que ganhara atraindo seus amigos que parecem curados… mas na verdade estavam fingindo pra se aproximar e tentar matá-lo de novo!

Em um certo momento o herói é levado além do limite emocional perseguido pelos quatro Flashman e por Kaura e explode caindo na porrada com seus amigos num lago enquanto implora pra eles acordarem. Em nenhum outro episódio a série mergulhou tanto numa atmosfera de pesadelo como nesse. Quem acaba salvando o dia é Wandar(!) que, contra a vontade de Kaura, aparece para liquidar Red Flash a mando de Keflen. É absolutamente SURREAL ver o Wandar SALVANDO Din dos outros Flashman! O herói então nota que a onda sonora produzida pelo atrito de sua espada com de Wandar enfraquecia o poder das máscaras, pega a espada do rival “emprestada”, vai que nem um doido pra cima de Gelakill na ponte atacando com as duas espadas de uma vez. Após a derrota do adversário, Kaura vai tirar satisfações com Keflen, que faz aquela expressão de “não sei do que você está falando”. Do outro lado, Dan, Go, Sara e Lu, morrendo de vergonha, pedem perdão a Din, que garante que toda sua raiva está direcionada ao Cruzador Imperial Mess. Os cinco em silêncio ouvem mais uma vez a melodia da caixinha de música.

É interessante como mesmo numa produção que flertava tanto com o trash como um Super Sentai sobressaiam sempre esses roteiros mais maduros e dramáticos. No episódio 39 – o último capítulo light da série – Nefer atormenta Sara usando o binóculo do Monstro Menonga com o qual podia ler mentes. É impagável a Nefer, a Urk e a Kirt vestidas de colegial fazendo bullying na pobre Sara só porque ela queria um namorado. A Yellow Flash fica tão transtornada que sai atrás das vilãs roubando a moto da Pink Flash. É Din, sempre ele, que em vez de desmentir Nefer chama a atenção da amiga para o óbvio: ser trollada por sua fragilidade humana era um sinal de que havia realizado seu desejo e se tornado definitivamente uma garota da Terra. No cinematográfico episódio 40 – mais um no estilo “vamos tocar o terror no Red Flash” – Din é transportado por uma misteriosa mulher mascarada para uma base secreta para onde Mess levava pessoas para serem transformadas em monstros. Capturado por Kaura, ele acaba tendo um sonho com sua infância, onde sua mãe lia O Príncipe Feliz de Oscar Wilde pra ele na porta de casa quando ele foi raptado. E os mais atentos perceberam aqui que DIN NÃO ERA O FILHO DO DR. TOKIMURA, já que este foi levado de um carrinho de bebê no meio da rua numa tempestade, mas o próprio Din nunca tem certeza disso até o último capítulo (eu falei que esse cara nasceu pra sofrer).

A tal mascarada liberta o herói e revela ser Sibéria, uma oficial do Monarca La Deus responsável pela Operação Militar X, que visava transformar milhões de pessoas em monstros de uma só vez. Mas surpreso mesmo Din fica quando ela lhe devolve o livro O Príncipe Feliz! Sibéria era uma menina quando Din foi sequestrado e o livro fazia parte do espólio que Kaura havia trazido. Ao ler a história de Oscar Wilde ela descobriu a bondade e a generosidade humanas expressas na história do Príncipe e sua Andorinha e decidiu esperar anos por uma oportunidade para trair o Império Mess. Nesse ínterim Kaura aparece, mas por ordem de Keflen o Monstro Seegar prende Din e ele pelos pulsos com uma Super Corrente e se segue uma épica porradaria com os dois debaixo de uma chuva torrencial - um dos momentos mais memoráveis da série – enquanto Sibéria traz os demais Flashman pra ajudar. No fim é ela quem liberta tanto Din e Kaura, quanto os reféns aprisionados e ainda sacrifica sua própria vida para destruir a base secreta. Ao fim, enquanto deposita uma flor sobre os escombros da base Din segura com força O Príncipe Feliz entre as mãos.

Aliás, por mais que Kazuo Niibori mereça elogios, em grande parte das cenas o ator que fazia Din, Tarumi Tota (também conhecido como Fujita Tarumizu), se virava sozinho. Não creio que Flashman teria sido o mesmo se houvesse outro ator fazendo o papel. Din é com certeza o melhor líder de uma equipe em qualquer série semelhante exibida no Brasil. Pra ficar numa comparação, o Change Dragon em Changeman teve uma luta famosa contra Buba no final do seriado. Din teve MEIA DÚZIA de lutas marcantes. A primeira contra Wandar, a luta contra Gingal, a luta contra contras os próprios amigos (sem estar transformado em Red Flash), a luta contra Kaura na tempestade (também sem estar transformado) e as luta finais contra Wandar e Kaura. O herói poderia tranquilamente ter protagonizado uma série solo, assim como Keflen e Kaura poderiam ter sido antagonistas principais em séries separadas.

Somado a isso, um inspiradíssimo trabalho da dublagem brasileira na interpretação de Francisco Bretas. Inclusive Flashman foi bem possivelmente a MELHOR DUBLAGEM DE UM TOKUSATSU. Além de Bretas como Din/Red Flash, Eduardo Camarão como Dan/Green Flash, Carlos Laranjeira como Go/Blue Flash e Miran, Lucia Helena como Sara/Yellow Flash, Christina Rodrigues como Lu/Pink Flash e o Pássaro Imortal, Gastão Malta como Dr. Keflen, Muíbo Cury como Kaura, Líbero Miguel como Monarca La Deus, Marcos Lander como Wandar, Daisy Celeste como Nefer, Nair Silva como Mag, Ricardo Medrado como Dr. Tokimura e o Guarda Hiroshi, Borges de Barros como Barak, Denise Moreno como Urk e Ivete Jaime como Kirt, Setsuko Tokimura e Sibéria, todos tiveram algum momento de destaque. Se não foi uma dublagem perfeita, foi bem próximo disso.

E ainda com todas essas qualidades Flashman chegou a um arco final espetacular, com vários conflitos ocorrendo em sequência dinâmica em pontos diferentes, envolvendo tasnto heróis quanto vilões, quase como numa novela, no bom sentido. Além dos Flashman contra Mess; Din e Kaura; Kaura e Keflen; Sara e Keflen; Keflen, Nefer e Monarca La Deus; Urk e Kirt; Dr. Tokimura e Wandar; Din e Wandar; Go e Kerao; Dan e Setsuko; Kaura, Galdan e La Deus; Flashman e La Deus; Flashman e Família Tokimura; o Caçador Espacial e as criancinhas chatas; e, o mais inimaginável de todos, os Flashman contra o próprio Planeta Terra!

No episódio 41 o Monstro Brakos ataca Dan e pra surpresa geral o transforma em… criança! Ele fica assustado e foge por suas últimas memórias são as de estar sendo criado no Satélite Green Star. É quando os Flashman pedem ajuda da mulher do Dr. Tokimura, Setsuko, que se apresenta ao confuso garoto como sua mãe e cuida dele. Todos estão comovidos vendo Dan em lágrimas realizar o maior sonho de todos eles, quando o facínora do Kaura aparece e diz, implacável:

“Dan, quem raptou você a vinte anos fui eu. Portanto, não resta dúvidas nas minhas palavras. Essa mulher não é a sua mãe!

Nunca, em todos os episódios, Din ficou tão furioso com o Caçador das Trevas. Dan fica transtornado e mais uma vez foge, mas Setsuko arrisca a vida pra protegê-lo. Na confusão que se segue, Dan volta ao normal e ela recupera a memória e revela: o seu bebê levado pelo Caçador Espacial a vinte anos… ERA UMA MENINA! No episódio 42 Sara e Lu a visitam e a Yellow Flash faz uma pesquisa para saber mais sobre as crianças que nasceram naquela época… mas Kaura novamente surge e friamente destrói o disquete com as informações, deixando Sara em prantos. Enquanto isso, Keflen tinha usado os poderes do Monstro Diskor para descobrir sua origem e o segredo do Monarca La Deus. Desde o dia em que Flash King fora destruído, quando a Máscara de La Deus se partia era possível ver um olho humano por trás dela, mas ninguém sabia exatamente DO QUE o Soberano era feito. Kaura vai à forra com seu inimigo e dedura Keflen, que é castigado por La Deus. Como vingança, no episódio 43, Keflen ordena ao Monstro Guitan que absorva os Caçadores Espaciais, para assim chantageá-lo sobre sua verdadeira identidade. Também interessados em saber sobre seu passado os Flashman decidem PROTEGER os Caçadores que eles tanto odeiam. Go localiza um deles, Kerao, ferido e aos cuidados de um grupo de crianças nerds que pensam que ele é o E.T. do filme de Steven Spielberg (é sério!). Desconcertado, Go decide abrir mão de seu ódio e ajudar Kerao criando um insuspeito laço de amizade com o inimigo.

No meio disso tudo surge Galdan, o mais poderoso dos Caçadores Espaciais e braço direito de Kaura que, fortalecido pela presença do aliado, deixa a indecisão de lado e se levanta contra o Cruzador Imperial Mess, atacando Nefer, Wandar, Urk e Kirt para proteger seus Caçadores. Mas a grande cena do capítulo ocorre quando Go se coloca entre Guitan e Kerao para protegê-lo. Kerao saca sua arma e quando parece que vai atingir o herói, atira em Guitan e parte pra cima dele, entregando assim a sua vida para salvar a de Go, ao ser engolido pelo Monstro que por sua vez chega a crescer sozinho sem auxílio de Medusan. Depois de quase engolir Titan Jr, porém, ele é destruído. No episódio 44 Keflen mistura a biomolécula do sangue de La Deus com uma fusão dos Caçadores Espaciais Baura, Hag e Houm, criando o poderoso Monstro Tafmoz. A biomolécula, conhecida como Zeus, usada no Sintetizador Biomolecular aflige todos os membros de Mess frutos de mutações exceto o próprio Keflen, o que deixa mais desconfiado de sua identidade. Nefer mantém a Família Tokimura como refém, quando Kaura aparece deixando Tafmoz em conflito interno. Os Flashman salvam os Tokimura, mas… uma energia estranha atinge a todos quando se tocam. É o primeiro sinal do Fenômenono Flash Negativo, uma rejeição que existe entre o Planeta Flash e os forasteiros e que estaria ocorrendo entre os heróis e os humanos. Kaura se aproveita disso para raptar Tokimura e Din não pode evitar pois não consegue segurá-lo devido ao choque desencadeado pelo Flash Negativo. Para deter Tafmoz, Mag espertamente mostra uma imagem de Kaura. O conflito de identidade do Monstro com os Caçadores de que foi feito e fiéis a Kaura dá a vantagem ao quinteto para destruí-lo.

No episódio 45 La Deus, mesmo sofrendo, doa mais sangue para Keflen transformar Kirt no Monstro Kirtoz. Kaura obriga Tokimura a criar um novo Sintetizador Biomolecular para combater as mutações feitas com a biomolécula de Zeus e revela que um dos cinco é mesmo seu filho. Ao salvarem as pessoas de Kirtoz os Flashman passam a ser atacados e rejeitados pelas plantas e Din percebe que o Fenômeno Flash Negativo era o verdadeiro segredo da fraqueza deles que Barak quis transmitir antes de morrer, mas Mag não tem coragem de confirmar. No meio do combate Red Flash agarra Kirtoz e manda Blue Flash usar seu ataque especial para destruir suas garras. Urk se joga na frente para proteger Kirtoz e a explosão joga os quatro longe. Urk então se arrasta até Kirtoz/Kirt e se funde a ela. Ainda assim Kirtoz é destruída. Muitas pessoas acreditam que havia uma relação homossexual velada entre Urk e Kirt e que essa fusão dos corpos foi uma maneira simbólica de efetivar o sentimento que nutriam uma pela outra.

No episódio 46 quando La Deus vai castigar Keflen pelos seus fracassos, Nefer o impede implorando piedade pela vida de seu pai, pois assim ela considerava o cientista. Ele então constrói o Monstro Neferuz, que explode e constantemente ressuscita tornando o Cosmic Vulcan inúltil e chegando a se autoexplodir para ferir os Flashman. No entanto, a atenção de Mess é desviada quando Kaura começa a tocar o novo Sintetizador Biomolecular que Tokimura fez e sua melodia atormenta o Monarca La Deus, o que faz Keflen pensar em se aproveitar da situação. Os Flashman se afastam para beber água de um rio… e quase são envenenados! Pressionada, Mag abre o jogo. Mesmo que a rejeição com humanos e plantas tenha passado o corpo dos heróis não suporta mais o clima da Terra. Eles tem exatos 20 Dias de Vida – que aliás é o título do capítulo – pra ´ermanecerem aqui ou morrerão. Era difícil não se entristecer junto com eles por uma situação tão alarmante. Um breve encontro com o Dr. Tokimura que revela as palavras de Kaura sobre um deles ser seu filho reforça seu espírito de luta. Red Flash deduz que Neferuz era feito do corpo de Nefer com as biomoléculas de Zeus e a impede de ressuscitá-lo. Atingida pelo Sword Laser ela é atirada de um barranco sendo dada como morta.

No episódio 47, faltando 15 dias para os Flashman permanecerem na Terra, Keflen descobre que antes dele havia outro geneticista que fez inúmeras operações para tentar fortalecer o corpo de La Deus. O Monstro Bardoraz construído da mistura das biomoléculas de Zeus com as de Wandar potencializa o poder apelão de Wandalo congelando os inimigos que são atingidos por ele para sempre no tempo. Red Flash quase morre indefeso e só é salvo porque Kaoru resolveu mexer na Máquina do Tempo do pai. Os heróis fogem de repente e quase ficam cegos momentaneamente por causa do Sol, em mais uma rejeição do Flash Negativo, mas logo caem nas garras de Wandalo que congela o tempo outra vez. Para salvá-los Tokimura escapa de Kaura e Galdan e usa a Máquina do Tempo arremessando todos num vórtice temporal. Durante essa viagem Sara avista uma casa familiar onde um casal brinca com um bebê. Todos acabam caindo de volta no presente atordoados e Wandar nota que não consegue mais se transformar em Wandalo, mas continua tentando congelar o tempo.
Uma cenas mais líricas da série ocorre quando heróis e vilões estão nesse impasse que dura alguns segundos quando, ouvindo Wandar gritando exasperado “Tempo Congelado!”, Din olha ao seu redor e pensa ao som de uma melodia triste:

“Se fosse possível… congelar o tempo… como gostaria que isso acontecesse… Quero ficar mais na Terra. Mas pra nós não resta muito mais tempo.”

Wandar parte com tudo pra cima de Red Flash num espetacular duelo final. Após Din vencê-lo, os rivais se encaram uma última vez e Wandar cai morto explodindo, enquanto o herói observa no céu surgirem imagens dos seres que deram origem a ele. Enquanto os Flashman matam Bardoraz, Galdan tenta recapturar Tokimura, mas termina capturado por Nefer, que reaparece viva.

No episódio 48 – que pra uma parcela dos fãs é o melhor – Keflen transforma o Caçador Espacial no Monstro Galdez, que fere Kaura na mão, enquanto os Flashman mal conseguem se manter transformados. O Caçador das Trevas leva Sara até sua nave e a obriga a tocar o Sintetizador Biomolecular de Tokimura -já que ele não pode mais – para salvar seus amigos. A canção tortura La Deus e faz Galdan reverter a sua forma normal. Juntos, os dois invadem o Cruzador Imperial Mess e enfrentam o Monarca. Kaura e Galdan batalham e aparentemente conseguem destruir La Deus, que se revela ser em essência uma biomolécula líquida, que poderia morrer até mesmo evaporando! É meio complexo explicar um personagem como La Deus, mas é como se ele fosse ao mesmo tempo muito poderoso e muito frágil, daí todas as operações mutantes que vinha sofrendo ao longo de séculos. Keflen transporta a dupla pra uma praia aonde Red Flash então desafia Kaura e os dois – um ferido pelo combate anterior e o outro enfraquecido pelo Flash Negativo – tem seu luta final ao Pôr-do-Sol. Um dos momentos mais marcantes dos tokusatsus. Exaustos pela batalha, Kaura reconhece o valor de Din e diz:

“O sangue que se banha ao Pôr-do-Sol é muito bonito.”

Mesmo saindo gravamente ferido, Din se sobrepõe e consegue vencer Kaura. Keflen entra em ação transformando Galdan novamente em Galdez e dizendo que planejou a morte de La Deus e que agora faria com que os Flashman e o Caçador fossem mortos de uma vez, tornando-se assim o mais novo poderoso do universo. Kaura então dá sua cartada final e revela:

“Keflen, você não passa de um terráqueo que você tanto despreza.”

O Cientista se recusa a aceitar a verdade, enquanto os heróis sofrem na mão de Galdez e outra vez é Din quem faz a diferença na luta para que eles vençam o monstro. Sara, que tinha retornado, implora a um Kaura agonizante que conte a verdade sobre os pais deles e ele a leva embora novamente na sua nave. No episódio 49 Kaura deixa Sara na casa que ela havia visto no episódio 47, enquanto se lança num ataque kamikaze atirando sua nave para destruir Keflen, mas morre tentando. Emocionada, Sara descobre que o bebê no porta-retrato com o casal Tokimura tem a mesma pedra que uma pessoa do povo Planeta Flash achou na sua cápsula quando bebê e pôs na sua refração…

Ela era a filha deles!

Faltando 4 Dias para os Flashman ficarem na Terra, até o ar do planeta começa a fazer seus corpos sofrerem. Nesse momento o sangue de La Deus alcança sua máscara e ele se reconstrói sozinho e confirma as palavras de Kaura: Keflen era igual aos Flashman e fora raptado da Terra a muitos anos.

“Acha que serei controlado por um mísero terráqueo? Como Kaura disse você não passa de um terráqueo. Não é mentira! Há 300 anos você foi raptado da Terra. E esse bebê foi operado e várias experiências mutantes foram realizadas. E quem criou você fui eu!

Esse é seguramente um dos pontos mais perturbadores da série e dificilmente seria assimilado pelas crianças da época. Keflen, que tratava a todos como cobaias e se julgava um ser superior tinha a mesma origem que Sara e os demais. Pior. Havia sido submetido ao mesmo tipo de experiências tal qual ele mesmo fizera com vários seres do universo. Guardadas as devidas proporções, era o mesmo mesmo que você chegasse prum nazista e falasse que ele tem sangue judeu. E o mais bizarro: mesmo sendo humano (ou por causa disso), o que numa série mais maniqueísta seria uma clara alusão ao “Bem”, Keflen era mais monstruoso que todos os monstros que ele criou. A revelação é tão devastadora que o cientista pira de vez e transforma La Deus no Monstro La Zeuner, mas comete o mesmo erro de Kaura ao subestimar sua força e o Monarca reverte a sua forma normal ao enfrentar os quatro Flashman enfraquecidos. Enquanto isso, A Família Tokimura estava ajudando a procurar por Sara, que faz das tripas coração e decide ir ajudar seus amigos deixando somente uma carta de despedida para seus pais e irmãs. Com os cinco juntos eles vencem La Deus com dois disparos do Cosmic Vulcan (assim como fizeram com Gals) e usando o Flash King pra dar conta quando Keflen usa Medusan pra agigantá-lo na forma de La Zeuner. Porém, após a batalha a máscara do vilão novamente passa a se mover sozinha.

No episódio 50, Adeus Planeta Terra, o último capítulo e o último dia para o heróis ficarem na Terra, Keflen apela. Ele pega as biomoléculas restantes da máscara de La Deus, funde-as com Medusan e cria o poderosíssimo Monstro La Demoz, que já chega gigante. Os heróis tomam uma baita surra quando Mag revela que Sara era a filha de Tokimura e eles insistem em lutar para que sua amiga reveja os pais. Enquanto isso, os Tokimura acabam indo párar na sua antiga casa e descobrem a verdade. Com Flash King novamente destruído – O Cosmic Laser não funcionou – e poucas horas de vida restando, os combalidos heróis apelam ao Titan Jr. e ao Gran Titan. Com VÁRIOS disparos do Cosmo Flash, enfim, o maior de todos os monstros sucumbe pela terceira e definitiva vez! O quinteto então encurrala Keflen na nave do Cruzador Imperial. Nefer tenta defender seu pai e, de forma tocante, acaba morrendo em seus braços.

Recompondo-se, Keflen faz uma proposta faustiana aos Flashman. Usar seu Sintetizador Biomolecular para prolongar seu tempo de vida na Terra para sempre. Diante da hesitação de todos… a Yellow Flash revoltada destrói o nefasto instrumento do vilão. Apesar de achar o final de Metalder mais trágico, a cena da “proposta” – que é bem semelhante à feita por Neroz ao personagem do metal hero – em Flashman é superior.

Primeiro porque a proposta em si é muito mais tentadora e segunda pela reação tão humana da Sara, explodindo de raiva porque no fundo ela QUERIA ACEITAR, mas se forçou a fazer a coisa certa, recusando-se a tomar parte em experiências que tanto mal causaram a outras pessoas. Enquanto a nave explode e os Flashman deixam o local, Keflen morre como viveu… tocando insanamente seu sintetizador até o fim.

“Adeus Flashman! Adeus Planeta Terra!

Com os heróis agonizando no chão Mag os recolhe para a nave para levá-los embora da Terra, mesmo com eles implorando em prantos que elas os deixasse ali.
Como esquecer da Lu “abraçando” a Terra?

Nesse instante a Família Tokimura aparece no local e só tem tempo de gritar pelo nome de Sara enquanto mais uma vez veêm sua filha se afastar para muito longe. Já dentro da nave, Din, Dan, Go e Lu lamentam o destino da amiga. Porém Sara promete que todos eles voltariam novamente um dia à Terra… e com essa promessa os Flashman se despedem em meio às mais incríveis lembranças de suas aventuras. Um dos finais mais marcantes da história dos seriados japoneses.

Enquanto outras equipes de Sentais, como Maskman e Changeman, contavam com energia extra (respectivamente a Aura Mask e a Força Terrena) os Flashman tinham que enfrentar uma doença (o Flash Negativo) entre vários outros obstáculos para realizarem seus sonhos. A série foi superior não só no heroísmo, ou pelo roteiro mais sofisticado do que a média dos tokusatsus, mas por apostar na valorização das coisas simples da vida.

Flashman 1

Flashman não só é uma baita série de aventura e ficção científica, mas um programa de TV extraordinário que procurava mostrar a importância de coisas que parecem pequenas pra uns, e que no entanto fazem uma enorme diferença na vida: a família – incluindo aquela que não é de sangue – as lembranças de infância, a construção de uma identidade, a igualdade racial acima de preconceitos, a busca de realizar seus sonhos – ainda que pareçam impossíveis – e até mesmo a própria oportunidade de se estar vivo na Terra.

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