Bão, chegou a hora de fazer uma resenha do último filme do bebum de ferro, dessa vez CHEIA DE SPOILERS. Ou seja, se você ainda não viu o filme e quer continuar evitando spoilers (não sei por quanto tempo você vai conseguir ser bem-sucedido nisso, então boa sorte), DEIXE DE LER ESSA RESENHA AQUI leia a sem spoilers de sexta.
TEJE AVISADO!
O maior spoiler de todos
Homem de Ferro 3 começa com uma narração em off do Tony, com um flashback de 1999, onde conhece um chinês chamado Dr. Wu (que não serve pra porra nenhuma a não ser para vender o filme na China, e que só aparece por uns 4 segundos – menos na China, onde a versão do filme mostrará uma participação maior dele), Maya Hansen, a típica cientista “feia” dos filmes (que está longe de ser feia), e um jovem Steve Jobs Aldrich Killian, que leva um bolo do Tony Stark que, caso não tenham reparado, ainda é um babaca pré-Homem de Ferro (quer dizer, era MAIS babaca). Essa cena é tão obviamente a exposição dos vilões da trama que sequer dá para chamar o que acontece de “reviravolta” (embora eu a tenha chamado assim na outra resenha).
A grande moral por trás de tudo isso, no entanto, é até bem interessante: A rejeição de Killian por Tony o fez acordar para a realidade que faria parte de seus negócios dali para adiante, ou seja, o quão precioso pode ser o anonimato. Isso é um espelhamento interessante do Homem de Ferro, que no primeiro filme acorda para a vida e decide encará-la de cara limpa e aberta (ou com uma armadura, mas enfim, vocês entenderam). Ao contrário de Tony, Killian age nos bastidores, financiando atividades terroristas para criar demanda para seus produtos, cujo mais recente, no caso, é o Extremis. Ok, não é lá o mais original dos plots, mas vamos combinar que é algo que continua bem atual.
É claro que, em meio a isso, Killian quer se vingar do Tony durante todos esses anos e, correndo por fora, está Maya Hansen, que na verdade não é “má”, mas está com Killian por que acha que o Extremis (que foi ela quem criou), pode ser usado para o bem da humanidade, então é meio que uma coisa de “os fins justificam os meios”*. Toda essa trama, embora não pareça, encontra-se diretamente com o personagem Mandarim, que tem hackeado os sinais de televisão americanos de tempos em tempos para mandar mensagens de terror, além de praticar também o terror com atentados terroristas onde as bombas não são encontradas (isso por que elas são, na verdade, pessoas afetadas pelo Extremis, que não é ainda perfeito e EXPRODI AS PESSOAS em BH).
Só que o Mandarim, meus amigos, NÃO EXISTE! Sim, essa é a grande reviravolta do filme. Bem Kingsley interpreta um ator contratado para se fazer passar pelo Mandarim. Embora pareça uma chupação descarada de Batman Begins/TDKR, não é tanto. Tá bom, é, mas o ponto aqui é que, diferente dos filmes do Bátema, não existe um Mandarim mesmo, ele é um vilão fabricado por Killian por que os EUA sempre precisam de um vilão como um Bin Laden ou um Sadan Hussein para tocar o terror e causar a velha catarse no povo americano (e eles falam isso, na cara dura, no filme – nunca achei que veria isso num filme blockbuster americano). Certamente isso vai chatear muitos fãs de quadrinhos que queriam ver o Mandarim no cinema como um vilão foda, mas não dá para negar que essa mudança tem tudo a ver com a trama do filme e com o universo do Homem de Ferro nos cinemas. Mesmo tendo participado dos Vingadores, os filmes solo do Latinha sempre foram calcados na “realidade”, no sentido de sempre lidar, ainda que de forma superficial, com questões sérias do mundo real, como guerras, tráfico de armas, política e por aí vai. Ter um vilão tão teatral como sendo uma ficção produzida para alienar o povo americano é uma mensagem peculiar e reflete a historicidade dos EUA, com incidentes como o 11 de setembro, a invasão ao Iraque e até os recentes atentados terroristas em Boston.
Mas e as armaduras, a Pepper, o Patriota de Ferro, o Tony…?
Ma ma oee, ca-calmaammmm, já estou chegando lá. É claro que no meio de tudo isso, tem um Tony jogado diretamente do final de Os Vingadores e passando por um tipo de estresse pós-traumático na forma de ataques de ansiedade, por conta de ter feito algo básico como entrar num buraco negro e ir para o outro lado do universo jogar uma bomba nuclear, para depois despencar do espaço para o chão, tudo isso após passar meia hora enfrentando uma porrada de criaturas de outro mundo. Acho que é um bom motivo para se estar meio abalado.
Bem, por conta disso ele começa a construir diversas armaduras, dia após dia e noite após noite, já que não consegue dormir, e cria tecnologias para não ser pego desprevenido, como poder “chamar” mentalmente sua armadura, pedaço por pedaço, quando precisar. Isso leva a muitas cenas engraçadas, e algumas cenas tensas.
A grande sacada do filme, no entanto, não é nem a tal reviravolta do Mandarim não existir de verdade, e sim tirar o Tony da Zona de conforto dele e colocá-lo longe dos seus entes queridos e tendo que se virar só com a sua inteligência. Isso trouxe uma “volta ao básico”, e mostrou de novo aquele cara que foi esperto o bastante para montar uma armadura em uma caverna no primeiro filme.
Teve muita gente que não curtiu a inclusão de um menino no filme, que auxilia Tony em sua jornada, e até entendo. Por outro lado, acho excessivamente crítico, considerando que Homem de Ferro, ainda é, e não esconde isso neste terceiro, um filme de super-heróis. É sempre interessante ter o ponto de vista de uma criança dentro de um mundo assim. Porra, é um mundo onde tem invasões alienígenas, deuses nórdicos, monstros verdes e caras de armadura, poxa vida! Se isso não é um universo onde qualquer criança (que geralmente não tem noção do perigo) gostaria de morar, então não sei mais o que é. A única coisa que eu não gostei nesse caso foi o humor excessivo nesta relação entre os dois. Mas nada que prejudique a história.
Correndo por fora da trama do Tony temos um Happy Hogan, que se fode por que acaba no meio de uma das explosões do Mandarim (mas ele NÃO MORRE, só pra constar). Tem a Pepper, que participa bastante da ação, salva o Tony usando a armadura dele (que não sei como cabe certinho nela, mas tudo bem) e que consegue ficar amiga da cientista que o Tony já pegou, só para SE FODER também por causa disso, e o James Rhodes, que deixa de ser o Máquina de Combate para ser o Patriota de Ferro. O que na verdade não é nada demais (mesmo): o presidente do filme fez o que os presidentes americanos sempre fazem em épocas de “crise” na vida real: criam um símbolo de esperança para o povo americano. Em resumo, repintaram a armadura para ela parecer patriótica e colocaram um nome mais…er… Patriótico e menos agressivo do que Máquina de Combate (na verdade, Máquina de GUERRA, na tradução literal). Uma armadura na qual Rhodes quase nunca está dentro. Todo mundo usou essa porra, até o presidente dos EUA (mas calma, oeee, o presidente não salva o mundo usando a armadura do Patriota, fiquem tranquilos), enquanto Rhodes teve que se virar quase o filme inteiro com a “roupa do corpo”.
Homem de Ferro 3 também consegue a façanha de fazer uma trama nada a ver com o filme dos Vingadores, e ao mesmo tempo falara PRA CARALHO sobre os acontecimentos do filme. Acho que a cada 15 minutos tem alguém lembrando do que aconteceu. Isso acho que até foi um pouco exagerado, mas justificável, considerando que Tony estava sofrendo de problemas advindos diretamente disso. Mas não é preciso ter assistido os Vingadores para entender a trama do filme.
Por último, algumas coisas até interessantes: Pepper é infectada com o Extremis e salva o dia, matando o Killian usando seus poderes (inclusive tem gente boatando que ela seria a Miss Marvel em Vingadores 2, mas eu duvido, até por que Tony explica no fim que ela foi “curada”). Outras são basicamente uma chupação de TDKR: Tony resolve destruir TODAS as quase 50 armaduras que ele fez, promete a Pepper que vai curá-la do Extremis, e já que faz isso, aproveita pára remover o estilhaço do seu peito e volta a ficar “normal”, sem precisar daquele minirreator arc no meio do tórax (nossa, se era tão fácil, por que não fez isso antes?).
Aí vem uma coisa estranha: Antes de ver o filme, li umas resenhas sem spoilers que diziam que o final do filme espelhava o final do primeiro, só que ao invés do Tony dizer “Sou o Homem de Ferro”, ele dizia “Sou Tony Stark”. Qual foi minha surpresa quando, bizarramente, ele termina o filme dizendo, igual ao primeiro, “Sou o Homem de Ferro”. Hein????? Achei bizarro por que ele dizer “sou o Tony Stark” tem TUDO a ver com o filme, e principalmente com o final, onde ele deixa de ser um cara dependente da tecnologia e passa a virar apenas um homem “comum”. Essa fala final, provavelmente adulterada (por que dá a impressão que o áudio foi sobreposto), me pareceu MUITO estranho. E sem explicação. Se alguém tiver alguma ideia do que houve, me avisem.
Para finalizar, a cena pós-créditos: O filme encerra a narração in off do Tony do começo do filme, mostrando que ele estava contando toda a história para Bruce Banner (Mark Ruffallo), meio que como se estivesse num divã em terapia. Só que Banner cochila com a história, e diz que “não é esse tipo de doutor”. Mas o Tony caga pra isso e continua contando sobre sua vida. Não é uma cena imperdível, mas é extremamente engraçada. E está diretamente ligada à trama do filme (pois revela para quem Tony estava narrando a história toda).
Assista a cena pós créditos clicando aí na imagem – se é que já não saiu do ar
Bem, eu ainda mantenho minha nota 8. Mas eu sei que o filme não é lá essas coisas. O ponto é que eu nunca espero nada dos filmes da Marvel, além de uma boa diversão. Dentro desse nível de expectativa, não tenho muito do que reclamar do filme.
Agora, depois de tudo o que eu contei nessa resenha, nem sei se vale a pena você, que ainda não viu o filme e leu tudo, ir ao cinema assistir, ehehuehuehueheuheuheuheuehuehueheuheuh
Nota: 8 (ainda)
*Uma frase, diga-se de passagem, atribuída à Maquiavel, mas que está errada, eheuheuehueh (não quanto à autoria, mas quanto ao que foi dito).