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Rio

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O brasileiro é bem caipira. Frequentemente ignoramos o mundo lá fora e só vemos o nosso umbigo. Cristiano Ronaldo? "Joga nada, é metrosexual" e ignoramos que o cara é titular absoluto do Real Madrid jogando em alto nível fazendo piadas babacas. Beleza natural? Ora, nenhum lugar é tão lindo quanto o Brasil, certo? Arrã.

E ao mesmo tempo que temos esse complexo de superioridade dividindo espaço com o de vira-lata temos essa pretensão de que só brasileiros podem falar do Brasil. Caipiraço. Por isso, se um brasileiro faz uma animação chamada Rio, relaxamos. Afinal, ele vai entender a cidade maravilhosa, né?



Acho tosco pra cacete uma coisa. Nós, nerds, passarmos anos defendendo que Hugh Jackman não devia mesmo ter usado colete amarelo ou que não importa este ou aquele detalhe desde que o filme respeite a concepção dos nossos personagens favoritos. Aí, você tem uma animação que respeita o Brasil e seu principal cartão postal e vemos gente reclamando o tempo todo de que no Rio não tem isso ou aquilo. Que carnaval não é daquele jeito. Que na capital fluminense não tem aeroporto clandestino. Meu Deus...

Sério, cansa.

Rio é um filme honesto, mas comercial. E como qualquer produção comercial não tem compromisso com a Embratur, mas com o público. Mesmo assim, em momento algum, o diretor Carlos Saldanha usa essa desculpa para fazer um filme apelativo.

O filme conta a história do pássaro Blu, uma arara azul que nasceu no Rio de Janeiro mas foi capturada na floresta da Tijuca e acabou nos EUA. Lá é criada pela norte-americana Linda com muito ovomaltine até que o pesquisador Túlio entra na vida da dupla ao revelar que Blu é o último macho da espécie e poderia se reproduzir acasalando com a única fêmea viva, Jade, que está no Rio de Janeiro. Chegando lá, o casal de araras acaba capturado por uma quadrilha de venda de aves raras e precisam se unir para escapar do cativeiro.



Rio é uma animação bacana sobre a liberdade e a cidade maravilhosa. Usa de clichês e alguns incomodam mesmo - como o fato do herói brasileiro parecer mais um americano do que brasileiro fisicamente - mas no geral nenhum estraga a história. Não é uma produção ufanista - até porque essas a galera costuma vaiar quando passam na TV Cultura - mas é absolutamente respeitosa com o Brasil. Minha esposa chorou várias vezes durante a exibição por lembrar do Rio de Janeiro, cidade que deixamos para viver em São Paulo. Eu lembrei muito do Rio, mesmo que muitos estereótipos ali digam muito pouco para mim: um carioca que não curte samba.

Você se diverte com a Lapa, o bondinho e o sambódromo. Qualquer um que saiba um mínimo de carnaval, sabe que não é tão bagunçado assim entrar no meio do desfile como na parte final (ops, spoiler). Mas e daí? Nós não nos preocupamos com coisa pior em filmes que não se passam no nosso País. Porque exigimos tanto carinho e tanta fidelidade em uma arte que trabalha com ficção e imagem? Será mesmo que filmes passados no Brasil precisam ser mais realistas do que o cinema?

Saldanha trabalha bem demais em toda concepção estética do filme e em sua mecânica. Seus personagens são expressivos e absolutamente verossímeis com a fauna tropical. O roteiro de Rio surpreende pouco, mas trabalha bem os conflitos entre Blu e Jade, embora algumas vezes esqueça de Tulio e Linda. Os coadjuvantes talvez sejam o ponto forte do script de Saldanha e Don Rhymer.

Você pode se divertir com o filme ou sair reclamando que o Brasil não é assim e tal e desprezar um trabalho bacana e respeitoso sobre nossa cultura (nesse caso, divirta-se com a matéria pertinente da revista Época listando os "erros" da película). Eu preferi entender que Rio é só um filme. E bem legal.

Nota: 8

Você pode ler a crítica da jornalista Isis Nóbile Diniz aqui.

Bugman tem saudades do Rio

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