Frank Darabont – o cara por trás de obras como Um Sonho de Liberdade, À Espera de um Milagre, O Nevoeiro e a priemira temporada de The Walking Dead – será o roteirista de um novo longa metragem estrelado pelo Rei dos Monstros, Godzilla.
O diretor responsável pelo longa metragem será Garett Edwards (que fez Monstros). Os dois estão trabalhando na adaptação, que pelo visto vai passar longe do clima farofa do filme do Roland Emmerich com o Matthew Broderick.
Darabont participou de uma mesa redonda no site IO9 falando sobre a história e sobre as metáforas que envolvem o personagem, que foi inicialmente criado nos anos 50 como representação da ameaça nuclear que imperava no mundo:
Godzilla tem suas origens como uma alegoria para a bomba atômica, mas hoje é mais um filme simples de monstro. Você quer restaurar algo dos significado alegórico para a franquia?
Frank Darabont: O que eu achei muito interessante sobre Godzilla é que ele começou definitivamente como uma metáfora para Hiroshima e Nagasaki. E também alguns dos testes da bomba atômica que os EUA estavam fazendo no Pacífico Sul nos anos seguintes. Godzilla era aquela terrível e gigantesca força da natureza que vem e pisa na sua cidade. Filtrada através das imaginações muito fantasiosas da percepção japonesa. E então ele se tornou Clifford o Grande Cão Vermelho nos filmes seguintes. Ele se tornou o mascote do Japão, tornou-se o protetor do Japão. Outro grande monstro feio iria aparecer e ele lutaria com esse monstro para proteger o Japão. Uma mudança que eu nunca entendi muito bem.O que estamos tentando fazer com o novo filme não é não torná-lo exagerado. Nós estamos fazendo um tipo de exame que dê um novo olhar para o personagem. Mas com muito da tradição do primeiro filme. Queremos que ele seja uma força terrível da natureza. E o que foi muito legal, para mim, é que havia um drama humano muito convincente que eu tenho que criar para o filme. Não é aquele romance clichê mal disfarçado ou um bromance (Nota do Corto: Bromance é um tipo de abreviação pra “Romance de Brother” ou como são chamados em Hollywood as histórias de Amizade), ou o que seja. É diferente, é um conjunto diferente de circunstâncias do que você está acostumado a ver. E isso é tremendamente excitante como um escritor quando você está convidado a fazer outra coisa.
Godzilla vai representar um tipo diferente de metáfora, algo com o que estamos lidando hoje em alguma cultura?
Frank Darabont: Eu acho que sim, mas eu acredito que há uma margem de interpretação. Eu amo deixar algumas migalhas sobre a mesa para a audiência para conduzir o raciocínio deles. Deixe-os trazer algo para o filme também. É por isso que um filme como À Espera de um Milagre é tão satisfatório ou por O Nevoeiro é tão satisfatório para mim. Porque mexe com a participação do público e têm essa interpretação. Eu ouvi metáforas que as pessoas aplicam Um Sonho de Liberdade, por exemplo, que são fantásticas que eu nunca, nunca teria pensado. E eu digo, você sabe o quê? Você está absolutamente correto. Isso é exatamente o que ele significa para você. E como é satisfatório para mim ter servido você esta refeição e você identificar sabores nela que a qual eu nunca sequer os destinei. Essa é uma das grandes recompensas do que fazemos.
E depois também você finge que fez isso de propósito.
Frank Darabont: Isso às vezes é verdade. Depende de quanto você quer que sua bunda seja beijada.
Sua visão irá conectar o filme a uma questão contemporânea diferente?
Frank Darabont: Sim, irá, mas eu não vou falar agora.
Eu também nunca entendi exatamente quando foi que o Godzilla deixou de ser um vilão e virou um herói nas inúmeras produções cinematográficas japonesas das quais participou. Mas creio que o Darabont começou com o pé direito. Sempre acredito que os filmes – e as histórias de ficção em geral – precisam ser trabalhados de dentro pra fora, ou seja, você tem que ter uma temática em mente pra se nortear e pensar na história subjetivamente antes de dar a ela uma aparência.
É isso que potencializa que as pessoas interpretem o significado da obra e acrescentem suas próprias interpretações. A outra alternativa é você seguir uma cartilha sem entender do que realmente você está tratando e o resultado é sair um filme vazio, como foi o caso do Lanterna Verde do Martin Campbell.
Darabont tem uma matéria-prima muito interessante nas mãos e tá prometendo explorá-la fugindo dos clichês. Espero que dê certo. Ele sempre seguiu uma linha de se concentrar mais na história do que nos efeitos especiais. E reparem que no trailer do filme original de 1954 o próprio Godzilla mal aparece.
E agora veja como tem certa semelhança com o trailer de Monstros, dirigido pelo Garret Edwards: