
Minha santa avózinha (que deus a tenha em bom lugar) já falava que se tem de explicar demais é porque alguma coisa está errada...
Pois então negada, Kevin Monroe, diretor responsável pelo último filme das Tartarugas Ninja (aquele em computação gráfica) e pelo vindouro (em termos de estréia) filme de Dylan Dog, Dead of night soltou algumas declarações sobre este último filme em seu perfil oficial no Facebruik. Com o título de "DUDE WHERE'S MY GROUCHO?" (mais "I know right!" impossível), Kevin comentou sobre as exibições do filme em Roma, na ComicCon de São Francisco e em Hollywood (a parada estréia mesmo em 29 de abril) e respondeu algumas das principais críticas dos fãs do personagem contra a adaptação.

Primeiro e mais importante: Cadê o Groucho? E ele começa com uma miguelada, dizendo que o filme não pretende substituir o cânone das HQ's (ufa! achei que pretendia...), que ele encara o seu Dead of Night como uma "continuação" dos gibis - nos quadrinhos, Dylan morava em Londres, tinha um ajudante chamado Groucho e implicava com o Inspetor Bloch da Scotland Yard. Pois bem, agora ele se mudou para Nova Orleans e tem um ajudante chamado Marcus. Bloch e a Scotland ficaram em Londres, naturalmente. Claro, essa é a desculpa fantasiosa, ou seja, aquela que se enquadra à trama do filme. A real é que a produção não tinha l'argent nem para usar a imagem do humorista Groucho Marx nem para filmar em Londres. Sobre o lance do Groucho inclusive, Monroe diz que o gasto para tê-lo seria o equivalente aos custos de filmagem quase por inteiro! Jimmy Olsen Marcus então ocupa o espaço exato do bigodudo fumador de charuto: ele é o alívio cômico, faz piadas de humor afrodescente, é o confidente e auxiliar de Dylan. Para o diretor, isso é a síntese do papel de Groucho, e tanto faz se ele se chama assim ou se chama Marcus (aham, Cláudia...). Agora, a pergunta que não quer calar é: como a Bonelli consegue publicar zilhões de gibis com o shape de Groucho Marx estampadão sem pagar royalties?

Bem, os gringos também reclamaram do carro do Dylan. Nas HQ's ele usa um fusca branco, do tipo cabriolé. No filme ele tem um fusca preto (não sei se cabriolé, mas provavelmente deva de ser). Segundo o diretor, a mudança aconteceu porque ele ouviu alguém dizer, que leu em algum lugar que a Disney pode ter direitos sobre o uso de fuscas brancos em filmes (por conta do Herbie, de Se meu fusca falasse). O próprio pamonha do diretor disse não saber se essa parada é verdade, mas preferiu não arriscar.
Monroe também comentou do tom do filme, que difere do tom das HQ's. Ele disse entender quem curte a linha melancólica dos gibis, mas que no cinema, ver um detetive do pesadelo entediado e melancólico seria... chato (então ele optou por uma saída mais, digamos... elegante).

No mais, acrescentou que algumas coisas seguem como nos quadrinhos, e que a produção lutou para conseguir manter, como Dylan se sentir mais confortável na presença de monstros do que de pessoas, de ter trabalhado na Scotland com Bloch no passado, de não beber nem fumar (eu jurava que o Dylan bebia), de ser tecnofóbico (ele não usa celulares, computadores, câmeras digitais), de usar seu velho revólver Webley (cara, eu sempre achei que era um Nagant), de ainda tocar clarinete, ter um galeão inacabado e sempre dormir com as clientes. E o diretor acrescenta que tanto Dylan Dog, a HQ, quanto ele, buscaram referências no mesmo material para se construírem, os velhos filmes de monstros de antigamente, baseados em pessoas maquiadas e tal, e que portanto, mesmo com todas as mudanças, ainda é um filme de Dylan Dog. E arrematou dizendo:
At the end of the day, in my experiences, there are two types of fans: first, the ones who have this great thing they love and they want to share it with as many people as they can so others can enjoy it as much as they do. The second type are the fans who have a precious little stone, and are so protective of it that they never let it go for anyone to enjoy, or share with the world unless it fits their interpretation of the material to a T.
...I make movies for the first crowd.
Em resumo: "existem os fãs camareira de motel e os nerds xiitas leitores do MdM que reclamam de tudo. Eu fiz o filme para os fãs camareira de motel, que acham tudo gozado. Quem não gostou e está de mimimi que faça melhor."
Cara, e aí? Tirando a parada do tom, vamos pensar friamente nas mudanças. Com certeza, Groucho e Londres são as mais sentidas e se a falta é grana não tinha mesmo muito como contornar (talvez NÃO fazendo o filme, né?). Ainda que Nova Orleans como opção não me desagrade completamente - lá tem toda a parada do voodoo, da influência dos negros e tal, o jazz e o blues que podem dar um pouco do ar refinado e de terror eminente que a coisa pede. Ou seja, é uma saída ruim mas ainda é a melhor saída. Agora, a falta do Groucho é realmente de doer, porque a imagem dele, no gibi, já é uma piada pronta. Talvez tenha faltado ao diretor a percepção, simples, de que sendo ambos, quadrinhos e cinema, artes predominantemente visuais, o visual faria diferença. Nas HQ's são inúmeras as vezes que o Groucho entra em cena e não diz uma linha, mas sua cara destoante, caricata por si só, já diz tudo. Uma expressão que Sam Huntington, com sua cara de mamão, não tem.

Agora, o que o diretor se omitiu de responder (e que está implícito no lance do tom do filme) é o óbvio: Dead of Night é PG-13! Caceta, como fazer um filme de zumbis, monstros e gostosas fugindo em camisolas transparentes e esvoaçantes num filme PG-13? Se bobear, nem o Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, conseguiria entrar num filme PG-13... É ou não é, Calunga?
/blogs/melhoresdomundo/2011/04/15/explicacoes_sobre_dylan_dog/
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