Quando eu era criança tinha dois personagens de cujos poderes eu tinha inveja. Um era o Super-Homem. A outra era a Evie, da série A Extraterrestre.
No dia do seu aniversário de 13 anos a garota Evie Garland (Maureen Flannigan) descobria estranhos dons. Ela podia párar o tempo juntando as pontas dos dedos indicadores e fazer o tempo voltar a correr juntando as palmas das mãos. E se ela quisesse liberar somente uma ou outra pessoa do “transe coletivo” bastava apenas tocar nela. É o que Evie faz a primeira vez com sua mãe Donna (Donna Pescow) e seu tio Beano (Joe Alaskey) e eles então lhe contam a verdade sobre sua origem.
Anos atrás Donna se envolveu e casou com o misterioso Troy, pai de Evie. Um dia Troy revelou ser um alienígena ao dizer que precisava regressar para lutar uma guerra em seu planeta, Antareus, deixando Donna grávida da filha deles. Como a raça extraterrestre de Troy é muito superior a raça humana Evie herdou os super poderes do pai. Logo a família descobre que Troy deixou uma espécie de um Cubo com qual consegue se comunicar com a mulher e a filha que nunca viu e assim orientá-la sobre usar como seus poderes com responsabilidade.
A partir daí começam as aventuras da adolescente, que sempre arrumava ou tentava se livrar de alguma encrenca, congelando e descongelando o tempo, entre outros poderes – que Evie vai descobrindo com o correr das temporadas do seriado – enquanto tenta crescer como uma garota normal e permanece a espera de um dia poder de fato encontrar o pai. Curiosidade: no áudio original Troy era dublado por Burt Reynolds.
A Extraterrestre (Out of This World no original)durou quatro temporadas, de 1987 a 1991 nos EUA. Por aqui passou nas manhãs do SBT, o qual eu tenho quase certeza que não a exibiu completa. Pelo menos, quando saiu do ar nunca teve direito a uma reprise decente. Mesmo assim, a atração fez sucesso no Brasil, embora seja bem menos lembrada hoje do que outras sitcoms que passaram pela telinha da emissora do Silvio Santos, como Punky – A Levada da Breca, Galera do Barulho, Blossom, Três é Demais, Um Maluco no Pedaço ou até os infames Guerreiros Tatuados de Beverly Hills. Senão me engano a dublagem pro português foi feita pelo Estúdio Elenco. Cecilia Lemes fazia a voz de Evie, Isaura Gomes dublava Donna e Osmiro Campos dublava o Tio Beano.
Apesar de ter a estrutura narrativa comum de uma sitcom, era muito mais divertido pela forma como cada episódio transcorria por alguma situação envolvendo os poderes da protagonista que muitas vezes levavam sua mãe e a pequena cidade de Marlowe a loucura. Conforme a paralização do tempo foi ficando manjada, a história vai mostrando outros dons que Evie herdou de Troy, como a Telecinese, o Teletransporte, Voar, Hipnose, a resistência a altas temperaturas etc. Num dos episódios a garota descobre que seu rosto também mudava de cor conforme seu estado de humor… que por sinal era um efeito especial meio tosco do seriado.
Isso tudo ocorria devido ao fato de que Troy tinhas poderes quase ilimitados, tanto que mesmo no distante Antareus podia tomar os poderes de Evie caso ela os usasse mal. Mas Evie sempre se esforçou pra ser uma boa menina e o pai dizia que a filha era a “criança perfeita” não por seus poderes, mas por sua bondade.
A série também era recheada de coadjuvantes cômicos. Além do bonachão Tio Beano, o único terráqueo além de Donna que sabe a verdade sobre Evie, o mais notável era o Prefeito Kyle Applegate (Doug McClure), um ex-ator vaidoso e burro que cuida de Marlowe e sempre termina envolvido nas confusões da Família Garland, entre outros personagens que apareceram e sumiram durante as quatro temporadas. Também eram importantes na trama Chris (Steve Burton), o namorado mais presente de Evie, e Lindsay (Christina Nigra), sua melhor amiga, que nunca chegaram a conhecer o segredo da menina.
A Extraterrestre teve três mudanças significativas ao longo do tempo. Durante a terceira temporada, Donna – que iniciou o seriado como diretora de um colégio para criança superdotadas onde Evie e Lindsay estudavam – torna-se a nova Prefeita de Marlowe, nomeando Kyle para o cargo de chefe de polícia da cidade. Já no meio da quarta temporada Joe Alaskey saiu da série, fazendo com que os produtores introduzissem o personagem do Tio Mick (Tom Nolan), um outro irmão de Donna que nunca tinha aparecido antes, numa daquelas mudanças bizarras tipo O Elo Perdido (quem assistiu sabe do que eu estou falando).
Totalmente diferente de Beano, cujo maior característica era ser guloso e dono de uma Clinica de Dieta, Mick fazia uma linha ex-roqueiro quando vinha morar com a Família Garland, mas acabou ficando pouco tempo pois A Extraterrestre chegou ao fim alguns episódios após sua estréia. Na verdade ela foi cancelada pela MCA (emissora que a exibiu nos EUA) e o último episódio terminava com um gancho para a temporada seguinte nunca produzida: Troy vinha visitar Evie na Terra e ficava preso aqui, enquanto Donna por sua vez era acidentalmente transportada para Antareus.
Porém, a maior mudança de todas com o passar do programa foi a própria atriz principal, Maureen Flannigan, que começou bem novinha e praticamente cresceu junto com a série. Inclusive, dizem que o fato dela ter 18 anos na última temporada foi o que motivou o encerramento da atração, já que série tinha um público alvo infanto-juvenil e a protagonista já estava quase adulta.
No entanto, de toda aquela geração que estrelou seriados adolescentes na virada dos anos 80 pros anos 90 a Maureen Flannigan pra mim era a atriz mais bonita de todas. E até hoje ela é muito linda.
Veja abaixo o primeiro e o último episódio do seriado em inglês: