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A gente lemos: Astronauta – Magnetar

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Uma proposta inovadora que começa pela mais profunda solidão…

Quando, no FIQ do ano passado, nosso grande amigo da Moóca Sidney Gusman (que tem o péssimo defeito de ser corintiano) anunciou a série de graphic novels estrelada por personagens do Maurício de Sousa, não houve quem não se entusiasmasse. E não só pela iniciativa inédita, mas também pelo time de pesos-pesados escalados para cuidar da missão – entre eles estava nosso chégas Danilo Beyruth, cuja carreira nos quadrinhos, até o momento, não tem um, unzinho sequer ponto baixo.

Astronauta – Magnetar (ou “Manouar”, como diria o Paulo Ramos) não é este ponto baixo.

Assim como os demais álbuns, roteiro e arte são do mesmo autor, e Danilo arrebenta ao mostrar um Astronauta envolvido numa enrascada por culpa de sua própria negligência, uma enrascada que pode lhe custar a vida. É uma história crua sobre solidão, sobre um tal isolamento que pode acometer os mais diferentes sujeitos nas mais diferentes situações, não sendo necessário que se esteja no espaço – taí a nota do Amyr Klink que não me deixa mentir.

O trabalho narrativo de Beyruth é impressionante, como sempre. Ele conduz a história passo a passo pela processo doentiamente rotineiro do personagem de Maurício, e não houve quem não se espantasse quando ele deixa claro que, por mais que os dias pareçam séculos quando se anda em círculos, esses séculos podem passar muito rápido quando a sua sanidade está em jogo.

Se trabalhar com o o Astronauta foi como brincar com o brinquedo de outrem, Beyruth o faz com uma elegância de dar inveja a qualquer Zack Snyder de esquina – seu Astronauta é absolutamente fiel, sendo precisamente particular. Não, ele não veste um ovo azulado, do contrário, sua indumentária lembra muito mais Escafandrista (Mergulhador do Turbo Submarino) dos Comandos em Ação, mas há que se concordar com ele que aquele ovinho não era lá muito funcional. E, ainda assim, o velho Beyruth dá seu jeito de fazê-lo brotar na trama… Se até mesmo a nave esférica do personagem é figura certa, porque não o traje clássico?

Nas cores, Cris Peter, essa gracinha, também segura bem a onda. Confesso que, após a virada da trama, eu teria gostado mais de umas cores mais suaves, menos plásticas, mas a colorista vencedora do Eisner é ela, não eu. Entretanto, apesar desse meu #mimimi, em nenhum momento ela se compromete ou compromete a trama, muito pelo contrário, é o seu trabalho que faz com que o infinito do cenário onde a história se passa tenha toda a grandiosidade que lhe é necessária.

Por fim, eu tenho até dores de pensar que Magnetar é apenas o primeiro trabalho de uma série que vem por aí – e que começou estabelecendo um nível bem alto. Sorte que, nas mãos de Vitor e Lu Cafaggi, Gustavo Duarte e Shiko, a chance desse nível cair é muito, mas muito pequena.

Astronauta – Magnetar. De Danilo Beyruth, com cores de Cris Peter. Maurício de Sousa Produções/Panini. 80 páginas. R$ 19,90 (capa cartonada).

Nota: 9



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