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A gente lemos: Salomão Ventura Caçador de Lendas apresenta: Zona do Crepúsculo

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Vampirinhos glamurosos? Lobisomens juvenis criados a leite com pêra e ovomaltino? Nãããããããão!

Muito antes do advento desses vampiretes pederastas e dos tantos bobos tons de cinza que eles inspiraram, a palavra Twilight, na cultura de massa, inspirava outras coisas, evocava outras coisas. Algo mais ou menos assim:

“Há uma quinta dimensão além daquelas conhecidas pelo Homem. É uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito. É o espaço intermediário entre a luz e a sombra, entre a ciência e a superstição; e se encontra entre o abismo dos temores do Homem e o cume dos seus conhecimentos. É a dimensão da fantasia. Uma região Além da Imaginação.”

Sim, a Zona do Crepúsculo, de Giorgio Galli, está falando da Twilight Zone, a nossa velha Além da Imaginação. O gibi independente, com selo do Quar4o Mundo, traz três curtas histórias fantásticas: “Em pedaços”, com o Sargento “Mucky” Malone enfrentando um inesperado destacamento do Eixo; “Para provar que Deus existe”, onde o velho Amadeus, às portas da morte, promete mundos e fundos para realizar a proposta do título e, por fim em “O último homem da Terra”, temos Alex, um cidadão que conseguiu perder o último voo para fora de nosso condenado planeta.

Obviamente, as tramas seguem o Além da Imaginação Style: um esforço de ambientação inicial, um breve desenrolar da trama e uma virada para o encerramento. E ainda que o roteiro siga essa estrutura fixa, é notável o quanto Galli se esforça em fazer a arte de cada história de um jeito: muitos tons de cinza na primeira, preto e branco puro na segunda e retículas na terceira. E se falamos de arte, destaque para a bela capa de Clóvis Brasil.

Como toda compilação de histórias curtas (mesmo que seja uma compilação também curta, tu dum tschiiiii) Zona do Crepúsculo tem lá sua irregularidade, e Giorgio foi sagaz em abrir a revista com o conto “Em pedaços” que é, de longe, o melhor do álbum e que, na minha opinião, captura os melhores episódios da série original, aqueles mais crus, mais secos e, por isso mesmo, mais perturbadores. “Para provar que Deus existe” serve bem como elemento de passagem, ali no meio da edição, mas é onde a arte mais sofre. A trama, salvas as devidas proporções, me lembrou “O Santo que não acreditava em Deus”, do João Ubaldo. No fim, “O último homem da Terra” acaba fechando mal o álbum, até por apresentar uma virada pouco inspirada na trama, otimista demais pro meu gosto.

Enfim, com Salomão Ventura Apresenta: Zona do Crepúsculo, Giorgio Galli (de quem já li algumas HQ’s do próprio Salomão Ventura, o caçador de lendas) aponta um caminho bacana onde pode se dar muito bem – o das histórias curtas, plenas de realismo fantástico, com finais inesperados. Fiquei na seca de ler uma HQ do Ventura nessa vibe…

Salomão Ventura Caçador de Lendas apresenta: Zona do Crepúsculo, de Giorgio Galli (roteiro e arte), capa de Clóvis Brasil. 22 páginas, preto e branco. R$ 3,00 (à venda na webstore do facebook: www.facebook.com/SalomaoVentura

Nota: 7



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