
Recentemente saíram novidades envolvendo o Ursinho Pimpão Maconheiro e seu criador mucho loco, Seth Macfarlane, que o Bugman já falou aqui antes.

Segundo o Portal EBC, o Secretário de Justiça Paulo Abrão decidiu manter a classificação indicativa do longa metragem em 16 anos “por conter drogas, conteúdo sexual e linguagem imprópria”. Apesar de todo o carnaval causado pelo Deputado Protógenes Queiroz, que após ver o filme com seu filho de 11 anos e ficar indignado com seu conteúdo tentou promover uma campanha para proibir sua exibição nos cinemas brasileiros através do twitter.
Após ser ridicularizado o Deputado tentou um pedido de reclassificação de 16 para 18 anos. Seguindo o Guia Prático da Classificação Indicativa o Secretário salientou o óbvio: que além da atual classificação destacar todos os elementos impróprios para menores a obra tem um contexto cômico que minimiza o impacto dos temas abordados.
Esse caso do Protógenes é bem emblemático sobre como algumas pessoas usam a internet pra tentar vencer no grito exercendo uma pressão pelo simples motivo de que não conseguem conceber a idéia de que aja outras pessoas que pensem diferente. Não vi ninguém comentar isso, mas existe um perfil do Ministério Público no twitter que atende como Classificação Indicativa. Esse perfil tentou um diálogo com o Deputado explicando que o filme não era infantil e perguntando qual era a dúvida dele. Foi retumbantemente ignorado por Protógenes em meio a sua cruzada virtual.

E pra mim isso foi o mais grave. Porque uma figura pública que conclamou a população a um debate público sobre uma obra de ficção não pode se dar ao luxo de fugir da argumentação alheia só porque ela não atende a conveniência de seus desejos e torna flagrante seus preconceitos.
Ted é uma sátira bem humorada e ao mesmo tempo ácida a geração que cresceu consumindo tudo da cultura dos anos 80/90 e que, de certa forma por isso mesmo, não cresceu. Até o uso de drogas por parte dos personagens faz parte de um contexto que eu dificilmente acredito que possa ser analisado por uma visão reducionista que aponta que mostrar o Ted fumando maconha signifique incentivar o consumo da mesma e que a figura infantil do ursinho é um chamariz pra atrair criancinhas inocentes pra esse universo.
Claro que Protógenes tem todo o direito de ter uma leitura crítica completamente diferente da obra e do cinema comercial norte-americano em geral, mas não de querer que todos pensem igual a ele ou ainda de rotular pessoas que pensem diferente como adeptas dessa ou daquela outra tendência política ou cultural.
Quando ele diz “Não aceitamos mais um enlatado cultural americano” transforma uma mera variação de opinião baseada em gostos pessoais e cultura adquirida numa patética batalha maniqueísta, onde o que é bom e o que é ruim, numa discussão totalmente subjetiva, rapidamente se transformam numa preconceituosa polarização entre o “certo” e o “errado”.
Tudo por causa de um ursinho…
Ou seja, é inconcebível um Deputado eleito pelo povo ficar brincando de troll na internet.

Enquanto isso, do outro lado do mundo… o realizador de Ted, Seth Macfarlane – muito mais conhecido por ser o criador das séries animadas Family Guy, American Dad e The Cleveland Show – colheu os louros do sucesso de seu longa metragem politicamente incorreto.
Pra surpresa geral, Macfarlane foi escolhido para apresentar a Festa do Oscar 2013. Ele substitui assim Eddie Murphy que pulou fora do projeto depois que seu chapa Brett Ratner, que iria dirigir a festa da premiação, também saiu após declarações polêmicas a imprensa.
Acontece que o Macfarlane sozinho é muito mais polêmico e politicamente incorreto que o Murphy e o Ratner juntos e ninguém tem idéia do que ele vai fazer na festa mais importante e tradicional – e por isso mais careta – da história do Cinema.
Será que ele vai adotar um estilo mais moderado, ou vai ligar o FODA-SE que nem o Ricky Gervais quando apresentou o Globo de Ouro?
Bem que podiam convidar o Gervais pra apresentar alguma cerimônia de posse no Congresso Nacional…