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Mitos Cinematográficos: Filmes do John Wayne São Ultrapassados

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A não ser que a frase se refira aos filmes que Wayne realizou como diretor – esses eram bem ruinzinhos mesmo – ela é de uma ignorância imensa.

Wayne era um ator extremamente limitado, concordo, mas O Duke foi o primeiro brucutu do Cinema! E repare bem, ele trabalhou com grandes mestres da Sétima Arte como Raoul Walsh, John Ford, Howard Hawks, John Huston, Henry Hathaway, Don Siegel etc. Isso porque ele era mais que um ator, era um arquétipo. Essa é a verdadeira magia do cinema, transformar um de escassos recursos dramáticos num verdadeiro mito.

O que muita gente não se dá conta é que falando mal de um filme do John Wayne você pode estar correndo o risco de falar mal de um filme do John Ford, o cineasta que era chamado de Homero do Western, e pra alguns o maior diretor de cinema de todos os tempos. E, apesar de também achar Wayne um péssimo ator, Ford terminou por elegê-lo seu alter ego em diversos histórias, especialmente na trama quase biográfica de Depois do Vendaval.

Já a forma como Ford utilizou Wayne em No Tempo das Diligências era exemplar. Vivendo o papel de Ringo, ele era um dos inúmeros protagonistas do filme e sua única função era ser o herói destemido do grupo dentro da diligência, ao lado da prostituta boazinha, do médico bêbado, da grávida carente, do jogador amoral, do vendedor tímido, do condutor bonachão etc…. ou seja, ele era um elemento de um grupo cujo todo era maior que a soma da partes.

Guardadas as devidas proporções é um efeito bastante semelhante ao empregado por Joss Whedon ao colocar Chris Evans como Capitão América em Os Vingadores, onde ele se saiu melhor do que no filme solo. O próprio Wayne reconhecia suas limitações quando dizia que era a projeção de uma imagem.

Imagem essa que graças ao talento de grandes diretores se consolidou como um ícone de um gênero, ou mesmo de um país – o eterno caubói tornou-se um símbolo dos valores norte-americanos para o bem e para o mal – já que trabalhou em obras primas os cineastas sabiam que podiam dispor da imagem do caubói simples, de valores tradicionais e antiquados, cabeça dura, porém valente e honrado para criar um contraste significativo com outros personagens, em constantes variações de ponto de vista entre o bem e o mal dentro do mesmo arquétipo.

Lógico que ele também participou de produções bem inferiores, mas sempre será lembrado pelos clássicos.

Em Sangue de Herói ele é a nobreza simples da cavalaria frente a arrogância assassina de Henry Fonda; em Rio Vermelho ele é o velho frente a juventude de Montgomery Clift; em O Céu Mandou Alguém, ele é o bandido de bom coração frente a inflexibilidade do xerife de Ward Bond; em Rastros de Ódio – pra muitos seu melhor papel – ele é o preconceito e a amargura frente a bondade e a esperança de Jeffrey Hunter; em Depois do Vendaval ele é o remorso e a consciência enquanto Victor MacLagen é a violência desenfreada; em O Homem que Matou o Facínora ele é uma flor de cactus enquanto James Stewart é um livro e Lee Marvin é uma arma; Em O Último Pistoleiro ele é a morte, enquanto Ron Howard representa a vida.

Mesmo que na vida real John Wayne não fosse tão parecido com sua persona heróica dos filmes, mesmo que não tenha lutado em nenhuma guerra, mesmo preferisse ficar no seu barco ao invés de cavalgar pelas pradarias do oeste americano… ele se tornou um símbolo. E no inconsciente coletivo símbolos são maiores do que um homem.


 



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