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A gente vimos: Valente

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Entre Aranha’s vida loka e Batman risis (como diria Kid Mumu), Valente quase que passa batido…

Mas, caramba! É um filme da Pixar, não dá pra deixar passar. Ou, mesmo se você quisesse, mesmo que as artes conceituais que foram sendo liberadas homeopaticamente nos últimos meses não te tivessem fisgado, provavelmente você ia acabar indo assistir porque, sei lá, tem uma princesa mega ruiva, com aqueles cabelões enormes, cacheados de encher a mão e… deixa.

Enfim, Valente narra a história da princesa Merida. Princesa porque é filha do rei e da rainha, e não porque seja uma princesinha – a garota está muito mais pra Fiona do que pra Cinderela, manuseando um arco e flechas como poucos conseguem. Herdeira do “trono” da Escócia, seu drama é justamente ser disputada em casamento pelos três outros lordes do reino, os jovens MacGuffin, Macintosh (não, não é acidental. Steve Jobs é homenageado pelo filme) e Dingwall, e a sua relação conflitiva com a mãe, quase num Édipo feminino clássico. Fazendo a liga de todas as coisas, o estranho poder da magia que permeia tantas e tantas histórias de fantasia medieval.

Lorde Macintosh

Engraçado que sendo uma princesa tão as avessas ao estereótipo (estereótipo esse que a Disney é bastante responsável pela existência) Valente seja o filme mais “Disney” da história da Pixar. Tem tudo da fórmula da casa do Mickey: uma princesa, canções, longas cenas panorâmicas com a personagem principal correndo pra lá e pra cá, animais antropormofizados, lições bobinhas de moral. Não fosse feito em computação gráfica (que está belíssima, superando todos os trabalhos anteriores), seria confundido com um filme típico da Disney, um pouco devoto de tantos outros que a empresa já fez.

Acostumada sempre a ditar a tendência, a assumir a vanguarda, a Pixar aparece em Valente com o fôlego inovador diminuído, tomando aqui e ali alguns recursos da concorrência e até da mesma Disney – não há como não reconhecer que Merida tem em si algo de Fiona ou da Rapunzel de Enrolados. Nem que alguns cenários lembrem descaradamente algumas paragens já vistas em Shrek, ou que um dos plots da trama tenha um gostinho ruim de Irmão Urso, ou ainda que o Rei Fergus (o personagem mais divertido de todos, ao lado dos gêmeos) lembre um tanto o bárbaro Hagar, o horrível. Ou ainda a impressão de que a história não passa de uma outra situação acontecida num reino bem próximo daquele que ambientou a trama de Como treinar seu dragão

Enfim, Valente é um filme visualmente lindo, até divertido, e isso é tudo o que de material original Pixar style você vai encontrar. Nada de trama emocionante, nada de personagens fortes e inesquecíveis. Só belos cenários e uma historinha boba. Pode ser que Valente não seja o pior filme do estúdio (Carros segue difícil de superar), mas provavelmente será o mais fácil de ser esquecido em qualquer lista feita de cabeça com os filmes da produtora…

Ah, antes que eu me esqueça, tenho de comentar o curta da abertura. La Luna é uma pérola. Totalmente sem diálogos, é uma joia, essa sim, Pixar até o osso. Pena, mas dele dá pra se falar bem pouco sem entregar a sensibilidade da história. Só vendo mesmo. Taí, talvez Valente consiga ser lembrado sim. Como aquele filme comprido que passa depois de La Luna

Valente (Brave), da Disney/Pixar. Dirigido por Mark Andrews, Brenda Chapman e Steve Purcell (co-diretor)

Nota: 6,5



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