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Irmãos Nolan Falam das Influências de TDKR

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Faz algum tempo que Christopher e Jonathan Nolan deram umas entrevistas falando um pouco de obras, além das HQs do Batman, que serviram de inspiração para a trama e visual de O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Leia correndo o risco de ver possíveis SPOILERS.






Em ocasiões anteriores Christopher Nolan contou que se inspirou em Blade Runner - O Caçador de Andróides de Ridley Scott e em Fogo Contra Fogo de Michael Mann para dirigir respectivamente Batman Begins e Batman - O Cavaleiro das Trevas.

Para Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge, os irmãos Nolan falaram que se inspiraram em obras como os filmes mudos de Fritz Lang, em Dr. Jivago de David Lean e no clássico livro Um Conto de Duas Cidades de Charles Dickens.




Jonathan falou ao Wired.com (em inglês nórdico):

"Chris e David (Goyer) começaram a desenvolver a história, em 2008, logo após o segundo filme sair. Antes da recessão. Antes do (Movimento) Occupy Wall Street ou tudo disso. Ao invés de ser influenciado por isso, eu estava olhando para velhos bons livros e bons filmes. Boa literatura para a inspiração ... O que eu sempre senti que precisava fazer um terceiro filme. Todos estes filmes têm ameaçado a virar Gotham do avesso e para voltá-la a si mesma. Nenhum deles realmente conseguiu até este filme. Um Conto de Duas Cidades foi, para mim, um dos mais angustiantes retratos de uma civilização reconhecível que foi completamente dobrada em pedaços com os terrores de Paris e da França nesse período. É difícil imaginar que as coisas possam correr tão mal e dar tão errado. Isso se tornou uma grande inspiração para ampliar O Cavaleiro das Trevas."


Vale lembrar que existe um capítulo do livro do Charles Dickens que se chama The Fire Rises. Pra quem não conhece a obra trata de dois homens que são sósias, Charles Darnay e Sidney Carton, e apaixonados pelas mesma mulher, Lucie Mannette, durante a Revolução Francesa. Dickens deu uma visão muito crítica a Revolução conhecida pela lema Liberdade, Igualdade, Fraternidade, abordando o período em que um número indiscriminado de pessoas teve os seus direitos civis revogados e diversas foram condenadas a morte na guilhotina.

O final é considerado um dos melhores - senão o melhor - da história da ficção. Existe uma versão cinematográfica clássica desse livro que foi chamada no Brasil de A Queda da Bastilha, mas a história é MUITO referenciada em inúmeros filmes, séries, novelas etc. O próprio filme anterior, O Cavaleiro das Trevas, tinha uma certa semelhança na tensão entre o triângulo amoroso Bruce/Harvey/Rachel, embora Nolan tenha seguido na ocasião um caminho diferente do livro. Mas talvez o melhor exemplo é o clássico Casablanca que é praticamente uma versão moderna do livro de Dickens.






Já a Fase Muda dos filmes de Fritz Lang (que ele fez quando estava na Alemanha antes de fugir dos nazistas) mencionada pelos irmãos também tinha uma temática social muito forte cujos trabalhos mais conhecidos eram os clássicos M - O Vampiro de Dusseldorf e Metrópolis. De cabeça agora eu só me lembro que M envolvia um assassino de crianças que era julgado por outros criminosos pelas leis deles, o que pode ter ter alguma relação com a comentada cena em que supostamente mostrariam o Espantalho "julgando" o Batman.

Quanto a Metrópolis (que eu considero a obra-prima dos filmes de ficção científica) o protagonista, Freder, tem certas semelhanças com Bruce Wayne. Curiosamente, a personagem feminina principal, Maria, também tem uma sósia, no caso um robô criado por um cientista louco. Veja mais sobre o longa-metragem de Lang clicando aqui.






Coincidência ou não, Christopher Nolan disse isso numa entrevista sobre o Bane no All Things Considered:

"Ele representa um outro lado de Bruce Wayne. Alguém que Bruce Wayne poderia ter se tornado em um universo paralelo ou algo assim."


Nessa mesma entrevista Nolan comenta a situação inicial de Bruce no filme, comparando-a com a fase da vida do excêntrico milionário Howard Hughes, em que este se exilou do mundo:

"Temos de estar vendo uma Gotham onde - pelo menos superficialmente - Batman não é necessário. Porque o sacrifício que Gordon ajudou-o a fazer no final O Cavaleiro das Trevas tem que significar algo. Então, nós estamos encontrando um Bruce Wayne que está vivendo em auto-imposto isolamento por oito anos, ele se trancou em uma ala da Mansão Wayne, muito à maneira de Howard Hughes em seu período em Las Vegas."


Também vale recordar que Nolan queria ter levado a história de Howard Hughes pro cinema, mas como Martin Scorcese estava fazendo O Aviador a Warner apresentou a ele o projeto de retomar a franquia Batman e deu no que deu.

Tudo isso leva a pensar um pouco sobre a sinopse divulgada:


Oito anos se passaram desde que Batman desapareceu na noite e passou de herói para fugitivo. Ao assumir a culpa pela morte de Harvey Dent, o Duas Caras, o Cavaleiro das Trevas sacrificou tudo pelo que ele e o Comissário Gordon esperavam ser o melhor. Por um tempo a mentira funcionou, com a criminalidade em Gotham City sendo destruída pela lei anti-crime de Dent.

Mas tudo irá mudar com a chegada de uma ladra com interesses misteriosos. Muito mais perigoso, porém, é o aparecimento de Bane, um terrorista mascarado cujos planos cruéis para Gotham buscam tirar Bruce de seu exílio autoimposto, mas mesmo usando novamente seu capuz e sua capa, Batman pode não ser páreo para Bane.







O que parece é que a tal idéia inicial de David Goyer pro terceiro filme (a nova, pois a velha foi enterrada junto com Heath Ledger já que eles tinham planejado inicialmente usar o Coringa) parece ser aproveitar o início da HQ O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns de Frank Miller) mostrando um Bruce Wayne envelhecido saindo da aposentadoria.

A diferença crucial deve ser a personagem de Selina Kyle. Quando dizem que o Batman e o Gordon, através do tal "Ato Harvey Dent" citado pelo Gary Oldman em outra entrevista conseguiram erradicar o crime de Gotham provavelmente se referiam ao crime organizado, os Falcones e Maronis da vida. Mas e as pessoas que são levadas ao crime pela falta de oportunidade e pobreza, vivendo a margem do sistema? Não é difícil de imaginar que a Mulher-Gato é uma dessas pessoas, o que explicaria porque ela falou a Bruce Wayne em um dos trailers:

"Uma tempestade se aproxima, Sr. Wayne. É melhor você e seus amigos se prepararem. Quando ela chegar, vão se perguntar como acharam que podiam viver com tanto e deixar tão pouco pro resto de nós."


Logo após isso devemos ver a chegada do Bane a Gotham (seguindo os críticos que assistiram aquela sessão interrompida em Los Angeles o vilão aparece pouco nos primeiros 45 minutos) e o plano de vingança da Liga das Sombras. Bane vai ser um herói do povo, desmascarando a conspiração que envolveu Harvey (por isso ele apareceria rasgando a foto do ex-promotor) e atacando o coração financeiro do capitalismo.

Mais ainda, ele vai ser uma "versão melhorada" do Batman. Depois de derrotá-lo não haverá mais quem segure ele. O que me lembra que lááá no primeiro teaser-trailer (do Gordon no hospital) algumas pessoas repararam que tinha um cara no fundo gravando a luta do Morcego com o vilão. O que indica, ou não, que a Mulher-Gato pode ter ajudado a Liga das Sombras e depois se arrependido... como demonstraria o diálogo entre ela e John Blake no trailer.

Daí a mais curiosa conclusão sobre O Cavaleiro das Trevas Ressurge é que o Cavaleiro das Trevas Ressurge DUAS VEZES no filme. No início, ele volta do seu auto exílio e depois, após ser derrotado por Bane e (provavelmente) preso e torturado pela Liga das Sombras ele volta outra vez! Daí que em todos os trailers os diálogos sobre "O Batman voltar" do Bruce com o Alfred e o Lucius e entre outros personagens estão EMBARALHADOS pra confundir o público, mas se passam em dois momentos diferentes do tempo. Ou seja, nada daquela teoria louca de que Bane seria o Prefeito de Gotham por oito anos.






Ah, antes que os marvetes conspirem a minha morte. Não custa lembrar que Joss Whedon disse que se inspirou em outro clássico, Os Doze Condenados, pra conseguir desenvolver o filme dos Vingadores. Ou seja, não tem nada de "sobrenatural" nisso, nem eu estou afirmando que o Nolan é o melhor diretor do mundo por causa disso. É um coisa comum no Cinema entre aqueles que realmente fazem bem o seu trabalho.

Pra terminar, após negar qualquer relação direta com o Movimento Occupy Wall Street, o diretor tirou uma conclusão sobre o Batman e sobre a gravação das cenas no local, extraída de uma entrevista ao Entertainment Weekley:

"A verdade é que queríamos filmar em Wall Street pelo mesmo motivo que o movimento Occupy escolheu o local: É um símbolo da riqueza americana e do capitalismo. Eu estou tentando contar a história de um herói que é um multimilionário, o que levanta certas questões que acho que são importantes no mundo hoje, sobre o uso e abuso do que é o único poder de Bruce Wayne, a sua extraordinária riqueza".












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