
Depois da bem-sucedida trilogia dirigida por Sam Raimi, a Sony resolveu trazer de volta o amigão da vizinhança às telonas. Qual o problema? Atores envelhecem enquanto o alter ego de Peter Parker tem décadas de tradição e vai saber quanto tempo pela frente...
O grande problema é que Marc Webb tinha pela frente a necessidade de trazer uma nova visão do personagem, que fizesse o público esquecer Tobey Maguire & Kirsten Dunst. Apesar de algumas virtudes, O Espetacular Homem-Aranha não chega lá e é uma produção totalmente dispensável no universo cinematográfico de heróis.
Para começar, a tentativa de tornar a franquia mais teen comete um erro comum de confundir adolescente com gente idiota. É impressionante como os conflitos do filme se resolvem da forma mais inverossímil possível. Um prédio de segurança máxima? Ora, só roubar um cartão. Hey, tem um homem-lagarto na cidade... Querida, vocês devem fazer um soro pra isso, né? Pode ir lá pegar pra mim? Grato.
Ninguém espera um roteiro iraniano em um filme de ação, mas impressiona como o script de James Vanderbilt recorre a expicações banais para situações simples para qualquer roteirista resolver. E é melhor nem abordar os diálogos... Já assisti novelas com falas melhores.

A sorte de Web e Vanderbilt é o elenco. O Espetacular Homem-Aranha é um caso pouco usual de filme bem ruim com ótimos atores. Duvida? Vamos lá: Andrew Garfield talvez seja mesmo um aranha melhor do que Tobey Maguire, se tiver a chance de repetir seu papel. Impressiona como mesmo sem uma direção de atores eficiente e com um texto sofrível, ele consegue levar muita verossimilhança às suas cenas. Ajuda também o ótimo trabalho da lindinha Emma Stone, sensacional como Gwen Stacy. Rhys Ifans (dr. Curt Connors) e Denis Leary (capitão Stacy) fazem um competente trabalho.
É chover no molhado falar de gente como Martin Sheen (tio Ben) e Sally Field (tia May), mas a presença de ambos só confirma como é indispensável ter estrelas assim em uma produção dessas. O filme poderia ser muito pior sem tanto talento dramático por película quadrada.
E, é claro, não dá para livrar Webb dessa que não corrige as falhas estruturais de seu roteiro, recorre a ação para compensar o péssimo ritmo e acrescenta muito pouco ao universo do personagem. E esse era seu principal desafio, mais até do que entreter o público: provar que uma nova trilogia começando apenas cinco anos após o fim da primeira agrega algum valor além de dindin no bolso dos produtores.

O diretor recorre a uma primeira metade de filme pra lá de apressada sobre a origem do aracnídeo, talvez por acreditar - com certa razão - que o público já conheça. Mas se nós lembramos de Maguire, assaltante matando tio e aranha radioativa (ou geneticamente modificada), pra quê mesmo ele a repete? O reboot não deveria ser uma continuação com novos atores? Ou simplesmente ignorar essa parte da história? Fica a dúvida de qual afinal é o proposito do novo Homem-Aranha com tão poucas novidades? Até mesmo a tentativa de dar um ar mais adolescente à franquia fica estranho com um aranha beirando os 30 (Garfield tem 28 anos).
Entre tantos erros e os poucos acertos, O Espetacular Homem-Aranha mostra muito pouco que justifique uma nova trilogia. Fica a impressão que era melhor pedir a Raimi que corrigisse os erros do fraco Homem-aranha 3 com um novo grupo de atores. Ou talvez esperar um pouco mais para reviver um herói com um universo de histórias tão rico. É torcer e esperar que a Sony tenha o bom senso de não banalizar a franquia, como já ocorreu nos anos 90 com o Batman. Na dúvida, que dêem um telefonema ao pessoal da Marvel. Eles certamente fariam melhor...
Nota: 4
Bugman se irritou como um ninja silencioso
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