
George Pérez solta o verbo de novo sobre como andam as coisas dentro da editora.
Durante um painel na Toronto Comic Con, o grande quadrinista e um dos artistas que eu mais culpo por ler quadrinhos até hoje, foi perguntado sobre os Novos 52 e...
...LEIA VOCÊ MESMO!
"As coisas são alteradas de todos os lados, tem muitos caciques e nem tantos índios assim agora. Vai funcionar? Quem sou eu pra dizer. Eles querem que seja igual a Hollywood, e está ficando igual a Hollywood, na produção de quadrinhos, e o que você tem é uma sala de engravatados decidindo pra onde as coisas vão. Parte da razão de eu deixar Superman é que eu tinha certas idéias que queria usar, coisas que eles já tinham dado OK, e eles mudavam de idéia no dia seguinte, estava ficando muito difícil, atrasando a gente.
Pelo bem da indústria eu espero que eles tenham sucesso. No caso do Superman, eles não queriam um escritor, eles queriam uma máquina de escrever. Eles tem que lidar com pessoal produzindo o filme, que também tem influência no que acontece na revista. Minha preocupação era que, eu não estou produzindo uma revista em quadrinhos, estou produzindo um storyboard para um filme, não é isso que eu queria fazer.
Então eu decidi pular fora, e ficar apenas como desenhista, onde eu tinha menos dores de cabeça - não nenhuma dor de cabeça, mas menos dores de cabeça. Estou fazendo World's Finest, e tudo ainda é decidido no último minuto. Precisavam de um design para a Poderosa, não me pediram. Finalmente me deram o design, precisavam aprontar logo para as solicitações, desenhei, colori, eles liberaram na solicitação. Então me chamaram uma semana depois dizendo que mudaram de idéia sobre a roupa dela, então agora eu tive que fazer um remendo na capa da primeira edição e, por causa de um ponto de vista mercenário, prático e financeiro, eu simplesmente perdi o valor de revenda da minha arte, porque agora a personagem não é a mesma que aparece na capa e eles me ferraram nessa, e eu nem deveria estar pensando nisso, mas é que os caras tem que finalmente se decidir!
Quando um artista como Dan Jurgens... Ele é um dos mais rápidos e profissionais na indústria, quando eu estava trabalhando com ele nos Novos Titãs, ele estava sempre três meses adiantado na agenda. Eu penava pra acompanhar ele. Mas em Arqueiro Verde, ele estava basicamente apenas tentando cumprir o prazo e não se atrasar, pois eles ficavam mudando de idéia sobre as histórias.
No caso do Superman eu não queria esperar mais. Eu precisava sair antes que acabasse odiando trabalhar na revista."
Agora, veja ai a capa original de World's Finest que ele citou...

.. e a que acabou sendo publicada.

GRANDES MERDA DE DIFERENÇA!
Justifica os caras ficarem pentelhando seus artistas com mudanças imbecis como essa? Claro que não. É como na primeira edição de Superman, em que transformaram o Clark Kent no Harry Potter e o Jimmy Olsen no Justin Bieber: algum idiota com poder de decisão e nenhuma noção do ridículo resolve que quer assim e pronto.
Mas o pior é que isso é só um pequeno exemplo. Tirando por tantos outros casos parecidos que aconteceram no reboot e pelas declarações do Pérez, mudar desenhos e uniformes é o menor dos problemas: os escritores não tem tido liberdade alguma. Pérez mesmo disse outro dia que só o Morrison tem carta branca na DC.
Talvez, com o vindouro filme do Super e com o fato do herói já ter uma revista (a Action Comics, do Morrison) que é "menos policiada" pelos engravatados, Pérez tenha tido a infelicidade de cair num dos títulos em que os caras mais meteram o bedelho, mas eu sinceramente acho que, pelo menos nos títulos que envolvem os outros heróis mais conhecidos da editora, não deve ser diferente.
Na revista do Free Comic Book Day, por exemplo, que serviu como teaser da vindoura Trinity War, substituiram o Hal Jordan por um "novo Lanterna Verde" depois da arte pronta, o que, convenhamos, não deve ter sido "decisão criativa" do Geoff Johns, né? Pelo visto nem ele e Jim Lee, bambambans da DC hoje, parecem estar imunes a esse tipo de interferência.
Veja a arte original...

... e a publicada.

Todo esse papo da DC estar interferindo pesado nas revistas vem desde o início do reboot, mas é realmente chato ver um cara como o Pérez, cujo trabalho eu admiro muito, ser envolvido apenas pra ter seu nome dando alguma credibilidade ao projeto, sem poder colocar sua experiência e criatividade em prol de melhores revistas. São coisas assim que explicam como um Liefeld acaba responsável por vários títulos. DCpcionante. Vamos ver qual a postura da DC sobre isso agora, já que o Pérez ainda está trabalhando pra eles.
Resta torcer pra algumas das boas histórias do reboot escaparem do radar dos engravatados porque, se de repente um deles cismar que o Homem Animal precisa ser mais parecido com o desenho que passa no DC Nation...
... ADEUS Jeff Lemire e suas histórias de terror.
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