
Eu sei que já faz um tempinho que essa HQ saiu, mas só agora tive a oportunidade de conferir o trabalho deste que é um dos heróis mais bacanas já criados em território nacional (e talvez O mais bacana - RRRRRRRRRRRRRRRRATINHO-OOOOO)

Como todo autor nacional, Danilo Beyruth iniciou a jornada do Necronauta nos fanzines. Mas não demorou muito para conseguiu uma boa repercussão com o seu persoangem, que chegou inclusive a ser publicado numa antologia americana, a Popgun. Mas creio que é seguro dizer que o sucesso do personagem foi consolidado com O Soldado Assombrado e outras histórias, álbum publicado pela HQM Editora que compilava o que havia sido lançado do personagem até ali, incluindo a HQ que fez parte da Popgun. Agora o personagem retorna em um novo álbum, dessa vez pela Zarabatana Books, com histórias inéditas.
Para quem não conhece, a história do Necronauta é simples, mas bacana: Quando você morre, muitas vezes possui assuntos inacabados que impedem que você vá para...bem, seja lá para onde você tiver que ir. O trabalho do Necronauta é ajudar as almas a resolverem estas pontas soltas que tinham em vida para poder ascender tranquilamente. Um "salva-vidas dos mortos", por assim dizer.

Uma das coisas mais bacanas das histórias do Necronauta é que o herói geralmente serve apenas como "escada" para a narrativa, que muitas vezes tem como protagonista a própria alma que ele deve ajudar. Isso garante que as histórias possam variar bastante em termos de tema e que sempre pareçam coisa nova, sem se focar especificamente nos atos do herói. Mas é claro que, como toda história de "super-herói" (acho que o termo serve aqui por conta do personagem abranger alguns aspectos desse gênero), você vai ver também uma verdadeira viagens por mundos estranhos, personagens inusitados e algumas batalhas interessantes.
A pegada emocional das histórias também é um diferencial. Ao longo de meus 23 anos lendo quadrinhos, eu tive dificuldades em engolir personagens nacionais no gênero de super-herói, pois era difícil ver algum que tivesse uma ressonância emocional interessante o suficiente. Não é necessário ser um Watchmen toda vez, mas trabalhar apenas pela estética super-heroica deixa a história vazia e sem muito propósito (e temos muitos exemplos disso nos próprios quadrinhos mainstream americanos atualmente) que não a própria autorrealização do autor, mas que dificilmente reunirá uma base interessante de fãs. Necronauta vai para o lado oposto e tenta criar histórias simples, mas tocantes em algum nível, sem a pretensão de fazer discursos, ser panfletário ou pagar de roteirista intelectual, sendo "apenas" entretenimento com qualidade. Parece simples, mas essa fórmula tem se provado cada vez mais complicada de ser realizada hoje em dia.

Necronauta - O Almanaque dos Mortos conta, além de histórias escritas e desenhadas pelo seu criador, Danilo Beyruth, com uma história escrita por Hector Lima (muito bacana, por sinal) e com uma galeria de arte feita por diversos desenhistas bacanas como Mateus Santolouco, Joe Prado, Marcelo Campos e Rafael Albuquerque, entre outros.
O álbum é diversão garantida para quem quer uma leitura sem compromisso, mas que não agride a sua inteligência. E, se você leu o álbum anterior, vai curtir ainda mais, já que o universo do personagem continua sendo expandido, mostrando detalhes bem interessantes da realidade com a qual ele convive. Definitivamente um sopro de criatividade em um gênero cada vez mais saturado e sem ideias.
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