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A Gente vimos: Os Vingadores, por Algures

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Ser diretor de filme de super-herói é como ser técnico de futebol: Todo torcedor tem sua opinião sobre como poderia melhorar o desempenho do time, quais os melhores jogadores usar e quais as táticas que deveriam ser empregadas para a melhor coesão e eficiência da equipe. Mas falar é fácil, quero ver fazer.

(PS.: Se ainda tem alguém preocupado com spoilers a essa altura do campeonato, pode ler o post tranquilo)


Joss Whedon é um desses raros torcedores que tem a chance de estar no lugar do técnico e provar que sabe, de fato, como fazer um time funcionar e ganhar o campeonato. E minha sensação, após o filme ter terminado foi exatamente essa, como se meu time tivesse ganho a copa do mundo do cinema (ou algo que o valha, minhas analogias estão se esgotando).

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Eu não estava muito interessado no filme dos Vingadores, achava difícil um filme desses funcionar. Principalmente porque eram personagens que, por mais que compartilhassem um mesmo universo, vinham de filmes com diretores com visões diferentes, e reuni-los era uma tarefa homérica - além de inédita no cinema, então vai saber o que poderia sair dali. Quando soube que era Joss Whedon que ia dirigir então, minha expectativa foi lá embaixo, uma vez que as únicas coisas que eu conhecia dele eram dois seriados que eu nunca gostei (Buffy e Firefly) e um longa metragem em animação chamado Titan AE (ele foi um dos roteiristas apenas), que eu tinha achado meia boca. "O que diabos a Marvel pensou para contratar esse cara?" Bem, quando se assiste a Os Vingadores - The Avengers, isso fica bem claro.

Sei que provavelmente isso não é novidade, mas a história não é nada demais: Loki vem para a Terra para roubar o cubo cósmico porque fez um trato com alguém (que vocês com certeza já sabem quem é, mas que só aparece na cena pós-créditos), que lhe enviaria um exército para ele dominar a Terra em troca do cubo. É isso. Felizmente, não é a história que importa em Os Vingadores, e sim seus personagens.

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Voltando à metáfora do jogo de futebol: Sabe aquele jogo que seria como qualquer outro, se não fosse a performance e o "futebol arte" dos jogadores? (eu não sei, porque não assisto futebol, mas a maioria de vocês deve saber - aliás, irônico eu ser o único MDM que não assiste futebol e o único que usou isso como metáfora. Mas estou divagando, voltamos ao texto) Pois então, é exatamente isso que Os Vingadores é: Um jogo com grandes jogadores muito bem posicionados. Isso é o que Whedon trouxe ao filme: Personagens. Embora a trama seja simples, ela é totalmente levada pelos personagens, que são bem construídos e tem cenas e diálogos relevantes. Tamanha é a interação e a naturalidade dos personagens (não entre si, pois eles batem de frente à beça, mas quanto ao universo deles como um todo), que você esquece que a trama é uma versão moderna da primeira história dos Vingadores (com a adição do Capitão América).

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Whedon conseguiu encontrar um equilíbrio realmente impressionante entre ação, drama, humor, cenas movimentadas e cenas paradas. Embora o humor às vezes pareça meio exagerado (a todo o momento tem alguma gag ou piadinha), ele é tão espontâneo que não tem como se incomodar, pelo menos com a maioria delas (eu particularmente achei uma forçada o suficiente para torcer o nariz, mas ri alto em muitos momentos), e funciona quase que como a "cola" dessa mistura de elementos que teria tudo para dar muito errado.

Os personagens são mesmo o foco do filme. Por mais que o Homem de Ferro tenha um pouco mais de tempo de tela (o que não é por acaso), ele não chega a engolir os outros em nenhum momento. Claro, quando ele está atuando com o Chris Evans, por exemplo, nota-se que ele é quem conduz o diálogo sempre, mas ainda assim todos os personagens estão bem caracterizados dentro da essência que nós conhecemos.

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O filme demora um pouco para engrenar, apesar de já começar com uma sequência de ação, mas quando engrena, a porra fica séria. Mas talvez o mais legal desse filme seja justamente o fato de que, mesmo com a quantidade absurda de ação, Whedon faz você achar as cenas de diálogo tão interessantes quanto as lutas. E isso, meus amigos, num filme desse tipo, não é tarefa fácil.

No fim das contas acho que a força do filme residiu na forma como o diretor conduziu a história e os personagens. Soou tão natural que não chegamos a parar e pensar "Porra, tem uma serpente mecânica gigante voando por Nova York, ignorando todas as leis da física", e esse é um mérito que acho que nenhum dos filmes da Marvel havia conseguido de forma tão bem-sucedida até hoje. Sei que a Marvel não está competindo consigo mesma, mas definitivamente Os Vingadores coloca no chinelo todos os outros filmes da Marvel (não só da Marvel Studios, mas de personagens da Marvel também). Tony Stark com a sagacidade de sempre, Viúva se mostrando FODA (e tendo muito mais tempo de tela do que eu imaginava - vantagem de ter Joss Whedon à bordo, que sempre soube trabalhar com personagens femininas), Capitas sendo o capitas dos quadrinhos (Chris Evans não deixa a bola cair, embora se compararmos com os outros ele claramente é o elo fraco), Nick Fury sendo Samuel L. Jackson (o que não é problema nenhum) e o Hulk roubando a cena, especialmente no clímax da história. Ah, e o Loki de Os Vingadores é o melhor vilão da Marvel no cinema (melhor inclusive que ele mesmo em Thor).

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O que eu fiquei realmente impressionado é como o filme parece uma história em quadrinhos "de verdade". Não na sua estética, mas nos elementos utilizados: Tenho a impressão que todo cineasta que dirige um filme baseado em super-heróis de quadrinhos tende a "esconder" certos elementos e ignorar certas coisas do universo do personagem para fazê-lo se adequar a uma visão mais verossímil, ou talvez para que as pessoas não lembrem que estão vendo um filme baseado num gibi. Mas para Whedon isso não foi problema nenhum; ele usa cubo cósmico, alienígenas, portais extradimensionais, máquinas malucas e mais uma série de coisas completamente "não realistas" e típicas de uma HQ que qualquer outro diretor teria vergonha de usar temendo que o filme caísse na galhofa,e o faz sem nenhum pudor. E o resultado é extremamente satisfatório.

O filme tem defeitos? Claro que tem. Como eu disse, em algumas (poucas) vezes o humor é meio forçado, uma cena particularmente dramática do filme para mim soou um pouco teatral demais em certo momento, algumas soluções (pequenos detalhes) de certas sequências tiveram uma ou outra saída fácil, mas quaisquer defeitos que o filme tenha, por tudo o que Joss Whedon conseguiu concretizar nesse filme, acreditem, ele pode ser facilmente perdoado por esses deslizes.

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Todo mundo me pergunta a mesma coisa: "É melhor que TDK?" Acho que essa pergunta não cabe porque TDK NÃO É um filme de super-heróis. MAS, já que insistem, não, o filme não é melhor que TDK, nem de longe. Mas é, sim, de longe, o melhor filme de super-heróis já feito até hoje (sim, mesmo o Superman sendo meu herói preferido e eu sendo DCnauta, Vingadores foi para mim melhor até que Superman - O filme).

Exagero porque acabei de ver o filme? Talvez. Mas, se numa Copa do Mundo o que importa é o placar final, em Os Vingadores o resultado é claro: É campeão.

Nota: 9,7



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