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Os Vingadores - por Nerd Reverso

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Os leitores costumam dizer que nós aqui do MdM somos um bando de velhos reclamões. E talvez sejamos, pois gostaríamos de ver gibis de qualidade nas bancas e filmes de qualidade no cinema, mas só tem porcaria por aí.

Por isso mesmo, quero compartilhar com vocês esse raro momento de estar satisfeito quando um filme de super-herói supera a nossa expectativa pessoal.

Ao ver os trailers e comerciais, criei a expectativa de ver um filme muito divertido, mas Os Vingadores é um ótimo filme. E muito divertido também, é claro!





Antigamente pensava-se ser impossível fazer um bom filme de um grupo de super-heróis. Fazer um filme com um herói com superpoderes já era complicado o suficiente.

Colocar vários elementos superpoderosos juntos seria uma loucura, tanto do ponto de vista técnico (diferentes efeitos especiais para cada personagem) quanto dramático (um roteiro que desse espaço a todos a ponto de tornar seres tão fantásticos minimamente verossímeis). Que o diga o belo filme do Quarteto Fantástico do Roger Corman.

Aí veio Bryan Singer e fez X-Men. Algumas concessões foram necessárias. Singer usou numa linha condutora com poucos personagens, e adaptou os uniformes para o visual paramilitar supostamente mais sóbrio e realista. Um preço pequeno a se pagar para ter nas telas um filme de um supergrupo coeso e minimamente inteligente.

Os super-heróis no cinema continuaram seu caminho. Marvel, DC, outras editoras, criações originais pro cinema. Erros e acertos. A Marvel aprendeu com ambos. E concluiu que deveria ter um controle maior sobre o destino de seus personagens em Hollywood.

O Marvel Studios, que começou incerto, bolou um planejamento impecável. O esquema era simples: filmes com bons efeitos visuais para ressaltar o elemento fantástico dos personagens; histórias simples e facilmente assimiláveis para o público mediano do cinema; atores baratos, que diminuíssem o custo total dos filmes e não chamassem mais atenção que os personagens; uma identidade conceitual/visual que nivelasse todos os universos. Os tais "ótimos filmes medíocres" que comentei por aqui algumas vezes.



Após resultados variados nos filmes de cada herói, Os Vingadores vem colher os frutos desse planejamento: os heróis já foram apresentados em seus filmes; o cachê dos atores é mais barato; é possível trocar atores sem rejeição do público, pois o foco está no personagem.

Tudo isso possibilitou que Os Vingadores seja funcional no cinema sem fazer concessões e sem perder a fidelidade ao conceito original dos quadrinhos, tornando-se o melhor filme do Marvel Studios e o padrão a ser seguido/superado nos próximos filmes de super-heróis.

Com uma trama muito linear e sem ter que perder tempo com origens, o filme se concentra no que realmente importa: a interação emocional e física entre os personagens.

Aí entra o mérito do diretor e roteirista Joss Whedon. A divisão de tempo de tela, falas e situações-chave para cada personagem é muito equilibrada, algo inédito em grupos de super-heróis no cinema (e muito raro mesmo nas HQs).

O segredo é usar só o que cada personagem teve de melhor em seus filmes. Thor está preso na Terra sim, mas o essencial é a intriga familiar entre ele e Loki, aquela coisa "Shakespeare com superpoderes". O Homem de Ferro é mulherengo e rico, mas o essencial é que ele é um cara superinteligente (e babaca) com uma armadura fodona.

O resultado é que todos os Vingadores aparecem melhor aqui que em seus próprios filmes. A questão aqui não é saber quais são os desejos e anseios do Homem de Ferro, mas como Tony Stark reage numa sala discutindo com Steve Rogers e Bruce Banner, e como os três lutam contra uma ameaça comum. E essas interações são o que tornam o filme tão especial e diferente de tudo o que já foi feito antes.



Além disso, o Buffy fez questão de colocar no filme alguns clichês dos quadrinhos (a luta entre heróis antes de se aliarem, por exemplo) que devem agradar aos fãs e surpreender o público usual do cinema.

Ao contrário de Homem-Aranha 3, que tinha as lutas em equipe coreografadas como uma dança, as sequências de ação dos Vingadores parecem muito mais naturais e improvisadas, como se os heróis realmente tivessem que se virar pra agir em conjunto enquanto lutam.

São cenas de ação com inúmeros momentos empolgantes acontecendo sucessivamente, mas tudo perfeitamente compreensível; nada de câmera borrada ou tremida aqui. A ação é honesta, aberta e simplesmente sensacional.



Se há um ponto negativo no filme, é a falta de um momento mais dramático. A única cena que precisava ser realmente emocionante no filme até chega a causar surpresa, mas não gera o impacto dramático necessário e fica meio jogada no meio dos acontecimentos.

Os Vingadores é um filme caprichado; divertido e fantástico como um bom filme de aventura deve ser. Mais do que isso, é um grande exemplo de como é possível levar para o cinema de forma fiel a dinâmica entre heróis aparentemente inconciliáveis, algo capaz de deixar nerds velhos e reclamões felizes como crianças na manhã de Natal.

Nota: 10





PS: Sem revelar spoilers, a cena pós-créditos vale o ingresso e indica o caminho para onde os filmes da Marvel irão seguir. A revelação final é tão sensacional para um leitor dos gibis Marvel que o resto do filme parece um pouquinho menos interessante em comparação. 'Nuff said.



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