
Na última sexta-feira, eu e a Bruna do Serial Series participamos do Papricast sobre Avengers. Durante a gravação confessei um medo que não tinha falado aqui: temia que Os Vingadores fosse um filme dispensável, como outros da Marvel. Foi com esse sentimento que fui assistir com Change e Nerd Reverso o melhor filme nerd do ano até aqui ontem a noite.
Eu já falei sobre esse problema da Marvel por aqui. Não dá pra negar que está anos-luz a frente da Distinta Concorrência e que tem produções que fazem sucesso, mas ao mesmo tempo sentia que os filmes se tornaram piores em relação a produções estupendas (sempre quis escrever isso) como X-Men 2 e Homem-Aranha 1 e 2.
Pra minha (feliz) surpresa, Os Vingadores é o melhor filme da Marvel Films nos últimos anos, superando inclusive os dois ótimos Homem de Ferro. Parece óbvio, mas só a Casa das Idéias fez: usou bons filmes para caracterizar vários personagens e aos juntá-los... O espectador já entende quem eles são, seus conflitos, o que passaram!
É simples? Beleza. Então explica como a Warner, que tem os direitos de todo um universo tão popular quanto nas mãos, não consegue sequer esboçar algo parecido? Pois é...

Não costumo ligar para nerds berrando ou batendo palmas em filmes assim, mas raramente participo. Os Vingadores é diferente. Não é apenas um filme, mas um show de rock onde toda platéia delira com cada cena, que referencia outros filmes ou décadas de quadrinhos. Pra quem acha Michael Bay bom diretor, deveria assistir o maior grupo de super-heróis do cinema e entender como se faz um bom filme de ação.
Sempre gostei de Joss Whedon, mas o cara me surpreendeu nessa direção. Em produções do gênero, um diretor costuma abusar de acrobracias aéreas e do fator Massa, Véio para não deixar o filme ficar chato. O roteirista e diretor foi além. Os Vingadores mantém do início ao fim um ritmo alucinante, sem banalizar o conceito.
Cenas de ação, conspiração e... Piadas e gags. A peteca nunca cai. Se uma conversa está prestes a começar a ficar científica demais... Tony Stark (Robert Downey Jr.) faz uma graça ou o Capitão América (Chris Evans) banca o ator-escada ao nunca entender referências de 70 anos a frente do seu tempo. Mesmo nas lutas, alguma tirada súbita corta todo efeito dramático pra pular pra algo engraçado, sem ficar pastelão. É puro entretenimento. Não vou cometer o pecado de falar spoilers, mas atenção em como acaba a cena em que Thor e Hulk derrubam um dos monstros juntos. O cinema inteiro aplaudiu.

Sobre as atuações: Scarlett Johansson está perfeita como a Viúva Negra e passa a impressão que ela e a personagem precisam de mais espaço do que um filme com tantos heróis pode abrir. Já Jeremy Renner é o cara mais prejudicado pelo roteiro... Na minha opinião, a dupla não deveria voltar em Avengers 2 não só para dar espaço a outros heróis, mas principalmente para um filme solo da dupla. Torcendo.
Chris Evans é um ator fraco e tem uma série de boatos de que seu trabalho ruim fez Whedon cortar algumas cenas. Não sei bem o que fizeram, mas o cara não me incomodou em nenhum momento e me fez realmente achar seu Capitão América um líder e herói exemplar, como nos quadrinhos. Em alguns momentos é realmente difícil crer que contracenando com um sujeito como Downey Jr. ele não vai passar vergonha. Seja de quem for o mérito, eu digo: Evans vai bem. E o alter ego do latinha é, de longe, a grande estrela do filme. Robert Downey Jr. é aquele cara que todo mundo da escola gosta e quer ser amigo. O sujeito aproveita todas as deixas que recebe.
Mark Ruffalo me pareceu ainda desconfortável como Bruce Banner e é um ator que costumo gostar. O bom de aparecer em um filme assim é que há uma garantia de um personagem que foi tão mal nas bilheterias em duas produções pode ter vida longa nas telonas. Tomara que melhore e ganhe mais cenas. Chris Hemsworth vai muito bem como Thor, mas é um dos que acaba obscurecido pelo talento de Downey Jr. (o Change e a minha esposa quase me bateram quando disse que o fundo do poço do cara era participar de Ally mcBeal) Azar o dele.
Tom Hiddleston é um Loki fodão. Difícil imaginar um deus ardiloso feito de outra forma assim como não dá mais pra imaginar um Nick Fury sem ser caolho, negro e com cara de Samuel L. Jackson, que faz um excelente trabalho.
Os Vingadores não pode ser visto como um filme por si só. É uma sequência de quatro produções (Homem de Ferro, Capitão América: O Primeiro Vingador, Homem de Ferro 2 e Thor) e o resultado final. Do início ao fim é o sonho de criança de toda uma geração que a Marvel - e só a Marvel - conseguiu realizar. Não desgrudar o olho na tela e não sair da poltrona até depois dos créditos? Isso tá cada vez mais fácil e divertido...
Nota: 10
Confira também a resenha da jornalista Ana Maria Bahiana.
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