Bem, aproveitando que falei outro dia sobre quadrinhos digitais e sua adequação a essa nova mídia, o que podemos dizer da "ReEvolução" da Marvel neste mercado? Quem falou sobre isso foi o executivo de produtos digitais da Marvel, Peter Phillips, para o Newsarama. Sim, aí vem um post cheio de texto que você provavelmente não vai ler.
Para quem está por fora ou leu apenas por alto por aí, a Marvel entrou de cabeça no mercado digital recentemente com uma série de novidades que prometem (segundo eles) revolucionar a forma como os leitores consumem quadrinhos (O Triplo fez um post a respeito). A primeira delas são as HQs exclusiva para o meio digital, que se aproveitarão do formato e das possibilidades desta mídia (lembrando um pouco o que falamos um tempo atrás), que iniciaria com uma HQ do Nova que seria um Tie-in de Vingadores Vs X-men, escrito por Mark Waid e Ilustrado por Stuart Immonen.
A segunda e mais promissora novidade foi um app de AR (Realidade Aumentada), cuja primeira HQ compatível com o aplicativo é Avengers Vs X-men # 1. Para vocês entenderem melhor o que esse app faz, dêem uma olhada nesse vídeo:
Mas então, o que Peter Phillips tem a dizer sobre essa inserção da Marvel no mercado de quadrinhos digitais? Bem, aqui vão as coisas mais importantes da entrevista:
Ele disse que a "Infinite Comics" (as HQs feitas diretamente para o digital) estarão sempre evoluindo, e que o meio proporciona que se pense em diversas maneiras de se aproveitá-lo para incrementar à HQ. E que acha que, apesar de todo mundo falar principalmente do IPAD, as HQs serão boas de ler também em dispotivos com o Android, sendo inclusive interessantes de ler também em dispositivos mobile como Iphone e telefones celulares; mas estão esperando o feedback da primeira para ver para que lado eles devem ir.
O cara aproveita para distinguir entre a Marvel AR e a Infinite Comics, comentando que, enquanto a primeira é uma forma de levar a experiência da leitura impressa para além do papel, oferecendo material bônus sobre a Hq, a segunda já é uma reinvenção do próprio formato dos comics, pensados para o meio digital. Mas, que apesar disso, as duas iniciativas servem para a mesma proposta: Aproveitar a nova mídia para aumentar o escopo da experiência de leitura das histórias da Marvel.
Ele também falou sobre as questões técnicas e mercadológicas relacionada ao Marvel AR, dizendo que não foi uma coisa de "ah, vamos fazer um AR" por ser algo da moda e no outro dia fizeram. Que foi algo planejado e desenvolvido para ser uma experiência melhor do que simplesmente um QR Code, e que, por mais trabalhoso que tenha sido o processo de produzir o conteúdo bônus, eles vão ter que se virar com os funcionários que têm porque ele não tem como garantir ainda que esse investimento terá retorno. Mas que, se der certo, muito mais vai provavelmente virá por aí.
Peter Phillips finalizou falando sobre a visão do mercado de varejo em relação ao produto digital e a relação da Marvel com eles: disse que, diferente do que se fala por aí, eles (o mercado de varejo) estão bem cientes de que o quadrinho digital veio para ficar e que a editora trabalha muito próximo com eles quando o assunto são novas iniciativas, sendo eles sempre os primeiros a saber e dar opiniões sobre isso. E que a intenção deles não é nem "matar" os quadrinhos impressos e muito menos ignorar o potencial dos quadrinhos digitais; é sim tentar criar a melhor experiência em ambos os lados, pois sabe que hoje em dia há estes dois tipos de público, e que o mercado digital é um novo nicho a ser explorado, mas não é um substituto do mercado impresso.
É, então... Ainda não tive a oportunidade de ver essa HQ do Infinite Comics para dizer se eles levam em consideração a narrativa, como comentei no post sobre a narrativa de quadrinhos nos dispositivos móveis, mas a ideia do Marvel AR achei realmente interessante. Eu sou do tipo que compra DVD e Box de séries originais por causa do conteúdo extra. Gosto de ver vídeos dos bastidores, cenas deletadas, entrevistas, comentários dos envolvidos, etc e esse tipo de conteúdo com certeza contribuiria para eu voltar a ler HQs impressas regulares, por exemplo (coisa que deixei de fazer há alguns anos).
É claro que aí temos duas coisas a considerar: Primeiro, o trabalhão que deve dar para produzir todo esse conteúdo inviabiliza (pelo menos por enquanto) o uso mais frequente dessa ferramenta, então eu acho que isso deverá se resumir a arcos e sagas específicas apenas. Segundo, é óbvio que, não importa o que façam, conteúdo bonito não salva (não totalmente, pelo menos), uma história ruim. Se, para dar um exemplo, eu resolvesse acompanhar um arco por causa do Marvel AR e ele (o acro, porra!) fosse uma bosta, não ia ser o conteúdo extra que ia me manter comprando.
Mas, independente disso, é preciso admitir que é um novo passo para os quadrinhos digitais e também para o uso do meio digital para manter os quadrinhos impressos interessantes para a nova geração que já nasce com um computador no colo, fazendo-os considerar a compra do impresso e não só do produto digital. Resta esperar para ver o que vem a seguir.
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