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Ler HQs em dispositivos móveis "mata" a narrativa de quadrinhos?

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O blog Robot 6 do Comic Book Resources trouxe uma questão interessante sobre os quadrinhos digitais que rondava minha cabeça desde que eu li um pela primeira vez: Ler quadrinhos num dispositivo móvel muda sua narrativa?


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Eu lembro quando li uma HQ digital (não SCAN) pela primeira vez, e foi no Iphone. Não gostei da experiência. Primeiro porque as Hqs são feitas para o meio impresso e, portanto, possuem quadros de diferentes tamanhos (às vezes mais altos, às vezes mais largos, às vezes finos, etc), e isso te "força" a mudar a posição do Iphone de vertical para horizontal constantemente, o que para mim quebrou bastante o "clima" da leitura. Outra coisa foi ler a HQ quadro a quadro sem ter uma noção geral da página inteira, o que é bastante estranho para quem está acostumado com uma visão menos limitada do todo e que te posiciona dentro da narrativa e da "realidade" da história (isso foi antes do reboot da DC, apenas para constar).

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Dito isso, Matt Levin (um cara que escreve roteiros para quadrinhos, cinema e TV), no seu blog, fala sobre a "quebra" da narrativa de quadrinhos quando lido de um dispositivo móvel. Deixando claro que, por "dispositivo móvel", estamos nos referindo a smartphones e dispositivos como PSPs, uma vez que em tablets a sensação de leitura é bem parecida com a da revista impressa e, portanto, as questões citadas aqui são inaplicáveis.

Enfim, Matt explica que, ao ler quadrinhos num dispositivo digital que não um tablet, ocorre uma adaptação que "quebra" a narrativa tradicional de quadrinhos, ao qual ele dá alguns exemplos:


Quando lemos uma HQ com "Guided View" ou tecnologia similar [o jeito de ler via dispositivos móveis, que é basicamente ler um quadro por vez], estamos perdendo uma série de elementos. Não vemos a construção da página inteira, o que influencia perifericamente nossa compreensão do quadro atual. Nós também perdemos o senso do tamanho relativo de cada quadro, o que é o jeito mais comum usado pelos criadores para insinuar ritmo, tempo... Ler a mesma HQ impressa e digital nos leva a impressões significativamente diferentes.


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Basicamente, o que o cara quer dizer é que, quando lemos uma Hq "normal" (impressa), nossa leitura é feita em mais de um nível, em especial dois: Em um contexto geral da narrativa, que abrange uma percepção do momento (página) da história, e a leitura quadro a quadro, que move nossa leitura através desse momento. E o tamanho dos quadros e seu formato são profundamente relevantes para contar a história e manter a narrativa, já que servem para interpretar graficamente diversos aspectos da realidade que nem sempre são visuais (como a percepção da passagem de tempo). O cara do Robot 6 exemplifica isso com uma página do clássico O cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, tanto em sua forma padrão (página inteira) quando no formato "guided view", que é a sequência de leitura digital:

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Bão, que há uma diferença fundamental em ambos os tipos de leituras, isso é óbvio. Agora, se isso estraga a leitura ou não, se muda a compreensão de uma história ou não, sou suspeito para falar. A experiência é bem diferente, isso eu posso dizer. E, como comentei no começo, não gostei nem um pouco. Me senti completamente deslocado e não "entrei" na história.

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Mas acho que isso faz parte; estamos em um momento de transição, eventualmente os quadrinhos digitais serão mais do que apenas quadrinhos impressos scaneados, e sim quadrinhos desenvolvidos especialmente com o propósito de serem lidos digitalmente. Scott Mcloud, em seu Reinventando os Quadrinhos, é um dos que defendem esta atitude de mudança em relação aos comics e o meio digital. Outros autores já argumentam que essa necessidade é apenas estética. Eu particularmente acho que é mais do que apenas uma questão de opinião; é uma questão de tempo até que essa adequação aconteça pois, a menos que nos mudemos completamente nossa forma de comunicação, os dispositivos móveis cada vez menores vieram para ficar.



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