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A gente vimos: Poder sem Limites

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É comum em qualquer mídia (mas principalmente no cinema) que um formato que funcionou muito bem da primeira vez seja repetido até a exaustão. E é comum também, em meio a isso, que surjam vez ou outra propostas diferenciadas dentro destes formatos, trazendo ao menos algum sopro de criatividade a eles. Curiosamente, Poder sem Limites (Chronicle) se encaixa nestas duas características.


Eu confesso que já estou cansado desse formato "estilo documentário" dos filmes (aliás, já estava cansado desde [REC], mas pelo menos esse era foda bagarai), mas admito que é um formato que funciona muito bem com histórias fantásticas, justamente por dar a dose de verossimilhança necessária para que os elementos irreais fiquem mais críveis. Cloverfield, [REC] e o próprio Poder sem Limites são exemplos disso.

E, desses 3 citados, Poder sem Limites é o que aposta mais alto: Pega um formato já usado à exaustão (o estilo documentário) e um tema que também já dá sinais de desgaste (super-heróis) em uma aposta corajosa que rende um filme que vale a pena ser visto.

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A história é simples e tem todo o jeito de filmezinho independente: 3 jovens recém saídos do segundo grau, que na verdade nem eram muito amigos (um era um babaca egocêntrico, outro era um cara popular, mas bacana e outro um antissocial com muitos problemas em casa), acabam ficando mais próximos quando, ao entrar em uma caverna e descobrir um estranho artefato, adquirem habilidades telecinéticas. Como todo adolescente, os jovens não vêem nada muito grandioso para fazer com esses poderes a não ser algumas trolladas aqui e ali sem que ninguém saiba, para diversão dos próprios. Mas poder é uma coisa complicada de se lidar; alguns conseguem, outros não. E é aí que a história fica interessante.



Para quem está acostumado com filmes típicos de super-herói, a primeira meia hora de Poder sem Limite é chata bagarai (e é mesmo). Mas é necessária para entendermos melhor os personagens, suas motivações e os porquês da coisa ter chegado ao ponto em que chegou. Sem contar que esta via mais intimista típica de filmes independentes é que dá a tônica da produção.

Em grande parte do filme você nem se lembra que está vendo um filme com a temática de super-heróis, mais não se engane: é um filme de super-heróis. Especialmente um filme que trata como surge um herói e como surge um vilão. Essa é uma boa sacada do filme: às vezes eu acho que os escritores se focam demais nas motivações do vilão e esquecem das motivações do herói. Em Poder sem Limites, vemos adolescentes realmente normais, com seus defeitos e sem nada de "muito ruins" ou "muito bons"; apenas jovens reagindo a um mundo que muitas vezes pode ser bastante cruel. E a partir daí vemos como cada personagem reage ao poder, e como isso os muda completamente, independente de que "lado" eles escolhem.

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A filosofia também representa um papel importante no filme e, para quem conhece alguma coisa do tema, dá para identificar algumas ideias contidas ali. Matt, um dos personagens do filme, curte filosofia e comenta sobre vários Filósofos, mas é Nietzsche, com seus conceitos de nihilismo e do Super-Homem que molda o roteiro, dá a tônica da história e nos mostra o perigo de se afastar tanto da humanidade (em todos os sentidos). Mas não se preocupem, não é preciso entender de filosofia para entender a história e apreciar o filme.

Outra coisa legal é o uso criativo da telecinese, uma amostra de como superpoderes são mau explorados nas próprias histórias em quadrinhos de onde os super-heróis saíram. Aliás, falando em quadrinhos, não tem como não perceber, especialmente no clímax da história, uma grande influência de Akira. Inclusive muita gente comentou o quanto a sequência final parece com a do Anime/Manga. E lembra mesmo.

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Mas apesar da pegada inovadora (pelo menos em filmes de super-herói) do roteiro, Poder sem Limites realmente se apoia no formato de filmagem. Fazer a história no estilo "documental" foi de grande ajuda para o filme, tanto para nos colocar dentro da visão intimista da película, quanto para dar a verossimilhança que num formato cinemático padrão talvez fosse deixado de lado.

No fim das contas, Poder sem Limites busca demonstrar um ponto bem interessante: de que a máxima "Poder corrompe. Poder absoluto corrompe absolutamente" é tão maniqueísta quando a ideia de "bem" e "mal" perpetrada pelas próprias histórias de super-herói. Poder é algo muito mais complexo que isso; às vezes desperta o senso de responsabilidade que se mascara como ingenuidade, às vezes reforça um sentimento de inferioridade que se mascara como autoritarismo; às vezes nenhum dos dois. E é justamente isso o que separa um herói de um vilão.

Nota: 8,9



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