
O Melhoresdomundo.net não é um blog cinéfilo, embora a gente fale para cacete sobre o assunto cinema por aqui. Por isso mesmo que resolvi abrir uma exceção por aqui e dizer que você deveria assistir o ótimo O Artista, indicado ao Oscar.
Para quem não sabe, o filme do francês Michel Hazanavicius (impossível digitar sem olhar no google) é a história de um astro do cinema mudo no momento em que os filmes passaram a ser falados. É claro que O Artista também é um filme mudo em sua maior parte.
Já falei por aqui sobre como os relançamentos em Blue-Ray ou em 3D são um caso chato da tecnologia superando a arte com filmes absolutamente dispensáveis como A Ameaça Fantasma voltando a entrar em cartaz para termos a "oportunidade" de assistí-lo em três dimensões e concluir que o Jar Jar Binks é uma droga em todas elas.
Enfim, vivemos uma época em que o cinema muda por causa da tecnologia e não por seus artistas assim como a sétima arte se transformou quando passou a ser falada e passou a ser mais parecida com peças de teatro até reencontrar sua linguagem. Até filmes oscarizáveis como o ótimo A Malvada (It's All About Eve) ficaram assim.

O crítico Ricardo Calil fez uma ótima resenha do filme afirmando que O Artista é um filme sobre o cinema do presente justamente por conta disso. Vale a pena ver esse trecho:
Há toda a questão da transição artística e tecnológica do cinema. De uma arte que havia atingido um elevado grau de sofisticação visual, de universalidade e de autossuficiência (no sentido de formar uma linguagem própria). Para outra arte que, por conta de um avanço técnico inevitável, sofreu um retrocesso artístico, se tornou mais dependente da palavra e mais próxima de outras artes (em particular, do teatro). E que precisou de uma ou duas décadas para chegar ao mesmo ponto de excelência que havia atingido. Ou seja, foi o momento do triunfo da "tecnologia" sobre a "arte" (e aqui peço perdão por repetir tantas vezes essa palavrinha tão banalizada).
No fim das contas, O Artista é uma chance de um olhar diferente sobre a forma como assistimos filme. É muito diferente do que estamos acostumados a ir ver. É um momento de refletir todas as possibilidades de linguagem que a linha burra de produtores-executivos estão negando ao cinema comercial em busca da solução mais óbvia.
Afinal de contas, ninguém precisa ser cinéfilo pra gostar de cinema. E nenhum Blue-Ray ou 3D torna um filme melhor do que ele é. Indicado a dez Oscars e merecendo uma nota dez deste blogueiro, O Artista é uma chance da geração que bateu palma para o mediano Avatar (que boa parte dos que elogiaram não consegue lembrar do nome dos personagens principais sem uma busca no google) ver cinema de verdade.
Bugman gosta de cinema antes de ser cinéfilo
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