
Então, nerds desgraçados... Já pensou você poder participar de uma vídeo-conferência com ninguém menos que Alan Moore e poder perguntar pra ele tudo o que você queria saber sobre sua treta com o Grant Morrison, o que ele acha dos novos Watchmen e o que ele planeja pra Liga Extraordinária?
Pois isso aconteceu durante o final de semana... a iniciativa partiu de Joyce Brabner, viúva do lendário Harvey Pekar, que planeja construir um memorial pro marido e pediu ajuda pra outros autores pra colaborarem.
Alan moore topou a parada, e se propôs a fazer uma videoconferência de mais de duas horas com qualquer fã que contribuísse com dinheiro pra campanha de Joyce. O vídeo está online no Vimeo:
Como sabemos que muitos aqui não dominam o inglês nórdico, nós resolvemos COPIAR a matéria do Bleeding Cool, onde eles transcrevem as partes mais interessantes do papo com o velho gênio dos quadrinhos:

Sobre Grant Morrison: Moore disse que mal conhece ele, que trocaram algumas palavras nuyma convenção há muito tempo e que achou que o trabalho de Morrison na revista 2000 AD era "muito parecido" com o que Moore tinha escrito pro Capitão Britânia, mas acreditava que a história tinha condições de avançar para além disso.
Moore descobriu o suposto problema entre eles dois quando sugeriu à DC que Morrison fosse um dos cabeças numa incubadora de novos escritores pro recém criado selo Vertigo na época... e aí foi alertado que Morrison fazia muitos "comentários depreciativos" acerca dele.
Morrison teria entrado em contado, através de sua assessoria, com Moore, para "acertar as contas", mas Moore disse que simplesmente ignorou a iniciativa, dizendo que não tinha interesse nenhum em "acertar as contas" com Morrison, seja pessoal ou profissionalmente.
E alfinetou dizendo que quando ele recebe seu amigo, Michael Moorcock, entre um trago e outro eles sempre discutem sobre quem Morrison chupinhou nas suas HQs.
Antes de falarem especificamente sobre os prequels de Watchmen Moore falou algo que pode ser útil pra entender o seu ponto de vista sobre a nova iniciativa da DC...
Certa vez uma editora procurou Moore para escrever um cross entre Juiz Dredd e Batman, juntamente com Brian Bolland, ele estava prestes a aceitar quando soube que John Wagner, um dos maiores escritores do personagem, estava descontente com isso, por ser descartado como roteirista depois de tanto tempo ajudando a criar toda a mitologia do Dredd... Moore então recusou a proposta mostrando uma profunda lealdade ao autor.
Depois disso ele respondeu a pergunta de porque ser tão crítico com relação à continuidade de Watchmen por outros autores se ele teoricamente fez o mesmo com A Liga Extraordinária, trabalhando com personagens literários.
Primeiro ele diz que na literatura é diferente, afinal há sempre aquele sentimento de continuidade na história dos persoangens, diferente do que a DC vem fazendo, tentando reexplorar uma obra que foi feita pra ser hermética e autocontida.

Moore disse que com a Liga Extraordinária ele não "readapta" os conceitos literários, ele simplesmente "rouba" o personagem e o insere em algo novo, ele não está fazendo uma adaptação de uma obra já escrita.
Ele diz que isso é simplesmente irresistível, e que faz parte de uma tradição centenária na literatura, desde Jasão e os Argonautas vemos essa espécie de "crossover" entre personagens e ele se sente orgulhoso em fazer parte dessa tradição com seus escrito, e isso lhe parece muito diferente de simplesmente tomar de assalto personagens criados por velhos escritores de quadrinhos.
Sobre as novidades da Liga Extraordinária, moore disse que está escrevendo um conto com o Capitão Nemo, passado em 1920, onde ele irá até a Antártida, misturando elementos dos escritos de HP Lovecraft.
Descobrimos que Moore era fã de wrestling, mas que foi perdendo o interesse ao saber que vários lutadores se machucavam de verdade naquele esporte.
Ele também falou o motivo de nunca ter escrito o roteiro de nenhum game, ele disse que não se sente bem em escrever uma história onde o próprio leitor escolhe o final , e que se acha radical demais quanto á narrativa de uma história pra aceitar isso.
Por fim Moore entra numa digressão, falando sobre o conceito de tempo não linear, como mostrado em Watchmen e Do Inferno, e diz que acredita nisso, que tudo acontece ao mesmo tempo, e que ninguém deveria fazer algo com que depoi não conseguisse viver para sempre com aquilo, pois é exatamente isso que estamos fazendo.

O que eu acho? Entendo o ponto de vista de Moore, e concordo com ele, pois é diferente você pegar persoangens já existentes e criar algo novo com eles e pegar personagens já existentes e explorar novas histórias num universo que é o mesmo abordado anteriormente sem nenhuma necessidade prática...
Admiro não só o talento como escritor, mas também as atitudes de Moore, sempre solícito em ajudar quem realmente merece (como fez com Mick Anglo, criador do Miracleman e como está fazendo com o falecido Harvey Pekar) e também a sua lealdade com outros escritores.
Sobre o bate papo, só senti falta de uma coisa... da galera perguntar se a FILHA DELE TÁ SOLTA NA PISTA!!!!!!!!!

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