O lançamento da Panini Comics, comemora uma das histórias mais clássicas da DC Comics e seu universo fundamental para os Comics.
Cabe aqui um enorme parênteses para contextualizar. O esporte é uma das maiores fábricas de heróis que existem e Muhammad Ali, ex-Cassius Clay, é um produto de um dos melhores momentos disso. Naquela época a mídia ecoava o alcance dos carismas sem reviver microscopicamente cada lance, especialmente da vida desses personagens. Naquela época ninguém comentaria do cabelo do Dr. Sócrates ou faria alguma estatística bisonha sobre um ídolo como Roberto Dinamite.
Você pode não gostar de boxe, mas Ali era muito mais do que um boxeador. Ele se tornou muçulmano em uma época nada fácil para quem ousasse discordar de governos, recusou o alistamento e fez tudo isso desafiando tudo e a todos. Imagine um jogador como Messi com mais marra que o Romário, mas acima de tudo, com um orgulho moral de nunca fazer nada que não concordasse. Parece impossível, mas ainda assim talvez seja insuficiente para explicar o que Muhammad Ali significa não só para o esporte, mas para a história da nossa sociedade.
Ali foi um herói em uma época em que todos os heróis pareciam supers. Talvez tanto quanto o que o Super-Homem significa para nossa cultura. Fecha parênteses.
Superman X Muhammad Ali é uma das melhores coisas que a Panini já lançou por aqui e é daqueles lançamentos que faz qualquer editora responder o porquê de existir. Todo nerd bem informado já ouviu falar dessa luta, mas é quase impossível achá-la impressa - o que reduz as chances de muita gente fora das Locadoras Ultra ler - e a tornou uma espécie de história que todo mundo conhecia, mas pouca gente entende o porquê de gerar tanto assunto.
Após a chegada de uma esquadra alienígena à Terra, Super-Homem e Muhammad Ali são escolhidos para decidir entre si o direito de defender o destino da terra em um confronto contra um campeão alienígena. O que torna Superman X Muhammad Ali diferente é a sensibilidade de Dennis O'Neil ao escrever uma história que soa mais do que HQ: é um documento histórico de uma época onde os bons eram os justos e os maus eram vencíveis, ao menos nos quadrinhos. O traço de Neal Adams completa essa edição de peso riquíssimo e inigualável. É um dos maiores presentes que um leitor de quadrinhos pode ganhar.
A Panini demonstra uma imensa compreensão do contexto da história com a edição de luxo e com informações relevantes, como as páginas que explicam quem é quem na clássica capa. A edição de Levi Trindade faz jus ao trabalho sem erros que estraguem um álbum tão bom. Grande qualidade pelos R$22,90 da edição.
Na última página, Ali diz que ele e o último filho de Kripton são os maiores. Há poucas pessoas na nossa história que podem ser um personagem de HQ dizendo isso sem que soe inverossímil ou piegas. Superman X Muhammad Ali se confirma como registro histórico.
Nota: 10
Superman X Muhammad Ali
Formato americano (18,5 x 27,5)
100 páginas.
R$ 22,90
Papel couché.
Distribuição nacional.
Capa dura.
(Superman vs. Muhammad Ali)
Bugman curte esportes
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