Post do Leitor: Quem Foi Shingo Araki?

Semana passada morreu o artista japonês Shingo Araki. Conhecido mundialmente como o character designer dos Cavaleiros do Zodíaco, a sua história profissional se confunde com a história da animação japonesa, tendo destaque tanto em obras Shonen (para garotos) quanto Shoujo (para moças). E o Leitor Fabio Miranda Palermo enviou essa homenagem pra ele:

Um Pouco de sua História

Shingo Araki nasceu no dia 01 de Janeiro de 1939 na Provincia de Aichi, Nagoya, no Japão. Do signo de Capricórnio. Ganhava a vida como um artista de animação japonesa e designer de personagens. Conhecido por seu designer criativo em muitos animes, principalmente em Saint Seiya. Era apaixonado por desenhos animados desde pequeno, especialmente pelo trabalho de Osamu Tezuka.

Muito jovem ainda estreou como ilustrador de publicidade, ilustrando contos em uma publicação chamada Ooinaru isan e depois em Estate-A Taiyo Big. Se formou na Província de Aichi e em 1955 fez sua estréia como cartunista no jornal Machi. Em 1963 fez dois curtas-metragens da série Jin Kyo-no Hoshi. Aos 27 começou a trabalhar com Osamu Tezuka. Em 1964, entrou na Mushi Productions (mais tarde conhecida como Osamu Tezuka Productions) como animador.

Em 1966 ele e seus amigos Akio Sugino, Akihiro Kanayama e Nobuyoshi Sasakado fundaram o Estúdio Jaguar, mas continuaram trabalhando nas obras de Tezuka (obras realizadas com contratos temporários) e, entre 1966 a 1969, Araki atuou ao lado de diversos diretores de animação da época, incluindo trabalhos com Fujiko Fujio (Doraemon) e Rintaro (Capitão Harlock). Em 1970 entra na TMS (Tokyo Movie Shinsha), uma das três grandes empresas da animação japonesa.

Na TMS estreou como diretor, numa animação da Mushi, e depois trabalhou na adaptação de muitos mangás de Go Nagai, incluindo Devilman (1972), Cutey Honey (1973), UFO Robô Grendizer (1975). Durante este período participou também d aprodução dos hoje clássicos A Princesa e o Cavaleiro (1967), Ashita no Joe (1970), Mahou - A Pequena Sereia (1971) e Babel II (1973 e 1974), esta última a obra que o levou a fama definitivamente.

Tudo isso com rapidez suficiente para entrar diretamente no papel de Chara (Character Designer de Personagens de Anime) e Sakka (Supervisor de Projetos). Michi Himeno, sua parceira em vários trabalhos como Cavaleiros do Zodíaco e Ulysses 31, declara:

"Depois de ter sido formado na escola de arte, comecei a colaborar com o Sr. Araki. Quando criança eu era fascinada pela beleza das imagens e do dinamismo da Babel II, por isso decidi desde o início que eu queria trabalhar com ele."

Então, a tarefa de ser o Character Designer em Koya no Shonen Isamu (Willy Boy 1973) e nos animes de sucesso Cutey Honey (1973) e Majokko Meguchan (1974), significou sua consagração como o melhor character designer de desenhos da TV do Japão. Mais tarde ele se juntou a equipe da Toei Animation Co.

Em 1975 fundou sua própria companhia em Tóquio, a Araki Productions. A empresa reúne mestres em animação, entre eles Michi Himeno, uma dúzia de assistentes, Tomoharu Katsumata (Diretor de Saint Seiya), Hideyuki Motohashi (Designer de personagens de Bt'X e Saint Seiya Hades), Yoko Himeno (irmã mais nova de Michi), Yue It, Tomiko Namik e Kyoko Chino.

A partir daí, Araki "conquista" a França com a obra Goldorak (1976), mas a fama internacional vem mesmo através de Saint Seiya, juntamente ao estilo cartoon dinâmico com toques elegantes de Michi Himeno. O que caracteriza seu trabalho são os estilos dos corpos serem finos e flexíveis, não apenas os femininos, mas também os masculinos, embora as vezes faça corpos gigantes ou musculosos, que quando colocados em posições de combate, tendem a dobrar ligeiramente, avançando a cabeça e os ombros.

Também merece serem notadas as expressões faciais que criava com as sobrancelhas, cabelos longos e olhos grandes mas muito elegantes, capazes de refletir qualquer sentimento. Outro mérito é o perfil, um ponto fraco de muitos artistas que tinham dificuldades para desenhar bocas abertas em ângulos diferentes.

Mas o que realmente alavanca os desenhos de Araki é a beleza de seus personagens, cada um com uma atenção excepcional aos detalhes físicos, rico em elegância, formas e cores, com os movimentos fluindo a cada cena.

Os Cavaleiros do Zodíaco

A primeira impressão que Araki teve ao ver a história/personagens foi de sentir como se os mesmos fossem dele mesmo. Sentiu uma grande familiaridade com cada personagem como se fossem seus melhores amigos.

Para desenhar/desenvolver as armaduras foi bem difícil. Seus primeiros esboços eram as da versão mangá, mas a Bandai iria vender brinquedos então teve que alterá-las para que fossem confeccionadas mais facilmente. A armadura que mais lhe deu problema na hora da criação, foi a de Pégaso. O elmo, como era pertencia ao protagonista, tinha que fazê-lo num formato que ficasse bom de qualquer ângulo.

A arte de correr com os braços estendidos e com uma postura inclinada para frente foi uma técnica a qual Araki usava para produzir velocidade e economizar tempo. A parte de cima realmente não se move, só as pernas, isso faz com que o trabalho do animador diminua e em contrapartida melhora o "efeito" de correr. Apesar do Seiya lhe dar mais trabalho, na hora da criação, este é seu personagem favorito. Acima de tudo, pela grande amizade que nutre por ele.

Capitão Harlock e a Nave Arcádia

Para celebrar o trabalho Shingo Araki, vamos recordar um dos personagens mais marcantes adaptados por ele para os desenhos animados, o Capitão Harlock, criação clássica dos mangás de Leiji Matsumoto. O longa-metragem animado Capitão Harlock e a Nave Arcádia (ou Capitão Harlock, O Pirata do Espaço - Arcádia de Minha Juventude) conta a história do Capitão, um autêntico "Pirata do Espaço", que se recusa a entregar sua nave de guerra aos invasores que dominaram a Terra e inicia uma revolta.

Assista ao FILME COMPLETO: