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Dia nacional da consciência negra e quadrinhos... dá pra fazer um paralelo?

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Porque você não achou que justo eu, o único afrobrasileiro desta pocilga ia deixar a data passar em branco, né?


Então negada (hoje mais do que nunca), quero aproveitar muito a passagem do Dia Nacional da Consciência Negra (ontem, 20 de novembro) para uma pequena reflexão do lugar que, não só os negros, como também outras minorias, têm ocupado no cenário das histórias em quadrinhos.

É, porque pode até ser que você não perceba, mas mesmo HQ's de super-heróis tem muito a ver com a vida cotidiana da gente - inclusive, em alguma medida elas precisam ser um reflexo da vida real (ainda que temperada pelo fantástico) pra poder ter público, vender e fazer algum sentido pro leitor.

E ultimamente tem aumentado consideravelmente o número e o destaque que personagens negros recebem nas HQ's. Sim, muitos continuam existindo apenas pra preencher cotas (o que é uma necessidade. Triste, mas uma necessidade), mas tem surgido alguns personagens originais, com autores minimamente preocupados em escrever negros que pareçam negros, e não apenas em representar estereótipos. Não, não estou dizendo que a coisa hoje anda às mil maravilhas, mas já está bem melhor do que já foi.



É claro, temos ainda uns e outros que teimam em não saber o que estão fazendo - vide aquela história da Tempestade e do Pantera Negra recém-casados rodando os EUA e passando APENAS pelas cidades onde haviam heróis negros (mesmo que fossem de quinta categoria), que insistem em criar uma noção de gueto (que é até um pouco válida para os estadunidenses), mas que é totalmente contrária à noção de "inclusão identitária" que o século XXI carrega.



E enquanto alguns casos ainda constrangem, como a reação popular à inserção de Miles Morales como novo Aranha Ultimate, é interessante perceber como poucas foram as reclamações à escolha de John Stewart como Lanterna Verde na Liga Animated - depois essas poucas reclamações acabaram sendo caladas, já que muita gente pedia o afroamericano como Lanterna no cinema (por já ter algum apelo popular).

O que isso representa? Não sei dizer ao certo, mas me arrisco de que a quantidade de negros na sociedade não aumentou assim tão exponencialmente para desencadear mudanças (desconsidere o Brasil. O último censo mostra que o número de negros e pardos aumentou, mas aqui temos a questão da auto-afirmação). O número de não-brancos economicamente relevantes (sim, eu quero dizer ricos ou pelo menos de classe média) cresceu, e trás consigo o que é mais importante, que é a visibilidade dos não-brancos. Ou seja, de uns tempos pra cá tem-se exigido que negros, pardos, amarelos, latinos e tantas outras minorias sejam VISTAS. Pegue Action Comics #1 (pós-reboot) e perceba que John Irons está lá, como um cientista entre outros cientistas. É a isso que chamamos visibilidade. É isso que os movimentos de minoria lutam pra conseguir - lembrar para o mundo que eles existem, não apenas como empurradores de carrinho de pipoca ou empregadas domésticas. Existem negros cientistas, soldados, super-heróis, políticos, comerciantes, estudantes... E que, em termos de competência, não diferem em nada de cientistas, soldados ou super-heróis brancos. Claro, existem diferenças, particularidades culturais que diferem um e outro, mas é bacana quando elas são mostradas de maneira não-negativa - tomando por exemplo o Luke Cage nos Vingadores, Bendis o colocou algumas vezes como mais preocupado com a sua comunidade do que com o planeta.



A grande questão é que na nossa sociedade existem negros, brancos, latinos, orientais, árabes, ciganos, homens, mulheres, gays, lésbicas, transexuais, anões, cadeirantes, cegos, surdos, ricos, pobresong>um fato dado. O mimimi do preconceito não vai mudar isso, como também não vai mudar o fato de que todos esses grupos de minorias querem ser representados nas produções culturais - todos eles MERECEM ser representados nas produções culturais! E se estamos ainda longe de fazer isso com naturalidade, sem estereotipias, é porque leitores e autores ainda não tem olhos treinados para perceber as sutilezas dos diferentes - daí pegam o caminho mais fácil, pisado e batido do estereótipo. Colocar um homem negro como um dos mais inteligentes (e ricos) do mundo (Sr. Incrível - DC), ou como um dos cientistas mais éticos de uma grande metrópole (John Irons - DC), ou ainda como um excelente pai de família (Luke Cage - Marvel), ou quem sabe um soberano paciente, justo e combativo (Pantera Negra - Marvel), ou de repente como um Ministro da Educação querendo fazer o certo num governo corrupto (Raio Negro - DC) são atitudes que ajudam a diluir o estereótipo tanto na cultura da produção quanto na cultura do consumo do produto. Basta ver. Porque cor de pele não define caráter. Não define moral, ética, senso de dever ou de responsabilidade. Nestes casos, cor de pele só define... Cor de pele!

E eu espero um dia poder ver isso acontecer.

E você?

Mais sobre o assunto em:

As minorias no novo UDC: parte I
As minorias no novo UDC: parte II
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Review de Ultimate Spider-man Vol.2 #1

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