
Nessa parte do Especial acompanhe os filmes que já nasceram envolvidos em polêmica, conheça o Código Hays e saiba como uma guerra pode revelar até mesmo o lado mais dark e proibido dos desenhos animados. Curtam isso aí já que hoje não tem podcast mesmo...
O Código Hays
A partir do ano de 1930 vigorou em Hollywood o Motion Picture Prodution Code, popularmente chamado Código Hays, elaborado pelo advogado Will Hays, um sistema de auto-censura dos próprios Estúdios de Cinema com suas obras visando tentar melhorar a imagem da "Cidade do Pecado", que era como a imprensa e o público viram Hollywood após uma série de escândalos na década de 20, notadamente a injusta acusação que pesou sobre o comediante Roscoe Fatty Arbuckle (o Chico Bóia) de haver estuprado e matado uma mulher durante uma orgia num hotel.
O infame código feito por Will Hays, que teria ganhado força graças a repercussão da inocente cena onde Clark Gable tira a camisa na frente de Claudete Colbert no clássico Aconteceu Naquela Noite, consistia basicamente no seguinte:
Sexo apresentado de maneira imprópria
Cenas românticas prolongadas e apaixonadas
Ridicularizar funcionários públicos
Retratar religiosos de maneira pejorativa ou cômica
Filmes com o tema da escravidão branca
Destacar o submundo
Ofender crenças religiosas
Referências a doenças venéreas
Tornar os vícios atraentes
Tornar o jogo e a bebida atraentes
Enfatizar a violência
Uso de drogas
Nudez
Exibir em detalhes métodos de ação criminosa
Retratar gestos e posturas vulgares
Miscigenação e alusão ao amor entre brancos e negros
Como dá pra notar havia muitas questões subjetivas que acabaram gerando inúmeras discussões, ainda mais quando o responsável pelo departamento de censura passou a ser o ativista religioso Joseph Green em 1934. Para alguns a única forma de manifestação artística genuína deveria ser nos Filmes B, o Cinema mais marginal, que exatamente por não ter o orçamento dos grandes estúdios não precisava se preocupar com o politicamente correto do Código.
Houve muitos Filmes B, de gângster, western, ficção científica, mas o principal gênero nascido ali foi o Noir (se você não sabe o que é se mate) Os Filmes B revelaram ainda grandes cineastas como Anthony Mann, Samuel Fuller e Nicholas Ray que depois foram "incorporados" ao mainstream. Mas o fato é que houve grandes opositores do Código mesmo dentro do "Sistema".
O Proscrito

O primeiro a desafiar o Código Hays foi o excêntrico e problemático milionário Howard Hughes ao produzir o faroeste O Proscrito que contava a história dos legendários Billy The Kid, Pat Garrett e Doc Holliday (o qual que eu saiba nunca conheceu os dois primeiros) envolvidos com a mexicana Rios, representada por Linda Darnell, a protegida de Hughes, que dizem ter ganho o papel por sua beleza e seus seios volumosos. O milionário insistiu que o filme deveria ressaltar a sensualidade da atriz, com direito a 37 closes no seu busto, e o diretor Howard Hawks pulou fora do projeto.
Hughes acumulou então a função de diretor e chegou a desenvolver um sutiã especial para Linda Darnell usar na filmagem. Quando o filme ficou pronto em 1941, obviamente enfrentou a oposição de Joseph Breen, o que se tornou uma obsessão para o poderoso Howard Hughes e uma guerra de bastidores. Ajudou muito também a propaganda de um dos pôsters que com uma imagem dos seios de Darnell dizia: "Quais as duas razões para Linda Darnell atingir o estrelato?"
Após muitas reuniões e cortes o filme foi lançado em 1943. Ficou uma semana nos cinemas e foi banido das telas de novo, teoricamente por reclamações do público. Fico me perguntando se hoje em dia alguém reclamaria de um filme da Christina Hendricks.
Mais reuniões, mais cortes e finalmente Hughes decidiu lançá-lo em 1946 sem o selo de aprovação do Código Hays. E não foi só isso. Em nova propaganda desafiadora ele fez dois aviões escreverem no céu o nome do filme dentro de dois balões com um pequeno círculo no meio de cada um, representando vocês sabem o quê. Parte dessa controversa história pode ser conferida no filme O Aviador de Martin Scorcese com Leonardo DiCaprio no papel de Howard Hughes.
Um Pouco de História

Obviamente o Código Hays não tinha valor fora dos EUA, mas tinha influência. Afinal, Hollywood era a meca do cinema e, mesmo do outro lado do Atlântico certamente muitas produções de filmes de gênero seguiam as regras do Código para obter sucesso comercial. Porém, com o crescente prestígio de vários movimentos cinematográficos na Europa, especialmente a Nouvelle Vague (Nova Onda) na França com obras-primas filmadas pelos então críticos da revista Cahiers Du Cinéma (quem disse que todo crítico é um cineasta frustrado?), Hollywood também se viu tendo que abrir as portas pra novas tendências liberais e aboliu o Código no fim dos anos 60.
O marco incial da Nova Onda do Cinema de Hollywood teria sido Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas de 1967, um projeto pessoal do produtor e astro Warren Beaty. Nesse período (Anos 60 e 70) a América do Norte foi sacudida por uma série de acontecimentos que afetaram as pessoas de lá e de todo o globo: crise dos mísseis de Cuba, assassinato de John Kennedy, guerra do Vietnã, CIA interferindo diretamente em ditaduras latino-americanas, febre da cultura hippie, marchas pelos direitos civis e igualdade racial, assassinato de Martin Luther King, escândalo de Watergate, renúncia de Richard Nixon etc.
Essas mudanças de postura da grande indústria e do público em geral abriram as portas para uma abordagem mais ousada tanto pro Cinema de Autor quanto pro Cinema de Gênero, tanto nos EUA quanto no resto do mundo. Devido a isso os anos 70 ficaram marcados pelos mais loucos tipos de experimentação na Sétima Arte, como os filmes abertamente apelativos, Exploitation, o Trash no seu sentido mais Gore, a ascenção da Indústria do Pornô e o sucesso do subgênero Sex Softcore (Sylvia Kristel que o diga!), o surgimento pro mundo dos Filmes de Artes Marciais Chineses, a volta do Cinema Político com força total etc.
Em 1968, com o primeiro A Noite dos Mortos Vivos, George Romero criou um gênero próprio do qual ele é obviamente o principal expoente, os Filmes de Zumbi, até hoje cultuados e revisitados por fãs e seguidores de todo o mundo. Romero não foi o primeiro a usar zumbis no Cinema, mas se tornou o mais marcante e referencial por tornar suas obras repletas de metáforas sobre o lado mais inquietante dos indivíduos e da sociedade. Logicamente ele também ganhou uma boa (ou má) fama de maldito por causa disso.
Provavelmente o maior produtor do Trash nos EUA foi Roger Corman com seus lucrativos filmes B feitos fora dos grandes estúdios que lançaram as carreiras de gente como James Cameron, Martin Scorcese e Francis Ford Coppola. Alguns filmes trash eram tão exagerados ou toscos (seja por seus temas, atores, visual ou história) que se tornaram verdadeiras comédias no melhor estilo do nosso amigo Ed Wood, criando um novo gênero: o Terrir. Foi assim com Ataque dos Tomates Assassinos por exemplo. Nesse contexto surgiu uma "produtora maldita", a Troma Filmes, responsável por clássicos de Terrir como O Vingador Tóxico, Tromeo e Julieta O Monstro do Armário. Suas produções de baixo orçamento e repletas de humor escatológico e violência explícita acabaram fazendo da Troma uma espécie de nova versão hardcore dos Filmes B antigos.
Um Pouco de Geografia

Na Inglaterra a Hammer Filmes poderia ser considerada outra produtora maldita, pois só produziu obras do gênero horror revigorando personagens dos filmes de monstros da Universal na década de 30, como Frankenstein e o Drácula com Christopher Lee. A Hammer, que já existia justamente desde a década de 30, atingiu seu auge exatamente nessa fase de liberação dos anos 60 e ainda nos anos 70 lutou para se manter em evidência com filmes de apelos mais eróticos com estrelas como Ingrid Pitt, mas terminou suas atividades em meados da década de 80 produzindo séries para a TV.
A Itália, que já tinha um cinema independente muito forte marcado pelo Neorrealismo, viu surgir os Filmes de Canibais de Umberto Lenzi e Ruggero Deodato, que extrapolavam os limites da violência, o Western Sphagetti de Sergio Leone e Sergio Corbucci, o lado sujo do faroeste, e o Giallo de Mario Bava, Dario Argento e Lucio Fulci, um olhar mais cru e violento para o filmes de mistério. O Giallo logo recebeu uma resposta nos EUA com a criação do gênero Slasher, daonde saíram clássicos de gênero que viraram franquias famosas como Massacre da Serra Elétrica, Halloween, Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo, Brinquedo Assassino etc. que mudaram pra sempre a cara dos filmes de terror, especialmente entre as décadas de 70 e 80.
No Brasil dessa época, as pornochanchadas reinavam absolutas com histórias repletas de nudez, palavrões e sexualidade em longas-metragens que facilmente poderiam ser confundidos com um pornô e que caíram no gosto do grande público. Boa parte delas foi produzida numa região do centro de São Paulo conhecida como Boca do Lixo, que hoje, com a decadência do gênero, se tornou uma das cracolândias da capital paulista. Alguns filmes até hoje podem ser considerados malditos (especialmente pra quem sente vergonha de ter feito parte do elenco), como Espelhos da Carne, que abordava até o satanismo.
No entanto, o ícone maldito máximo do Brasil é o realizador José Mojica Marins, criador e intérprete do Zé do Caixão (conhecido lá fora como Coffin Joe). Personagem principal da trilogia de horror À Meia-Noite Levarei Sua Alma, Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver e Encarnação do Demônio, Zé do Caixão tornou Mojica e todas as suas demais obras um cult. Talvez ninguém tenha sabido aproveitar melhor no mundo a fama de maldito do que ele.
No Japão os Filmes Chambara (nome dado ao som do choque das espadas dos samurais) atingiam seu apogeu com versões mais barra pesada, cheios de nudez e violência, dos clássicos antigos como os de Akira Kurosawa. Enquanto tais longa-metragens passaram a ser conhecidos em todo mundo, Godzilla já fazia a festa a muito tempo. Seu primeiro filme é de 1954, e ele se tornou não só o "Rei dos Monstros" como também uma forte metáfora sobre como o homem pode ser seu maior inimigo ao abusar da tecnologia bélica e não respeitar a natureza do planeta. Sua história simples (um monstro criado por testes nucleares destrói tudo que encontra no caminho) deu origem a um gênero popular até hoje no Japão (com outros monstros clássicos como Mothra, Gamera etc.) e atingiu o Ocidente revigorando os filmes de criaturas gigantes que tinham sido moda nos EUA dos anos 50, com formigas, aranhas e... coelhos!?
A Noite dos Coelhos

No entanto houve um Trash dos anos 70 cujo tema era tão doentio que chegava a ser perturbador. Pelo menos pra mim, pro Julius pai do Chris e pra uma série de crianças que tinha pesadelos com esse troço: A Noite dos Coelhos. No filme uma experiêcia em laboratório dá errado e uma das mais inocentes criaturas da natureza, os coelhos, são transformadas em gigantescas criaturas carnívoras sanguinárias. Como diria o Change "Isso é muito errado."
O pior de tudo é o efeito especial que tornava os coelhos gigantes que deveria ter ficado só tosco, mas que o tornava a produção especialmente perturbadora. Da mesma forma era sinistra a forma dos coelhos se ocultarem na escuridão, apenas com os olhos aparecendo espiando duas vítimas das sombras. E também era sinistra a proprganda da Sessão das Dez do SBT. Até hoje eu tenho pra mim que quem idealizou esse filme foi algum tipo de tarado. Porque pra pensar em algo como A Noite dos Coelhos o cara tem que ter algum problema. Ou será que o problema é meu por ficar incomodado com ele?
Nascidos Para Chocar
Contudo os Filmes de Autor ao redor do mundo e o Cinema Independente norte-americano foram os responsáveis pelas obras mais perturbadoras da Sétima Arte, grande parte delas nos anos 70.
Saló ou Os 120 Dias de Sodoma

Na literatura, o Marquês de Sade foi um dos que exploraram os fetiches violentos e sexuais mais bizarros escondidos na nossa mente. Basta dizer que a palavra sádico, que significa aquele que sente prazer no sofrimento alheio, veio do nome do escritor. Mas foi preciso uma outra mente tão ousada (talvez insana) quanto a de Sade, a do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, para trazer sua obra para Sétima Arte. Assim nasceu um dos longas-metragens mais polêmicos de todos os tempos, Saló ou Os 120 Dias de Sodoma.
Na história original um grupo de nobres raptava um bando de jovens e os aprisionava em um castelo aonde realizavam todo tipo de depravação física, psicológica e sexual contra eles. No filme Pasolini transferiu a ação para a Itália fascista no intuito de tranformar Saló ou Os 120 Dias de Sodoma numa crítica política a burguesia, assim como Sade teria criticado a nobreza de sua época. Fica o questionamento: é possível enxergar a crítica política em meio a tanta escatologia, violência e perversão explícitas? Provavelmente cada um terá uma resposta diferente, o quê, aliás, mantém o filme famoso e polêmico até hoje.
Alucarda

Do México veio em 1975 um filme maldito que se tornou o preferido do diretor Guillermo Del Toro, Alucarda, que parecia tentar ser uma versão (ainda mais) hardcore de O Exorcista. O filme contava a história de duas meninas órfãs criadas em um convento no fim do século XIX, uma delas a própria Alucarda, vivida pela atriz Tina Romero. Lá elas embarcam numa trama repleta de bruxaria, nudez, lesbianismo, (muito) sangue, (muita) histeria pseudoreligiosa e satanismo quando são possuídas pelo demônio. Aliás, esse era o ponto mais bizarro do filme. O diretor Juan Lopez Monteczuma falava abertamente (e constantemente) de adoração ao Diabo durante toda a história. Detalhe: Alucarda é um anagrama.
Eraserhead
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Nos EUA surgiram pelo menos dois filmes bem chocantes no circuito independente, Eraserhead e Pink Flamingos. Eraserhead é simplesmente o primeiro filme de David Lynch, que dispensa apresentações. Rodado em preto-e-branco, o filme conta a história do operário Henry Spencer (que tem um penteado parecido com o do Einstein) que a namorada Mary deu a luz um bebê deformado e monstruoso. Quando Mary o abandona Henry precisa cuidar dele sozinho e, após diversos delírios e visões bizarras, termina matando o bebê. Um dos longas-metragens mais estranhos e claustrofóbicos na já estranha e clautrofóbica filmografia de David Lynch, Eraserhead se tornou um cult com pessoas até hoje tentando decifrar seus significados ocultos. Dizem que Lynch usou o feto de uma vaca para ser o bebê (urgh!) e que após isso o enterrou no deserto.
Pink Flamingos

Já Pink Flamingos foi um filme de John Waters contando a saga da drag queen Divine e família que disputam o título de "Pessoas Mais Sórdidas do Mundo" contra um casal tão bizarro quanto eles. Isso garante ao filme um festival de cenas doentias com direito a incesto, bestialismo, estupro, escatologia e cropofagia. Apesar disso (ou por causa disso) o filme fez um grande sucesso e até hoje é considerado cult.
Polêmicas Modernas
A Última Tentação de Cristo

Dos anos 80 pra cá, mesmo com os costumes da sociedade em geral tendo passado por grandes mudaças, alguns filmes ainda conseguiram chocar e atingir o status de malditos. Foi o caso de A Última Tentação de Cristo de Martin Scorcese, baseado no best-seller homônimo, que buscava apresentar uma imagem mais humanizada de Jesus, interpretado por Willem Defoe. Claro que a idéia de humanidade da trama era mostrar Jesus saindo da cruz por obra de um menininho, que mais tarde se revelará o Diabo, e casando e tendo filhos com Maria Madalena. Pessoalmente não gosto do filme por várias razões (pra começar geralmente detesto filmes que no fim tudo era sonho), ele está longe de ser o melhor filme do Scorcese e acho um certo cinismo essa coisa de querer "humanizar" a figura de Jesus. Lembro de um texto do C.S. Lewis (autor das Crônicas de Nárnia) onde ele dizia que o próprio Jesus só deixava duas opções, ou estava certo e era Deus Feito Homem... ou era louco.
Claro que isso não justifica a proibição de A Última Tentação de Cristo em vários países do mundo, só no Chile ficaram 15 anos sem poder assití-lo porque a Igreja o considerava herético, mesma acusação que pseou sobre o filme Eu Vos Saúdo Maria de Jean Luc Godard, que trazia a história de Maria e José para o século XX com direito a cenas de nudez dela. É, mexer com religião é e sempre será uma questão muito delicada.
Filmes de Takashi Miike

Takashi Miike é um cineasta japonês (e uma das grandes referências de Quantin Tarantino) que começou a fazer filmes para video, mas fez tanto sucesso que alcançou os lançamentos cinematográficos e se tornou um dos maiores cineastas da atualidade no Japão. No entanto, alguns filmes de Miike (não todos é bom frisar) ganharam fama de malditos pelo falta de pudor com que o diretor mergulhava na violência da sociedade. É praticamente impossível haver um filme do cara passado no presente onde não aja referências a Yakuza, a máfia japonesa.
Ichii The Killer, um dos seus filmes mais estilosos, é estupidamente violento (mais estúpido até do que violento) onde a tortura é vista como algo banal durante a disputa entre dois grupos mafiosos atacados por um assassino bizarro. Cenas como uma mulher tendo os mamilos arrancados ou um homem sendo cozinhado vivo são mostradas como corriqueiras no cotidiano dos doentios personagens.
Imprint é outra obra das mais tensas do diretor. Originalmente fazia parte de uma antologia onde apareceriam juntos grandes nomes do horror em histórias diferentes, como Dario Argento e John Carpenter. O problema é que a história de Takashi Miike foi tão, mas tão violenta (especialmente por uma longa cena de tortura envolvendo unhas) que Imprint teve que ser editado para a primeira exibição no mercado norte-americano.
Mas provavelmente o filme mais perturbador do cineastas japonês é Audition. Conta a história de um viúvo que quer casar novamente e recebe ajuda de um amigo diretor de cinema que simula uma audição de atrizes para um longa-metragem para aproveitar e achar uma esposa para ele. O que ninguém esperava é que a doce jovem escolhida se revelasse uma mortal psicopata. Audition impressiona por começar quase como um romance para gradativamente tornar-se uma história de mistério e culminar numa obra do mais puro horror. Vi o filme numa Mostra do Takashi Miike e era interessante (e divertido) ver as pessoas se levantando pra sair da sala de cinema conforme o final aterrador se aproximava.
Horror à Francesa

Muita gente acha que os principais filmes de terror vem do Oriente hoje em dia, mas na verdade vem da França. Isso porque boa parte deles não chega nem a ser lançado aqui. Pelo menos esse é o caso de Martyrs (Mártires). A perturbadora história de duas garotas que enfrentam uma conspiração de pessoas que capturam e torturam de maneira ultraviolenta jovens inocentes até o limiar da dor e da loucura motivados por uma seita bizarra com um sinistro objetivo.
Também são dignos de nota da terra da Torre Eiffel o terror A Invasora, sobre uma mulher grávida que se vê acuada por uma intrusa em sua casa que deseja nada mais nada menos do que o filho que ela está carregando, e, claro, o drama de suspense Irreversível de Gaspar Noé, onde dois amigos buscam o responsável pelo bárbaro estupro da namorada de um deles.
Ainda Existe Censura?

É uma pergunta que vejo várias pessoas se fazendo e que frequentemente volta ao centro da discussão quando filmes como Centopéia Humana 2 tem sua exibição proibida na Inglaterra ou A Serbian Film - Terror Sem Limites é proibido de passar no Brasil. No caso de A Serbian Film, o longa-metragem realmente estaria fazendo apologia a pedofilia e simplesmente estaria sendo cumprida a lei brasileira ou se trata de censura com motivações políticas?
A Serbian Film mostra um ator pornô indo para a sérvia participar sem saber de um snuff filme (filmes com torturas e mortes reais de pessoas). Entre várias cenas grotescas existem até um estupro de um recém-nascido, que obviamente era um boneco mecânico. Independente do mau gosto do filme, valhe lembrar que o diretor sempre alegou que o exagero e choque estavam lá como crítica a Sérvia hoje em dia. Afinal, quando faz um filme desses ele incentiva ou denuncia a pedofilia, entre outros males? Taí uma coisa que cada um sempre terá sua opinião. Qual é a de vocês?
O Lado Dark da Disney

Não dá pra encerrar a segunda parte do Especial sem mencionar os desenhos malditos envolvendo os personagens Disney. Tá certo que sempre existiram diversas (e muitas vezes despropositadas) acusações sobre os filmes da empresa do camundongo, mas algumas assustadoramente se revelaram verdadeiras. Um dos casos mais lembrados é o da fotografia de uma mulher nua que surge do nada durante uma fração de segundo no meio do filme Bernardo e Bianca. Isso deu uma tremenda dor de cabeça e várias cópias tiveram que ser recolhidas. A "explicação oficial" é a de que um funcionário fez essa brincadeira sem graça sem a empresa saber... Mal contada pra caramba, mas é essa a explicação.
Mas foi durante a Segunda Guerra Mundial que surgiram os casos mais bizarros. Vários personagens de quadrinhos e desenhos animados "se alistaram" na luta contra o Eixo e a Alemanha Nazista. A Disney colaborou com um famoso desenho, A Face do Fuehrer (que depois teria sido banido), aonde o Pato Donald sonhava que trabalhava numa fábrica de mísseis nazista e no fim atira um tomate na cara de Hitler! Essa animação chegou a ganhar um Oscar de Melhor Curta-Metragem em 1943. Outro famoso desenho anti-nazista é uma animação da Disney que mostra como a campanha publicitária de Hitler recrutava e treinava para a morte os jovens. O desenho, As Crianças de Hitler, também foi banido depois da guerra.
O mais bizarro, no entanto, é que o pessoal do Eixo decidiu contra-atacar e fizeram animações mostrando os famosos personagens da Disney entre outros como vilões e assassinos de guerra! Os nazistas produziram um desenho animado, Nimbus Libéré de 1944, onde Mickey, Donald, Pateta, Gato Félix e Popeye são mostrados como pilotos de aviões bombardeando a França ocupada pelos nazistas e causando o terror. Espero não arruinar a infância de ninguém com esse desenho.
NA ÚLTIMA PARTE DO ESPECIAL: Isso foi só aperitivo, na terceira parte mostraremos realmente os filmes mais malditos do mundo cuja maldição foi muito além do que se esperava. De quebra conheça o assassino mais bizarro do mundo!
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