
Pedi ajuda ao Guardião da Cripta e juntos selecionamos numa lista os filmes, cineastas, animações e lendas malditas, que entraram pra história do Cinema pelas razões mais absurdas, quase tão absurdo quanto usar a expressão maldição três vezes no título de um post só pra chamar a atenção.
Lendas Cinéfilas
Max Schreck era um Vampiro de Verdade?

Uma das lendas mais estranhas do Cinema diz que Max Schreck, o astro do clássico do Expressionismo Alemão Nosferatu - Uma Sinfonia do Horror, era um vampiro de verdade devido a seu comportamento recluso e misterioso e por ter surgido "do nada" para o papel em um gênero que ainda nem existia. Como se o pensamento do diretor F. W. Murnau, responsável pelo primeiro grande filme de vampiro fosse "Quem melhor que um vampiro para interpretar o próprio?"... Some a isso o fato de que Schreck em alemão significa "susto" ou "espanto" e estava formado o mito.
Na realidade o cara era um veterano da Primeira Guerra Mundial que se tornou ator de teatro, por isso era pouco conhecido no Cinema Alemão da época. Mas depois depois fez mais de 20 filmes, nenhum deles como vampiro.
No entanto o caso rendeu tanto que em 2000 foi feito um filme baseado nisso, A Sombra do Vampiro, onde Murnau (John Malkovich) teria de fato contratado Schreck (Williem Defoe) para estrelar Nosferatu por ser um vampiro de verdade, o qual teria como recompensa morder o pescoço da atriz Greta Schroeder (Catherine McCormack) na última cena. Ou seja, era uma licença poética da realidade. A ironia disso é que o próprio longa-metragem Nosferatu era uma "licença poética" do Drácula de Bram Stoker, mas a família do autor não gostou nada da "homenagem", e abriu um processo que levou a produtora do filme a falência.
Enforcamento no Mágico de OZ?

Outra lenda bizarra dizia respeito ao clássico musical O Mágico de Oz. Muitas pessoas afirmam que existe uma cena aonde a menina Dorothy, interpretada por Judy Garland, o Espantalho e o Homem de Lata estão caminhando alegremente pela estrada de tijolos amarelos quando de repente surge no canto da cena um homem se enforcando.
A lenda diz que um técnico de iluminação teria morrido exatamente naquele momento das gravações enforcado nos cabos. Dizem também que a capa da trilha sonora do filme era preta como luto pela morte dele. Já a "explicação oficial" é que seria um pássaro que estaria compondo o cenário da floresta.
O problema é o seguinte: vendo a cena não dá pra dizer exatamente o que é aquilo mas com certeza parece muito mais alguém se enforcando do que um pássaro. Pode até ser ilusão de ótica, mas o que seria o "bico" parece mais o cabelo de alguém balançando. Por outro lado, é meio estranho alguém conseguir se enforcar naquela posição. E por que colocariam essa cena na versão editada do filme? Vai saber o que acontecia nos conturbados bastidores da MGM naquela época. Mas vejam por vocês mesmos.
Três Solteirões e Um Bebê... e Um Fantasma?

Avançando um pouco mais no tempo chegamos ao filme Três Solteirões e um Bebê, que todos nós vimos na Sessão da Tarde e cuja lenda urbana depois nos deu calafrios quando vimos a matéria no Fantástico. Numa cena em que o ator Ted Danson está conversando sobre paternidade com a atriz que faz sua mãe ele vai andando até a janela onde vê-se claramente... um garoto atrás da cortina. Mas o que ele fazia ali?
Segundo consta seria o espírito de um menino que morreu naquele apartamento onde o longa-metragem foi filmado. A "explicação oficial" mais uma vez diz que era um cartaz do próprio Ted Danson que fazia parte do cenário do seu personagem que também era ator no filme. Agora, essa imagem parece de um cartaz?
Resposta: Sim, parece. HUIAHAHAHAAHAHAHAHAHAHA!!!!
Ed Wood - O Cineasta Maldito

Impossível falar sobre os filmes malditos da história do Cinema sem falar de Ed Wood. Muitos anos antes de ter seu "talento" reconhecido e virar até filme do Tim Burton com Johnny Depp fazendo seu papel, Ed Wood era o cara mais excêntrico em um meio cheio de gente excêntrica. Seus filmes mesmo pros dias atuais são muito, muito bizarros, tanto que se tornaram pérolas do humor involuntário fazendo com que a crítica lhe conferisse a alcunha de O Pior Diretor do Mundo. Mas pra nossa geração que "curte" os "filmes" de "diretores" (aja aspas) como Uwe Boll... Ed Wood ainda é tão bizarro assim?
Plano 9 do Espaço Sideral

Sim, é. A "obra-prima" dele, também conhecida como O Pior Filme do Mundo, é o clássico do trash Plano 9 do Espaço Sideral. Na escalafobética história alienígenas preocupados com o avanço bélico da Humanidade decidem invadir a Terra e então ressucistam os mortos, entre eles Drácula (Bela Lugosi), para sobrepujarem os vivos. Sim, ele misturou Ficção Científica com Horror Sobrenatural e ainda enfiou o Bela Lugosi, o eterno Drácula, no meio.
O detalhe é que Bela Lugosi morreu antes de filmar este épico. Por isso, Wood utilizou um recurso que depois se tornaria rotineiro. Pegou cenas que filmara com Lugosi num outro projeto inacabado e adicionou ao filme. Para dar complemento as demais sequências contratou um dublê (detalhe: visivelmente mais alto que o ator) que ficava o tempo inteiro com a capa cobrindo cara. O mais curioso é que eu já vi gente achando que esse detalhe do cara cobrindo o rosto com a capa era pra deixar o filme mais macabro. Não, era pra ninguém perceber que era outro cara!
Quem também participou do filme foi a atriz finlandesa Maila Nurmi, com um espartilho pra lá de apertado, interpretando a "Vampira", a mesma personagem com que apresentava uma sessão de filmes de terror na TV. Ela era mais ou menos uma versão em preto-e-branco da Elvira - a Rainha das Trevas. Inclusive a Maila chegou a processar a Cassandra Peterson, que personificava a Elvira, por plágio, mas perdeu.
Os efeitos especiais de Plano 9 do Espaço Sideral também eram um caso a parte. Pra se ter uma idéia, o Ed Wood teria usado calotas de carro pra serem discos voadores. E ainda dava pra ver as cordinhas. Nem Chaves e Chapolin tiveram essa "ousadia criativa". Mas nada realmente supera os diálogos, a narração em off e edição do filme, onde o resultado de levar um material trash tão a sério era sempre involuntariamente cômico. Um belo exemplo é a morte da versão humana do Bela Lugosi no início do filme. Sim, porque nenhum filme de Ed Wood foi uma sátira, ele os levava muito, muito a sério... mais ou menos como certos fãs de histórias em quadrinhos.
Glen ou Glenda

Outro longa-metragem famoso que mostrava bem o espírito desse diretor era Glen ou Glenda (que foi homenageado como o nome dos filhos do Chucky - O Brinquedo Assassino). Dividido em duas partes o filme contava sobre um detetive que investigava o suicídio de um travesti e ouve de um psiquiatra primeiro a história de Glen (ou Glenda), um homem heterossexual que se vestia de mulher, e seu dilema em contar a verdade para sua noiva. A segunda história contada pelo psiquiatra era sobre um homem que realizava uma cirurgia de mudança de sexo por acreditar ter nascido uma mulher num corpo de homem.
Pois bem, o mais bizarro está mesmo na história por trás desse filme. Ed Wood fora contratado pelo produtor George Weiss para fazer um filme sobre a cirurgia de mudança de sexo para pegar carona no então recente caso real de Christine Jorgensen, uma das primeiras transexuais da história.
Acontece que Wood era crossdessing (se vestia de mulher) na vida real e aproveitou o tema semelhante para tentar resolver um impasse em sua vida pessoal. Ele namorava a atriz Dolores Fuller que não sabia dessa seu hábito. Vocês estão achando isso familiar? Então dá pra imaginar o que houve a seguir né? Sim... Ed Wood escalou Dolores Fuller no papel da mulher de Glen ou Glenda e escalou ELE MESMO no papel-título!!!!!
A atriz mal teria tido acesso ao roteiro e raras ou nenhuma vez ela viu o Ed Wood vestido de mulher. Só quando assistiu ao resultado final é que ela entendeu a "pegadinha" e, em vez de aceitar, ficou muito humilhada com a experiência. Quem também não teria gostado nada foi o George Weiss (afinal travestismo não tinha nada a ver com mudança de sexo... pelo menos eu acho) e foi por isso que Ed Wood criou a segunda história do longa, como um extra. E ele ainda conseguiu enfiar o Bela Lugosi (sempre ele) dentro do filme numa cena estranhíssima em que a imagem do rosto dele aparece sobreposta a um grupo de bisões (!) em mais uma daquelas narrações em off sem pé nem cabeça.
E esse era Ed Wood, um cara que chegou ao ponto de fazer um filme inteiro com a namorada só pra poder explicar pra ela que tinha o hábito de vestir de mulher! Talvez, quem sabe, todos os críticos estivessem errados e Ed era só um dos muitos gênios incompreendidos da Humanidade? Claro que ele não fez o filme só por isso, mas se quiser se arriscar a entrar mais fundo ainda na mente do pior cineasta do mundo e conhecer a versão do Tim Burton pros fatos, assista AO FILME COMPLETO Ed Wood no youtube:
NA PRÓXIMA PARTE DO ESPECIAL: Os filmes e desenhos animados banidos, proibidos, censurados... mas sempre polêmicos. E FELIZ DIA DAS BRUXAS!
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