
Verme é a sua avó. Eu falei mal da animação? Sim. Eu fui assistir pra poder falar mais mal ainda? Sim. Eu consegui? Leia o resto da resenha pra saber, pombas!
É indiscutível que duas das mais emblemáticas histórias do Morcegão surgiram nos anos 80 e fruto da mesma máquina de escrever. Sim, eu estou falando de "Batman o cavaleiro das trevas" e "Batman Ano Um", ambas pelo (hoje gagá) Frank Miller.
Discutir qual das duas é mais relevante faz tanto sentido quanto discutir o sexo dos anjos: cada uma à sua medida, (re)estabeleceram a imagem do Batman para um novo tempo, uma nova abordagem. Quiçá até FIZERAM o Morcego como a maioria das pessoas compreende.

Agora, um outro detalhe também ninguém discute quando se compara as duas graphic novels: quer violência? Leia Cavaleiro das Trevas. Ou... Assista a adaptação animada de Batman Ano Um!
Batman Ano Um, a HQ, (BYO, pra economizar) não tinha violência? Não, não senhor. Tem sim. Em doses muito menores do que no Cavaleiro das Trevas, mas tem. Na animação também tem, mas elas são tão bem cuidadas, às vezes até mais exploradas do que na HQ, que é praticamente impossível não dizer que ganharam mais destaque, que estão mais vivas. Assistindo o filme com a Srª Porco do lado, não foram poucas vezes que eu ouvi: "Nossa, que desenho violento!"

Isso faz de BYO - a animação um desenho ruim, pouco fiel ao original? Não. P*t@ que par%&*, não! BYO é, sem sombra de dúvidas, a adaptação mais fiel que eu já vi. Há trechos, muitos trechos (praticamente tudo) que são transcrições literais da graphic novel (e a dublagem - nacional - também se esmerou nisso, parece que os caras leram a HQ como roteiro). Na verdade, o trabalho de adaptação da trama é tão bom, tão competente, que quase não há do que falar mal.
Veja bem, eu disse quase.

Pode parecer preciosismo, mas a arte do Mazzuchelli faz falta. Ela até aparece vez ou outra (sempre quando aparece uma fotografia ou matéria de jornal, a arte usada é dele), mas é muito pouco e eu explico porque. Primeiro, pegue aí a sua graphic novel (o quê? Você não tem BYO na prateleira? Santo deus...). Folheie as páginas, observe a arte do Mazzuchelli: seus traços são imprecisos, sujos. Some a isso à brilhante paleta de cores que Richmond Lewis usou. Pronto. Você tem a exata sensação de que tipo de inferno Gotham City é. Em que esgoto de depravação moral James Gordon foi parar.

Na animação, essa sensação até existe, mas não é graficamente representada - você fica com essa impressão pelo desenrolar da trama, pelos diálogos, pela violência. Funciona? Funciona, mas acaba sendo menos eficiente porque é menos explícito. Compromete o filme? Não, de maneira nenhuma. Só incomoda um pouco, principalmente por causa da claridade (a animação é toda muito clarinha, limpa).


No fim, digo sem medo que BYO é mesmo a MELHOR adaptação que eu já vi. De longe a melhor, inclusive. Mas deixa uma pergunta: porque não fazem um trabalho assim, tão respeitoso e comprometido com as obras do velho Alan Moore? Garanto que ele não ia mandar tirarem o nome dele dos créditos...
Nota: 9 (mas a HQ é dez!)
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