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Reviewzão: As minorias no novo UDC! Parte 2: Homo e latinos!

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Se na primeira parte falei dos negros no novo UDC, agora é a vez dos latinos e da Batwoman, que é lésbicaa. Assim arrebatamos todas as minorias e... oh, wait!... Deixa eu pensar numa introdução melhor...



Começando pelos latinos, refaço o aviso:

Tem spoiler pra cacete!

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Besouro Azul (Blue Beetle #1, com roteiros de Tony Bedard e arte de Ig Guara)

Não é fácil ser Jaime Reyes. Ele tem que lidar com escola, família e todo o drama que vem de ser um adolescente. Também, ele está simbioticamente ligada a um escaravelho poderoso criado por uma raça alienígena conhecida como The Reach que procuram subjugar planetas - ou aniquilá-los. Isso até um herói adolescente transformar este instrumento de aniquilação em uma força para o bem.


O novo Besouro Azul é uma das apostas mais constantes da DC, mesmo antes do recauchute. O terceiro a encarnar o manto, Jaime Reyes vem para tentar conquistar o espaço que a DC até tem alguns representantes, mas sem muita firmeza: o de herói adolescente.
Com isso, sua HQ é bem típica - é um nerd meio frangote, gosta de uma garota com grana mas não tem a manha de chegar nela, é meio sacaneado pelos valentões (apesar de ter um amigo gangsta). Os únicos pontos que fogem disso são a inserção do escaravelho que lhe dá poder num cenário maior (o povo do Reach é até inimigo dos Lanternas Verdes desde muito tempo) e que já instaura o tom "moral" (na falta de uma palavra melhor) que ditará a série: como um adolescente conseguirá usar, para fazer o bem, um objeto criado para fazer o mal?

O problema é que esta edição acaba sendo um tiro no pé nos intentos da DC de firmar o novo Besouro como herói adolescente - ele não traz nada de novo a esse grupo. Sua vida "civil" não tem nada de interessante, nada de particular que chame atenção sobre ele. A parte REALMENTE interessante da história é o Reach: é a respeito deles que você fica instigado querendo saber mais. De Jaime... Dele nós já vimos nas HQ's do Homem Aranha...

Besouro Azul #1 é uma história de origem. Como o escaravelho surgiu, como veio parar na Terra e como cargas d'água chegou às mãos de Jaime Reyes. Neste último ponto inclusive, lembra um bocadinho a história do Nuclear, mas sem ser tão ruim quanto ela. Ao mesmo tempo, a edição consegue ser, no máximo, mediana.

E a próxima edição? Talvez. Ou não, muito pelo contrário.

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Voodoo (Voodoo #1, roteiros de Ron Marz e arte de Sami Basri)

Priscilla Kitaen acaba de descobrir que é um monstro. Um híbrido meio-alienígena, a mulher conhecida como Voodoo deve enfrentar os segredos de seu passado para tentar trazer sentido ao pesadelo que sua vida se transformou de repente.

De repentemente você não sabe, mas a Voodoo é uma personagem importada pela DC Comics. Sim, importada. Diretamente da Image. Assim como o Grifter (Bandoleiro), Voodoo é uma das criações de Jim Lee quando esteve na editora, e ela também integrava os Wildcats. É. Pode olhar aí!


Isso já foi o suficiente para que sua revista fosse recebida com cautela pelos nerds gordos e sebosos da Amérikka - Voodoo #1, da primeira leva de gibis do recauchute, foi a que obteve menos pedidos de pré-venda.

É interessante então que de todos esses gibis de minorias pós-relanche que eu li, o seu seja o mais bacana!

O veterano Ron Marz usa de alguns clichês (os agentes secretos investigando a protagonista), e às vezes é até didático (no diálogo do agente com Voodoo), mas consegue situar o leitor muito bem nesse início de trama, com uma personagem que deve ser tomada por desconhecida - ao menos para a maioria. Mais do que isso, Marz consegue instigar para a próxima edição. Sua Voodoo é misteriosa, ambígua, e você acaba sem saber se ela é, de fato, heroína ou vilã. Claro, isso funciona porque a personagem está sendo apresentada REALMENTE - é uma ambiguidade que não cola com o Superman, por exemplo, ainda que a primeira edição do gibi da Liga tenha tentado fazê-lo assim, de levinho.

O desenho de Basri é bacana - eu particularmente gosto bastante desse estilão linha-clara que ele, Cully Hammer e Josh Midleton, por exemplo, usam. Me agrada bastante.

E o próximo número? Uai, demorô já é!

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Batwoman (Batwoman #1, roteiros de J.H. Willians III e W. Haden Blackman, com arte de J.H. Willians III)

Em "Hidrology", parte 1 de 5, Batwoman enfrenta novos desafios mortais em sua guerra contra o submundo de Gotham City - e novos julgamentos em sua vida pessoal, como Kate Kane.

Quem ou o que está roubando as crianças do bairro, e para que vil propósito? Kate vai treinar sua prima, Bette Kane (aka Labareda), como sua parceira? Como ela vai lidar com revelações perturbadoras sobre seu pai, o coronel Jacob Kane? E por que uma agência governamental de repente tem interesse nela?


Achou esquisita a descrição acima? Assim como as outras neste post, foi extraída diretamente do The Source, o blog oficial da DC. O que se pode apreender dessa sinopse?

Algo muito simples.

Com revista própria no relanche, a Batwoman não tem porcaria nenhuma a ver com ele. A leitura da revista traz essa impressão, e a sinopse da editora confirma a sensação: o gibi da Batwoman passa pelo reboot como se nada tivesse acontecendo.

Sim, nós sabíamos que isso aconteceria com o universo do Morcego, mas admito alguma estranheza. Batwoman #1 não é uma história introdutória, não é uma história de origem - já começa dando tapa na cara da burguesia e você que acompanhe o ritmo, se quiser.

Por isso o título de melhor edição (de minoria) do reboot pertence a Voodoo e não à Batwoman: esta não é do reboot. É penetra!

Daí que falar que a edição é muito boa é bobagem, ela já estava assim antes, J.H. e Blackman só continuam com o bom tratamento que a personagem já vinha recebendo. E que tratamento! É difícil dizer exatamente qual a participação de J.H. Willians III nos roteiros, mas sua presença na arte é um desbunde - porra, ele desenha demais da conta! A página em que a Detetive Sawyer conversa com o comissário numa cena de crime ou a indicação (gráfica) do perdido relacionamento entre Kate e Renné Montoya são incríveis. Inclusive suas páginas são um verdadeiro manifesto anti-scan: lê-las na tela do PC quebra completamente o fluxo narrativo de suas (várias) páginas duplas.

E a próxima edição? Uai, mas com certeza, sô!

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Cara, e aí? No fim das contas, as outras minorias (no caso os latinos e a lésbica) se saíram muito melhor do que os negros no UDC. No caso da Voodoo, por exemplo (convém ressaltar que ela é transmorfa, e isso faz muita diferença), a característica étnica é um fato dado: ela é morena, latina, sexy e misteriosa. Pronto. É claro que o estereótipo da "latina ultra-sexy" está lá, como se só nós aqui, do sul dos EUA pra baixo, gostássemos de fazer o lance - mas enfim, é um daqueles estereótipos que poderiam render bons plots para a história, mas que poucos vão se dar conta. A mesmíssima coisa acontece com o Besouro Azul. Não, Jaime Reyes não é uma das 8th Street Latinas. O lance aqui é que sua "latinidade" também é fato dado, ainda que pese, em cores fortes, o latino gangsta, os carros banheirão, o narco-império... Isso sem falar dos patéticos vilões latin-lovers (La Dama, Rompe-Huesos... Faltou o Zorro, El Raposa, Nacho Libre...), mas, diferente do caso dos negros, não chega a ser "agressivo".



Eu não estou dizendo que o contexto onde (e como) vivem brancos e não-brancos, hetero e homossexuais é igual. Não é. Mas compare, por exemplo, o novo Aranha Ultimate da Marvel e o que a DC fez com o Nuclear. Quem foi mais feliz na representação?

Agora, o caso da Batwoman é um caso especial: a DC vem tratando a personagem MUITO bem. Sua ORIENTAÇÃO sexual é um fato dado e que, mais das vezes, é tratado com muito respeito. Diferente de uma Gail Simone (no Sexteto Secreto) ou de um Judd Winnick (em Renegados), na HQ da Batwoman não há cenas tórridas de sexo lésbico, nem a personagem é um poço de lascívia - Kate Kane convive com mulheres sem o pretexto de fazer sexo com elas. Assim como você não espera fazer sexo com toda mulher que convive e... Oh, droga! Desculpem, nerds.



Enfim, com Voodoo e Batwoman, a DC mostrou que sabe trabalhar MUITO bem com personagens "diferentes". O que falta é boa vontade e, principalmente, seriedade. Se com um pouquinho (quase nada) de esforço já temos os Besouro Azul e Batwing da vida, que estão quase lá...

/blogs/melhoresdomundo/2011/10/18/reviewzao_as_minorias_no_novo_udc_parte_/

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